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0066 | II Série A - Número 021 | 04 de Dezembro de 2004

 

Gil Vicente:
O aparecimento, no seu "Auto da Mofia Medes" do nome de Trancoso é, também, motivo para ligar o fundador do teatro português a esta terra. A famosa personagem refere-se-lhe, de modo evidente:
"Vou-se à feira de Trancoso,
Logo, nome de Jesu
(…)"

Padre João de Lucena:
Notável jesuíta, que nasce em Trancoso em 27 de Dezembro de 1549. Exerceu o mestrado em Évora e Roma e foi um dos maiores pregadores do seu tempo. Escreveu a "História da Vida do Padre Francisco de Xavier, e do que fizeram na Índia os mais religiosos da Companhia de Jesus", obra que foi traduzida em italiano, espanhol e latim, sendo considerada uma das mais clássicas da literatura portuguesa.

Gonçalo Anes Bandarra:
Este famoso sapateiro-profeta de Trancoso pode ser considerado uma das maiores figuras portuguesas de todos os tempos, já porque as suas "Trovas" são universalmente conhecidas e investigadas, já por se tornar num símbolo de uma época historicamente dramática para Portugal.

Gonçalo Fernandes Trancoso:
É, sem sombra de dúvida, o primeiro grande contista português, nascido em Trancoso, no século XVI e pertencente à famosa escola de Boccacio. Os seus "Contos de Proveito e Exemplo" são uma obra marcante na literatura portuguesa e, talvez, aquela que mais edições teve.

Padre António de Almeida:
Outro grande missionário jesuíta nascido em Trancoso, ainda no século XVI, cuja acção foi verdadeiramente notável. As suas cartas sobre as coisas da China, para o Padre Duarte de Sande, foram publicadas em italiano e espanhol e são tidas como brilhantes peças sobre a vida do oriente.

Afonso de Lucena:
Nascido em Trancoso, licenciou-se em Direito Civil na Universidade de Coimbra e vivia ainda no ano de 1611, segundo se pode saber. Foi jurisconsulto de nomeada e secretário e procurador da Duquesa de Bragança, D. Catarina, cujos direitos ao trono defendeu, tenazmente, através de uma famosa alegação, dirigida ao Rei-Cardeal D. Henrique, em 1579.

Francisco de Lucena:
Filho de Afonso de Lucena e também natural de Trancoso, foi Secretário de Estado de D. João VI. Por razões políticas, em especial por haver a suspeita que seu pai havia atraiçoado a Casa de Bragança, revelando segredos de D. Catarina e por ele próprio ter sido secretário de mercês, juntamente com Miguel de Vasconcelos, acabou por cair em desgraça, acusado finalmente, de cumplicidade na conjura contra o monarca. Depois de um processo duvidoso, é condenado à morte e degolado, em 28 de Abril de 1643. Julga-se de maior interesse o estudo desta figura, hábil na política e, especialmente, na diplomacia, cujo prestígio terá sido uma das causas da sua morte violenta.

Constantino de Sampaio:
Monge de Cister e prelado notável, que chegou a Arcebispo da Baía, no ano de 1675. Nascido em Trancoso, doutorou-se em Coimbra e, mercê das suas capacidades, foi nomeado geral da Ordem, em 1669. Quando se preparava para assumir as suas funções no Brasil, foi surpreendido pela morte, no Convento do Desterro, em 9 de Março de 1676.

Francisca da Conceição:
Freira e Madre do Convento de Santa Clara, existente em Trancoso, esta trancosense ilustre viveu nos séculos XVII e XVIII e morreu com cheiro de santidade, como é costume dizer-se. Deixou atrás de si uma aura tão grande que, em meados do século XVIII, se publica a obra Vida e Milagres da Madre Francisca da Conceição, de autoria do Dr. Manuel Saraiva da Costa.