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17 | II Série A - Número: 093 | 4 de Abril de 2009

Após a crise do Interregno de 1383-1385, a região de Montelavar terá vivido um momento próspero. As grandes obras no Paço de Sintra, levadas a cabo por D. João I, terão, muito provavelmente, utilizado mármore e mão-de-obra montelavarense, uma vez que Montelavar evoluiu bastante durante o século XV. Esse crescimento económico e social levou a que, nos finais de quatrocentos, se começassem a levantar as vozes dos locais, com vista a constituir Montelavar como cabeça de freguesia e paróquia autónoma.
Contudo, isso só terá acontecido no século XVI, sendo de admitir, como mais provável, que tenha ocorrido no ano de 1538. A campanha de obras no Paço de Sintra, efectuada pelo Rei D. Manuel I, deve ter contribuído para a melhoria de vida da população de Montelavar, nomeadamente para aqueles que se encontravam ligados ao ofício de canteiro, e esse crescimento deu força e autoridade à população para exigirem a desanexação da paróquia de Santa Maria e a criação de uma paróquia autónoma.
Datam do primeiro quartel do século XVI as obras da Igreja de Montelavar que, também por essa altura, muito provavelmente em simultâneo com a criação da paróquia e freguesia, deve ter mudado a epifania para Nossa Senhora da Purificação.
Actualmente, a igreja matriz tem uma fachada lateral com um curioso alpendre, ostentando ainda um relógio de sol datado de 1813. No interior, de uma só nave, destaca-se a capela-mor de traça manuelina. O harmonioso conjunto inicia-se no arco triunfal, gótico, decorado a rosetas, prolongando-se pela capela, forrada a azulejos do século XVII e coberta por uma abóboda de dois tramos, assente em mísulas. Nas paredes da nave correm lambris de azulejos tipo tapete. Conserva um altar a Nossa Senhora da Piedade datado de 1789.
Depois de larga querela e muitos documentos judiciais produzidos ao longo dos tempos, em 1517 a Rainha D. Leonor deu finalmente sentença definitiva sobre o casal de Sancha Martins, em Montelavar, que ela havia doado à Igreja de São Martinho de Sintra em 1354. Em 1538 foi efectuado o Tombo das propriedades pertencentes ao dito casal. Esta necessidade de identificar e medir as suas propriedades, por parte do vigário de São Martinho, poderá ter sido forçada pela constituição da nova paróquia de Montelavar. E se se atender ao elevado número de parcelas de terreno, courelas, serrados, casas, currais e hortas que constituem o legado, num total de 61, percebemos a importância económica que este representava.
3 — Da restauração à República: Durante a ocupação filipina, Portugal passou por um dos períodos mais obscuros da sua história. Com a corte em Madrid, o País adormeceu ao longo de uns penosos 60 anos, remetido ao estatuto dúbio de uma simples província espanhola, cujos efeitos se sentiram também no concelho de Sintra. Habituada ao fausto e às luzes da corte, nomeadamente durante as estações de veraneio, Sintra perdeu, de facto, muito do seu brilho. Por consequência, também o povo da região terá sofrido com essa ausência. Os agricultores viam na estadia dos nobres e do rei uma oportunidade excelente para venderem os seus produtos. Os artífices tinham trabalho garantido nas obras, quer do Paço Real quer nos palacetes e solares dos nobres que se instalavam em Sintra.
E nem a Restauração de Portugal, ocorrida a 1 de Dezembro de 1640, devolveu esse estatuto de vila realenga a Sintra. Os primeiros tempos foram de guerras contínuas com Espanha. O Paço de Sintra serviu, até, de prisão para o infeliz D. Afonso VI. Mas, apesar deste período de ocultação para todo o concelho, Montelavar manteve uma actividade ainda assim bastante interessante. Basta ver o «Tombo dos bens e fazemdas do hospital de montelauar», efectuado em 1680 pelo desembargador, ouvidor e provedor da Comarca de Alenquer, o doutor Gonçalo Vaz Preto. Através desse documento verifica-se que, apesar de uma certa anarquia na gestão desses bens, eles rendiam o suficiente para manter o hospital e a albergaria em funcionamento.
Em 1716, mais precisamente a 21 de Novembro desse ano, por ordem do Rei D. João V, o juiz de fora de Sintra, Damião Correia Leitão, dá conta dos lugares existentes no concelho. No que respeita à freguesia de Montelavar, diz assim o documento:

«Freguezia de Montelavar tem os lugares seguintes: Monte Lavar: Masceyra; Arrebanque; Anssos; Outeiro; Façam; Cortegassa; Mourellena; Palmeyros; Pero pinheiro; Abremum; Ribeira do farello; Barreyro; e os casaiz seguintes: Hermida; Cabessa; Abigueria; Os gosmoz; Das vivaz; Granja dos Serroens; Condado:»

O século XVIII voltou a ser um período importante para os montelavarenses e, de novo, por intermédio das obras reais, desta feita a construção do grandioso palácio-convento de Mafra. De facto, muitos foram os

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