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II SÉRIE-A — NÚMERO 21 28

continuem a contribuir para a qualidade e excelência do Serviço Nacional de Saúde.

A importância deste Centro Hospitalar é histórica, tanto na formação de profissionais de saúde como no

desenvolvimento de técnicas avançadas e pioneiras no nosso País. Exemplo disso são os Serviços de

Transplante Hepático (Hospital Curry Cabral), Transplante Pulmonar (Hospital Santa Marta), Queimados

(Hospital de São José), Oftalmologia (Hospital de Santo António dos Capuchos) e a Maternidade Alfredo da

Costa, entre outros.

Assim, e tendo presente que o CHLC está muito longe de ser uma instituição que apenas sirva a população

de Lisboa, constituindo-se como Centro de Referência para inúmeras especialidades, dando apoio e prestando

cuidados a Utentes de grande parte do território nacional, a possibilidade do seu encerramento, total ou parcial,

deve ser encarada com a maior preocupação e combatida firmemente.

A ideia da construção de um novo Hospital em Lisboa é antiga e tem sofrido grandes alterações ao longo do

tempo. O que começou por ser um projeto de substituição do CHLC (conjuntamente com a construção de outras

unidades na zona metropolitana de Lisboa), respeitando a capacidade aí instalada, rapidamente se transformou

num projeto de muito menor dimensão, muito pressionado por interesses imobiliários existentes na Colina de

Santana.

Sendo facto que são necessárias mais camas e maior capacidade de resposta hospitalar na cidade de

Lisboa, não é menos certo que esta esteja intimamente ligada à capacidade do SNS na restante Área

Metropolitana. Importa também garantir a construção há muito exigida pelas populações, mas nunca

concretizadas, dos Hospitais do Seixal e Sintra e garantida uma resposta adequada do Hospital de Loures às

populações sob a sua área de influência.

II

O anterior Governo do PSD/CDS assumiu como prioridade a realização de uma reforma hospitalar. Apesar

de não sustentar essa reforma em qualquer documento ou estudo, na verdade e sobretudo a partir de 2013

foram sucedendo profundas alterações nomeadamente no Médio Tejo, no Oeste, em Coimbra, no Algarve e em

Lisboa, designadamente com a integração da Maternidade Alfredo da Costa e do Hospital Curry Cabral no

Centro Hospitalar Lisboa Central, com a concentração de algumas especialidades nas urgências no período

noturno, redução da capacidade instalada e encerramento de camas.

Também, no referido período, se operou uma significativa redução de Recursos Humanos, atingindo

proporções verdadeiramente dramáticas, que continua hoje por resolver.

Todas estas alterações foram impostas à margem das populações e dos profissionais de saúde e suas

estruturas representativas e das autarquias. Não houve um amplo processo de discussão com os diversos

intervenientes.

Nos últimos anos foram dados significativos passos no sentido da privatização dos hospitais públicos, com a

introdução do modelo de gestão empresarial, onde a vertente economicista e de mercantilização da saúde ganha

uma maior dimensão, enquanto a vertente clínica é progressivamente desvalorizada. Primeiro foi a constituição

dos hospitais como sociedades anónimas (SA), depois vieram as entidades públicas empresariais (EPE) e

simultaneamente foi-se desenvolvimento do modelo de gestão clínica em parcerias público privadas (PPP).

Ao fim de uma década de gestão hospitalar empresarial, verificamos que nenhum dos objetivos foi alcançado.

A dívida continuou a aumentar e a gestão por gestores da confiança política do Governo ou gestores de

empresas privadas não trouxeram vantagens nem melhoria na gestão hospitalar.

Para além disso, a transformação dos hospitais públicos do SNS em entidades SA ou EPE possibilitou em

grande linha a retirada de direitos aos trabalhadores e contribuiu para a desregulamentação das carreiras dos

profissionais de saúde, elemento essencial para o desenvolvimento do SNS. Foram introduzidos os contratos

individuais de trabalho com condições de trabalho diferentes dos contratos de trabalho em funções públicas,

foram implementados regimes de trabalho de 40h e reduziu-se remunerações, entre outros.

A qualidade e a eficiência dos serviços públicos de saúde exigem uma correta planificação da rede hospitalar,

que cubra a totalidade do território e com capacidade de resposta face às necessidades das populações, sem a

ponderação de critérios mercantilistas. Para cumprir este objetivo e direito constitucional só o SNS está em

condições de garantir a universalidade, a acessibilidade e a qualidade e eficiência dos cuidados de saúde

prestados às populações.