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II SÉRIE-A — NÚMERO 155 34

A globalização encontra nas escalas metropolitanas e cidades os principais nós de amarração e

articulação das suas redes, sublinhando as interdependências entre vários subsistemas territoriais à

escala internacional e criando uma geografia global de redes entre cidades. O crescente processo de

digitalização e desmaterialização acentua os fluxos e redes globais, o que representa uma oportunidade para

as cidades atraírem empresas internacionais, desenvolverem nichos de especialização e complementaridades

globais, desempenhando um papel importante no processo de globalização. Neste processo de formação de

uma nova geografia de centralidades, as cidades devem reforçar o papel de principais nós de articulação de

dois tipos de dinâmicas. Por um lado, as relações com o sistema regional, funcionando as cidades como centros

de spillover regional e, simultaneamente, beneficiando da ampliação da densidade das múltiplas camadas de

complementaridades regionais diferenciadoras. Por outro lado, num quadro de elevada competitividade externa,

o reforço da dinâmica das relações com o sistema internacional, ampliando as trocas multidimensionais,

alargando as escalas geográficas de penetração das suas redes e posicionando-se face à crescente competição

global entre cidades.

Centrando a atenção nas relações com o sistema internacional, as cidades devem-se posicionar, em

termos económicos, dentro das cadeias de valor globais, das cadeias de fornecimento globais, das redes

globais de comércio, dos sistemas globais de inovação, das redes globais de investidores, talento, mercados de

trabalho ou associações profissionais. Mas a dimensão social também é necessária, daí que devem igualmente

posicionar-se nas redes globais de organizações intergovernamentais e não-governamentais, arte, cultura,

património, turismo, ambientais, direitos humanos, entre outras. Simultaneamente devem identificar as

complementaridades diferenciadoras que lhes permitam emergir face a esta competição multidimensional global

das cidades. Para tal, devem manter e gerar conectividades com os circuitos globais, proporcionar ambientes

de negócio e níveis de qualidade de vida atrativos à escala internacional, facilitar a conectividade social e reforçar

as externalidades positivas (materiais e de recursos humanos) que leve ao reforço da sua imagem e reputação,

aumentando a sua centralidade e capacidade de articulação na rede global de cidades.

A organização do espaço europeu estrutura-se em torno de um conjunto de grandes cidades e regiões

metropolitanas que têm uma posição central no sistema urbano global. As cidades portuguesas são, no

entanto, cidades com uma dimensão relativamente pequena quando comparadas com as grandes metrópoles

mundiais. Em termos estratégicos, é importante aumentar o número de cidades portuguesas de dimensão

europeia, com capacidade de inovação e polarização do desenvolvimento económico, social e cultural. As

cidades melhor conectadas e mais inseridas em redes supranacionais são as portas de acesso ao mundo global.

Em Portugal, as duas áreas metropolitanas e as principais cidades precisam de desenvolver

estratégias solidárias com as regiões envolventes tendo em vista fortalecer a sua competitividade e o

posicionamento internacional. Trata – se de consolidar um conjunto de cidades que, simultaneamente,

estruturem o território nacional e o projetem externamente. Para melhorar a relevância destes contextos urbanos

é necessário estimular processos de inovação, promover redes de cooperação e fomentar dinâmicas de

crescimento a partir da presença em mercados e espaços de decisão supranacionais, tornando as cidades

portuguesas rótulas de internacionalização, competitividade e coesão de toda a base territorial do País.

As metrópoles e as principais cidades portuguesas concentram também os recursos institucionais,

infraestruturais e humanos mais qualificados, podem também assumir-se como nós urbanos estratégicos e

parte integrante das redes colaborativas à escala transnacional (nomeadamente à escala

transfronteiriça), desenvolvendo funções económicas de valia internacional, atraindo investimento,

localizando equipamentos de referência e oferecendo um quadro de vida diferenciador e atrativo. As

atividades de investigação e desenvolvimento, a experimentação, a formação avançada, o empreendedorismo

e o desenvolvimento de novos negócios, bem como a internacionalização e a projeção global das empresas,

dos equipamentos e serviços, das universidades e centros de investigação e das próprias cidades,

desempenham aqui um papel central. Nas cidades transfronteiriças pode-se criar um modelo de ensino que

permita a partilha de culturas e métodos de ensino entre alunos e professores.

Por outro lado, a diplomacia urbana, isto é, o desenvolvimento de canais e práticas sistemáticas de

cooperação e intercâmbio entre cidades de diferentes países, pode desencadear processos de

aprendizagem a partir de experiências externas e fortalecer as capacidades urbanas necessárias para

impulsionar redes em torno de temas estratégicos para as regiões onde se inserem e para o País.