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II SÉRIE-A — NÚMERO 110

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M1 | Mudanças Ambientais e Climáticas

Introdução

As alterações climáticas de origem antropogénica são uma evidência científica. Entre 2005 e 2014 as

emissões globais de gases com efeito de estufa seguiram a trajetória do cenário mais pessimista definido

pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). O «The Global Risks Report 2017» (WEF 2017)

identifica os eventos climáticos extremos, a falta de água, os grandes desastres naturais e as falhas na

mitigação e adaptação às mudanças climáticas entre os principais riscos globais em termos de impacto

sobre a vida e a atividade humana.

Nas políticas de mitigação, Portugal comprometeu-se a garantir a neutralidade das suas emissões até ao

final da primeira metade do século XXI (2050), numa trajetória de redução de gases com efeito de estufa a

longo prazo, em linha com os objetivos europeus. Reconhece-se atualmente que a mitigação não é suficiente

para lidar com as mudanças do clima. Assim, é fundamental reforçar a adoção de medidas de adaptação.

A tendência mostra que o aumento da temperatura, conjuntamente com a alteração dos padrões da

precipitação e a subida do nível médio do mar, são as principais manifestações das alterações climáticas em

Portugal. Agravados pelo aumento de eventos meteorológicos extremos, os efeitos das alterações climáticas

vão ter expressões territoriais muito diferenciadas.

Fatores

I. Aumento da temperatura

Todos os cenários e projeções preveem um aumento significativo da temperatura média em todas as

regiões de Portugal até ao fim do século. Até 2040, no continente, projetam-se aumentos da temperatura

máxima no verão entre 0,5º C na zona costeira e 2º C no interior, valores que podem chegar até aos 3º C e

7º C, respetivamente, em 2100. Esta variação é acompanhada por um incremento da frequência e intensidade

de ondas de calor. Nas Regiões Autónomas, os aumentos de temperatura deverão ser mais moderados para o

final do século, podendo variar entre os 2º C e os 3º C na Madeira, enquanto para os Açores os aumentos

estimados são entre 2,5º C e 3,2º C.

II. Alteração dos padrões de precipitação

No que se refere à precipitação, a incerteza do clima é substancialmente maior. No entanto, quase todos os

cenários projetam a redução da precipitação em Portugal continental durante a primavera, verão e outono,

podendo essa redução atingir 20% a 40% da precipitação anual atual no final do século (devido a uma redução

da duração da estação chuvosa), com as maiores perdas a ocorrerem nas regiões do sul. Os períodos de seca

poderão ser mais recorrentes e intensos. Na Madeira, estima-se igualmente uma importante redução da

precipitação anual, até cerca de 30%, bem como alterações significativas na sua variabilidade interanual e

sazonal, circunstâncias agravadas pela limitada capacidade de retenção hídrica. Nos Açores, as projeções não

indicam uma tendência clara, no entanto poderá ocorrer uma ligeira tendência de aumento no inverno, até 10%,

e de diminuição no verão.

III. Subida do nível médio do mar

Em termos mundiais o nível médio das águas do mar tem subido mais rapidamente nos últimos anos do

que nas décadas anteriores. Em Portugal, com base no marégrafo de Cascais, registaram-se subidas do

nível médio do mar (SNM) de 2,1 mm/ano entre 1992 e 2004 e 4,0 mm/ano entre 2005 e 2016, seguindo a

tendência global. Nos Açores, a subida poderá atingir um metro até ao final do século. Portugal tem uma orla

costeira sujeita a elevada pressão urbana e uma extensão apreciável de litoral baixo e arenoso e baixo rochoso

em situação crítica de erosão. Este fator é potenciado pela perspetiva futura da ocorrência mais frequente de