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12 DE JUNHO DE 2019

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No horizonte temporal de pouco mais de duas décadas, o efeito conjugado do aumento da temperatura média

anual e da diminuição da precipitação média anual representa uma alteração significativa das condições

climáticas, tornando premente a necessidade da sua ponderação nas opções de ocupação e gestão do território,

quer nos usos do espaço rural quer do espaço urbano. Os impactos regionais são também claramente

diferenciados. Acrescida preocupação será de considerar para o espaço urbano, em zonas costeiras, atendendo

à subida estimada do nível médio do mar.

Conclusão

Os fatores de mudança associados às alterações climáticas evidenciam que Portugal terá em 2030

um território mais vulnerável. O vale do rio Tejo poderá marcar uma divisão entre o país homogeneamente

mais quente a sul e o de temperatura mais moderada a norte. A redução da precipitação estará presente em

todo o país, com relevantes perdas a sul, exceto nos Açores onde se prevê um ligeiro e generalizado aumento

da precipitação. As disponibilidades de água no território levantarão desafios infraestruturais a todas as escalas

geográficas, implicando uma maior necessidade de rentabilização e eficiência das infraestruturas e da gestão

para suprir períodos de seca, que tenderão a ser mais frequentes. O acesso generalizado a recursos naturais

tenderá a ser mais oneroso e a procura de soluções de proximidade e de circularidade associadas a novos

modelos de negócio mais sustentáveis poderá influenciar a organização do território.

Portugal deverá estar a meio do seu caminho para garantir a neutralidade das suas emissões (até ao

final da primeira metade do século XXI – 2050), pelo que deverá organizar os territórios de forma a que

contribuam para este objetivo de acordo com as suas capacidades (soluções de mobilidade, eficiência

energética e redução de emissões associadas às áreas urbanas; captura de CO2 em áreas rurais).

Será um país que deverá estar mais preparado para eventos extremos, onde os riscos poderão ser

acrescidos e onerosos quer em áreas urbanas (ondas de calor, inundações, erosão costeira) quer rurais

(incêndios florestais, perda da biodiversidade, redução de produtividade agrícola), sendo fundamental assegurar

soluções de organização do território orientadas para o aumento da resiliência dos sistemas naturais, agrícolas,

florestais e das comunidades, salvaguardando nomeadamente a sustentabilidade e a conetividade da

paisagem, e a soberania alimentar.

M2 | Mudanças Sociodemográficas

Introdução

As mudanças demográficas são um dos principais desafios atuais e futuros. Nos últimos anos, a

sociedade portuguesa tem vindo a sentir as repercussões das alterações demográficas, tanto em termos sociais,

económicos e políticos como territoriais. As dinâmicas demográficas são um dos principais modeladores da

sociedade, assumindo um importante papel na configuração dos territórios e, por isso, devem estar no centro

da reflexão das políticas públicas.

No contexto europeu, Portugal manifesta uma situação preocupante devido à tendência de perda de

população em resultado dos saldos naturais e migratórios. Em todos os cenários, as previsões apontam

para uma contínua perda de população, que terá implicações em diversos setores da sociedade e da economia.

Face a estes cenários, o país terá de se preparar, adaptar e reagir.

As implicações da evolução da população nas próximas décadas têm de ser entendidas numa perspetiva

global, de modo a identificar-se todas as tendências que lhe são inerentes e responder aos diferentes fatores

críticos que se vão colocar, nomeadamente em termos territoriais.

As tendências mostram que o crescimento natural continuará em quebra, as estruturas demográficas e

familiares estarão em mutação, os padrões de vida e as dinâmicas profissionais irão alterar-se e os movimentos

migratórios possivelmente vão-se intensificar. Estes fatores terão implicações ao nível das necessidades de

equipamentos e serviços, na oferta e procura de habitação, no mercado de trabalho, na pressão sobre os

sistemas sociais e nos modelos de ocupação do território devido sobretudo ao crescimento negativo da

população, ao envelhecimento e à diminuição dos ativos.