O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 37

16

mantêm, nomeadamente com os trabalhadores, com as respetivas sedes e os encargos inerentes, pondo a

sobrevivência de muitas destas associações e coletividades, em causa.

É inegável o serviço que estas entidades prestam às populações, da mais pequena aldeia, até à capital.

Elas são ainda, uma expressão riquíssima e muito abrangente da participação cidadã. Mas com a situação

instalada, o futuro de muitas destas associações está dependente de uma urgente e eficaz intervenção por

parte do Governo em coordenação com as Autarquias Locais. No universo dessas associações, encontra-se a

Casa do Alentejo.

A Associação Regionalista Casa do Alentejo, fundada em 1923, tem desde 1932 a sua sede no magnífico

Palácio Alverca, na baixa pombalina, onde, para além de espaço de convívio da diáspora alentejana,

desenvolve uma atividade riquíssima de representação e promoção do Alentejo, divulgando a sua cultura e

património, dando voz e espaço às mais diversas expressões artísticas, culturais, económicas e sociais de

cada município alentejano e desta vasta região, no seu todo. Um espaço que se assume e é reconhecido

como uma verdadeira «Embaixada do Alentejo».

Mas a Casa do Alentejo tem outra especificidade, no quadro das associações do mesmo tipo, ela é um

marco de referência, na visitação da cidade de Lisboa, para o turismo internacional. Esta vertente da Casa do

Alentejo surgiu logo com o 25 de Abril, momento em que as suas portas se abriram para todos, e desde então

não parou de crescer, até à pandemia de COVID-19.

A atração turística da Casa do Alentejo, que está ao nível de muitos outros espaços históricos

emblemáticos da capital, deve-se essencialmente a três fatores: o prestígio e qualidade da gastronomia

alentejana, o interesse pela singular história e cultura do povo alentejano, factor que engrossou com a

classificação do Cante pela UNESCO, em 2014, como Património da Humanidade, e obviamente, à riqueza e

beleza arquitetónica e artística do Palácio Alverca, palácio seiscentista, classificado como monumento de

interesse público (2011), atendendo ao valor patrimonial e cultural de significado para o País.

Este palácio urbano, de inícios do século XVII, edificado entre dois troços da muralha Fernandina, desperta

grande curiosidade, para os turistas, pelo acentuado contraste que apresenta entre o rigor maneirista de

volume e fachadas com a exuberância da decoração romântica do interior, onde predominam motivos exóticos

eclécticos, de matriz neo-árabe, neogótica, neo-renascença e neo-rococó, de alguns dos mais conceituados

artistas das duas primeiras décadas do século XX. O Palácio Alverca integra ainda, um conjunto de painéis de

azulejos de grande riqueza cromática do Ciclo dos Mestres, do século XVII, bem como uma prolixa decoração

azulejar da autoria de Jorge Colaço, que assumem especial relevância na história das artes decorativas em

Portugal.

A remodelação efectuada entre 1917 e 1918, sob a direcção do arquitecto Silva Júnior, para aí instalar em

1919 o Magestic Club veio reforçar, com um cunho cosmopolita, o interesse arquitetónico do palácio que ainda

hoje permite testemunhar o que foi um dos maiores e mais luxuosos clubes masculinos nocturnos de Lisboa;

Como tal, é justo afirmar que este palácio é só por si, devido aos constantes cuidados e intervenções de

manutenção e restauro que necessita, outra fonte de despesa não desprezível que tem merecido um grande

esforço da Direção da Associação da Casa do Alentejo e pesa nas despesas da Casa do Alentejo.

Podemos dizer sem nenhuma dúvida que a Associação Casa do Alentejo, tem assumido plenamente, com

a sua dinâmica atividade, o papel de «Embaixadora do Alentejo», mas tem ido muito mais além, tendo

conquistado um lugar de destaque nos espaços histórico-culturais e grande atração turística da Capital.

Sucede, que desde março 2020, com a pandemia de COVID-19, a situação mudou radicalmente. As

despesas passaram a cavalgar muito à frente das receitas que atingem uma quebra de cerca de 84%, devido

sobretudo à quebra do turismo e com ele da atividade de restauração. A Casa do Alentejo tem tentado manter

a atividade possível, seja ela cultural ou recreativa, seja garantindo o serviço de restauração e bar dentro das

regras impostas pela DGS, ou ainda o aluguer dos espaços, mas as receitas ficam muito aquem do

necessário. Como tal, a Casa do Alentejo,ciente das suas responsabilidades sociais, viu-se obrigada a recorrer

a todos os mecanismos de apoio disponíveis, nomeadamente ao layoff e à contração de um empréstimo de

400 mil euros com o aval do Estado, para salvar os 32 postos de trabalho atuais, tendo estes já sido 44 antes

da pandemia. Mas o alongar desta situação por tempo indeterminado, leva a direção da Casa do Alentejo a

considerar muito difícil prolongar para além de janeiro esta situação e a cumprir os objectivos desta

Colectividade.