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II SÉRIE-A — NÚMERO 145

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É urgente a adoção de uma Política de Recuperação da Aprendizagem, direcionada às reais necessidades

dos alunos, sendo igualmente essencial fazer uma avaliação do nível de desenvolvimento académico em que

estes se encontram e, sobretudo, aferir quais as suas carências e inadaptações emocionais e psicológicas, fruto

das condições a que foram submetidos.

O progresso escolar dos alunos portugueses tem sido bastante dificultado desde que a pandemia atingiu o

país. Dia 16 de março de 2020, Portugal suspendeu as aulas presenciais e manteve o ensino à distância até ao

final do ano letivo, com exceção para os alunos do secundário que realizaram exames nacionais para acesso

ao ensino superior. Com a chegada da terceira vaga da pandemia, assistimos novamente a mais restrições das

liberdades e à interrupção de um dos mais preciosos bens para o indivíduo e sociedade: a educação. Portugal

foi um dos países que mais tempo teve as suas escolas básicas encerradas para ensino presencial.

Fonte: OCDE/UIS/UNESCO/UNICEF/WB Special Survey on COVID March 2021.

Precisamos de recuperar o que foi perdido com as medidas de suspensão das atividades letivas presenciais.

O impacto do fecho das escolas nas aprendizagens dos alunos é um dano geracional relevante que importa ser

uma prioridade para ultrapassar como sociedade. Seja com o conhecimento histórico e de políticas públicas,

seja com os estudos realizados por outros países, cedo na corrente da pandemia se concluiu sobre o atraso nas

aprendizagens. Veja-se por exemplo a Inglaterra que, após o primeiro confinamento, alunos do «Year 2» (6-7

anos de idade) tinham 2 meses de atraso na aquisição de competências quando comparados a alunos de anos

anteriores, ou na Holanda, considerado o país com maior acesso à internet no mundo, que reportou que,

aquando do primeiro confinamento de 8 semanas, os estudantes saíram com uma perda de conhecimentos

equivalente a um quinto do ano letivo.

Portugal pecou pelo atraso no reconhecimento deste impacto, agravado pelo tardio reconhecimento de que

os maiores prejudicados são os alunos mais novos e, em particular, de contextos socioeconómicos mais

desfavorecidos. Se isto é danoso para qualquer país, num país repetidamente mal posicionado nos rankings da

OCDE de mobilidade social, é um dano que amplifica desigualdades sociais.

No estudo «Educação em Tempos de Pandemia» da Universidade do Minho, analisou-se a percentagem de

alunos que participaram diariamente em atividades escolares a distância. Os professores e alunos de escolas

de meio rural reportam mais problemas técnicos do que professores e alunos de escolas de meio urbano ou

semiurbano. No mesmo sentido, mas ainda mais relevante, quando se aprofunda a participação dos alunos na

Educação à distância (EaD) por nível socioeconómico (NSE) Baixo/Médio/Alto, a discrepância é gritante: 85%

dos alunos com NSE Alto participam em mais de 91% das atividades de EaD – este número compara com os

alunos de NSE baixo onde apenas 42% dos alunos participam em mais de 91% das atividades de EAD.