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II SÉRIE-B — NÚMERO 32

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PETIÇÃO N.º 106/XIII (1.ª)

APRESENTADA PELA PLATAFORMA EM DEFESA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE ÁGUA,

SANEAMENTO E GESTÃO DE RESÍDUOS, SOLICITANDO À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA A

MANUTENÇÃO DESTES SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS AO PAÍS E ÀS POPULAÇÕES

O anterior governo PSD/CDS, prosseguindo aquele que foi sempre o seu objetivo, entregar os serviços

públicos de águas e resíduos aos grupos privados, vendeu a Empresa Geral do Fomento (EGF), ao consórcio

liderado pela SUMA/Mota-Engil, um negócio escandaloso que criou um monopólio privado de resíduos sem

paralelo na Europa, com gravíssimas consequências e perigos para o ambiente e a saúde, e impôs a fusão dos

sistemas multimunicipais de água e saneamento, criando três mega empresas, a Águas de Lisboa e Vale do

Tejo - concessionada à EPAL, a Águas do Norte e a Águas do Centro-Litoral (mantendo-se a Águas Públicas

do Alentejo e a Águas do Algarve), abrindo assim caminho à privatização e à transformação da água, bem

essencial à vida, num negócio.

Para concretizar estas medidas, rejeitadas por toda a oposição parlamentar, assim como pela generalidade

dos autarcas, populações e trabalhadores, o governo desprezou as autarquias, violou leis e contratos, como

ficou patente na privatização da EGF, em que os municípios foram impedidos de participarem no processo de

venda, apesar das suas posições enquanto acionistas e fornecedores dos sistemas de resíduos, e no caso das

fusões das águas, obrigou os municípios, mesmo contra a sua vontade, a integrarem as novas empresas e

abrindo a porta à participação ao capital privado nestes sistemas que pode ir até aos 49%.

Como resultado, os municípios foram afastados da gestão da EGF e dos sistemas multimunicipais de águas,

mantendo-se como acionistas, clientes e pagadores de serviços, cuja rentabilidade está sempre assegurada

pelo Regulador, a ERSAR, que tem agora o poder de definir as tarifas, à revelia das autarquias, segundo a

«recuperação total dos custos», o que levará a um aumento generalizado dos preços da água e resíduos.

Aumentos que terão fortes repercussões na vida de milhões de portugueses, num quadro em que, fruto da

política de empobrecimento, são muitas as famílias que não conseguem pagar a conta da água.

Sobre os trabalhadores recaem consequências igualmente graves: redução de postos de trabalho (como

apontam os planos da Suma para a EGF e os vários estudos de viabilidade económica dos mega sistemas, caso

da AdLVT), isto apesar de o número de trabalhadores ser insuficiente para assegurar um serviço público de

qualidade; imposição de mobilidade geográfica; degradação nas relações de trabalho com o aumento da

precariedade e da subcontratação e o desrespeito pela contratação coletiva.

Por tudo isto, os peticionários, na defesa dos serviços públicos de água, saneamento e resíduos, na

salvaguarda do bem-estar das populações, dos direitos laborais, das atribuições e competências das autarquias,

exigem à Assembleia da República a tomada de medidas que garantam:

— A reversão da privatização da EGF, condição essencial para garantir uma política de resíduos norteada

por razões ambientais, pela defesa do interesse público e não pelo lucro;

— A reversão do processo de fusão dos sistemas multimunicipais de águas e saneamento respeitando os

princípios da autonomia local, da subsidiariedade e da descentralização, assegurando a proximidade dos

serviços como fator de coesão económica e social do território;

— O reforço e a valorização das atribuições e competências municipais na prestação dos serviços de água,

saneamento e resíduos, mediante a afetação dos correspondentes meios financeiros, humanos e técnicos, para

dar resposta às necessidades e anseios das populações;

— O apoio aos municípios na renegociação e eventual remunicipalização das concessões municipais de

águas, saneamento e resíduos;

— Uma política de preços e tarifas que assegurem a todos o acesso a estes serviços em condições de

igualdade e que não penalize ainda mais as famílias e as populações;

— A defesa dos postos de trabalho, dos salários, dos direitos e da melhoria das condições de trabalho,

assegurando a valorização social e profissional dos trabalhadores destes sectores.

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