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22 DE DEZEMBRO DE 1988

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Desejo, em particular, pôr em relevo a problemática das comunicações, já que só um esforço de planeamento comum pode ultrapassar condicionalismos geográficos e eliminar o cortejo de desvantagens, que acarretam as condições de periferia. Boas comunicações são condição essencial do desenvolvimento e de aproximação.

Paralelamente, temos assistido a um espectacular crescimento dos nossos laços económicos, sendo este ano a Espanha o primeiro fornecedor de Portugal, ocupando o segundo lugar na lista dos investidores e o quarto na dos seus clientes, enquanto Portugal é já o sexto cliente da Espanha. Esperamos ainda maior desenvolvimento das trocas comerciais e das respectivas balanças.

No plano cultural é também patente uma evolução positiva. É, para nós, extremamente grato constatar o crescente interesse espanhol pela cultura portuguesa, que se tem reflectido numa presença mais viva, em Espanha, de traduções de autores portugueses e no interesse crescente pelo intercâmbio entre os artistas dos nossos dois países no domínio das artes plásticas.

Ao nosso nível, no cumprimento das responsabilidades que incumbem às instituições parlamentares, num espírito de amizade e respeito mútuo, muito há a fazer ainda para um maior estreitamento dos laços de compreensão e entendimento entre os nossos dois povos e contribuir para a concretização das inúmeras perspectivas que o futuro nos oferece.

O aprofundamento da cooperação a nível político, da cooperação no âmbito das instituições internacionais de que hoje somos ambos partes integrantes — a CEE, a NATO, a UEO — , e o intercâmbio cultural e económico são temas essenciais de reflexão e debate para as Comissões que, hoje mesmo, iniciam os seus trabalhos.

Nessa tarefa imensa, os Parlamentos dos nossos dois países saberão dar, estou certo, o mais criativo e profícuo contributo para a melhoria dos contactos bilate-rias e multilaterais entre os Estados dentro de um espírito de vantagens recíprocas e no respeito pela soberania de cada um.

Assim, caminharemos para a modernização das nossas sociedades, para uma maior aproximação entre os povos, que nos conduzirá ao progresso, à paz e ao desenvolvimento, aspirações últimas dos homens.

Embora as tarefas que as nossas duas Comissões Parlamentares agora se propõem tenham uma grande dimensão e alcance, temos desde já a garantia de que elas virão a ser cumpridas, dada a qualidade e o prestígio dos membros que as integram e ainda o empenho manifestado pelos nossos dois Parlamentos na sua concretização.

Estou, pois, seguro de que do vosso trabalho resultará mais um passo positivo no caminho de um conhecimento mútuo das nossas duas realidades. Através de um esforço comum, fomentaremos uma melhor cooperação, de que seremos beneficiários.

Neste contexto, gostaria de fazer um referência à vantagem de incrementar a cooperação transfronteira, através da presença de deputados nas Comissões oriundas de áreas raianas, a fim de, juntos, proprocionarmos um maior e mais equilibrado desenvolvimento dessas zonas, que são, temos que o reconhecer, relativamente deprimidas.

Desejo-lhes, pois, um trabalho profícuo e útil, que será o estreitar dos laços entre os nossos dois povos, entre as Cortes Espanholas e a Assembleia da República, para um futuro mais risonho para espanhóis e portugueses.

Peço-lhes, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que aceitem uma muito especial saudação à continuação e ao

aprofundamento das relações entre a Espanha e Portugal, saudação a V. Ex.a, Sr. Presidente, e, na sua pessoa, a todo o povo espanhol.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente do Congresso de Deputados de Espanha (Don Felix Pons Irazazabal): — En nombre propio y de la Delegación del Congreso de los Diputados de España quiero agradecerle sus palabras, su cordial bienvenida y el interés que ia Assembleia de la República ha puesto en la organización de este encuentro, al que ha querido rodear de la solemnidad y dignidad que su significado merece.

Pero casi al mismo tiempo que nuestra gratitud, quiero expresar nuestra satisfacción por llegar a este momento de las relaciones entre nuestros dos Parlamentos, es decir a un momento de singular relieve en las relaciones hispano-portuguesas. Hemos tardado mucho en llegar a este dia. Más de diez años han transcurrido desde el restablecimiento de nuestras instituciones parlamentarias representativas y varios años han pasado desde que se acordó establecer esta relación privilegiada entre nuestros dos Parlamentos. Pero la circunstancia de esta tardanza no debe interpretarse, al menos desde la prespectiva española, como el resultado de haber atendido otros intereses prioritarios en nuestras relaciones parlamentarias. Portugal es nuestro interés prioritario y esta es la primera delegación parlamentaria mixta estable y operativa que el Congreso de los Diputados crea con outro parlamento.

Esta es, por tanto, una delegación excepcional. Excepcional por ser la primera que el Congreso de los Diputados ha creado. Excepcional porque nuestras relaciones son excepcionales: ningún país puede ocupar en las relaciones internacionales de España el lugar que ocupa Portugal y me atrevo a decir sin riesgo de ser desmentido que ese mismo carácter único y singularísimo se predica en Portugal de la relación con España.

Pero, por último, esta delegación es también excepcional por su composición. No sólo por la calidad humana y política de sus miembros, que me honro en evocar en este momento, sino por la peculiaridad de sus elevadas responsabilidades em sus respectivos grupos y partidos, por el relevante papel que juegan en la vida política de nuestro país y por la selección de sus representaciones territoriales. Si me permite la expresión, Señor Presidente, le diré que esta es una delegación de lujo. He puesto un gran empeño personal en que fuese así y confieso sentirme orgulloso del resultado de mis esfuerzos. Es difícil que el Congreso de los Diputados vuelva a crear una delegación de estas características. Pero tenia que ser así, porque está llamada a jugar un importante papel en un ámbito irrepetible.

Creo, Señor Presidente, que podemos afirmar sin caer en retórica alguna, que en los últimos tres años se ha producido un flujo de comunicación, um intercambio de visitas, un interés mutuo, muy superior al que tuvo lugar en los tres últimos siglos y es una feliz casualidad que el devenir histórico nos haya permitido a quienes ocupamos ahora puestos de representación política en nuestros países, el protagonizar este gozoso reencuentro entre nuestros pueblos.

Y no se trata solamente de palabras. Durante demasiados años españoles y portugueses se protegieron con murallas de palabras para ocultar el clamoroso vacío de los hechos. Pero ahora, felizmente y ya para siempre, los hechos superan con mucho a las palabras: cinco cumbres de nuestros ejecutivos cuajadas de proyectos