O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 DE JUNHO DE 1995

180-(79)

Quanto ao terrorismo no Norte de África, verifica-se que o integrismo islâmico na Argélia persistiu na sua luta pelo poder, registando-se, no semestre, um significativo agravamento da violência, em especial contra alvos estrangeiros (*).

Simultaneamente, e no campo político, salienta-se que as principais forças partidárias argelinas, incluindo a Frente Islâmica de Salvação (FIS), se movimentaram de forma bastante activa para discutirem a possibilidade de se erradicar o terrorismo, levando a efeito um encontro, em Roma, em Novembro de 1994 (o qual viria a dar lugar a uma segunda reunião no mesmo local, em Janeiro de 1995).

Previsões Terrorismo

a) Admite-se que o actual quadro de reinserção social da maioria dos implicados nos processos da FUP/FP-25 se irá manter, não se afastando, porém, a possibilidade da implicação de um pequeno número em actos de delinquência.

Caso se verifiquem decisões judiciais que venham a afectar a situação de liberdade provisória dos arguidos do 1.° julgamento de Monsanto, admite-se que alguns procurem furtar-se à acção da justiça e que ocorram novos esforços reivindicativos favoráveis ao perdão da pena.

Salvaguardando a evolução da conduta social de um pequeno número, continua a considerar-se baixa a probabilidade de que membros do grupo venham novamente a enveredar pela violência politica.

b) No que diz respeito ao terrorismo europeu, prevê-se que se mantenha a ameaça protagonizada pela ETA, que continua a demonstrar possuir meios e vontade de actuar.

As actuais conversações do Ulster têm por enquanto, garantido alguma paz neste território, sendo, no entanto, impossível considerá-la como um facto adquirido. Caso se

(*) Assinala-se que o ponto alto dos atentados ocorreu em 24 de Dezembro 1994. quando os fundamentalistas do Grupo Islâmico Armado (GIA) levaram a efeito o sequestro de um avião da Air France. no Aeroporto de Argel, com perto de duas centenas de ocupantes.

vejam gorados os objectivos das várias organizações terroristas implicadas nas conversações, o regresso às armas é o mais provável, sendo então a violência ainda mais temível.

Quanto às organizações de cariz ideológico, não é previsível que venham a incrementar o seu nível de actuação, mas surgirão cada vez mais actos esporádicos de violência, protagonizados por pequenos grupos marginais, tanto de extrema esquerda como de extrema direita ou ecologistas. É de prever que estes grupúsculos continuem a ser incapazes de protagonizar actos de terrorismo sistemático, continuando, no entanto, a querer actuar como «consciência social».

Por último, não é de esperar que Portugal venha a constituir-se como alvo de organizações terroristas europeias.

c) No âmbito da ameaça terrorista causada pelas conversações de paz para o Médio Oriente, admite-se que as organizações islâmicas e palestinianas radicais continuem a condicionar o decurso do processo de paz e a tentar frustrá-la, através de atentados terroristas, dentro e fora de Israel.

Embora Portugal não seja considerado um dos principais palcos do terrorismo internacional, regista-se que já aqui ocorreram algumas acções, de que se destaca o atentado do grupo de Abu Nidal, contra um elemento moderado da OLP em 1983.

Quanto à situação na Argélia, é previsível que, a par de iniciativas de natureza política desenvolvidas pelos principais partidos argelinos, incluindo a Frente Islâmica de Salvação (FIS), no sentido de encontrarem uma solução para o fim da violência no país, os grupos armados integristas islâmicos continuem a actuar.

Não se exclui a possibilidade de, a manter-se a pressão das autoridades sobre meios fundamentalistas islâmicos, estes alterarem a sua estratégia, passando a realizar atentados de grande espectacularidade e impacte junto da opinião pública internacional, contra objectivos estrangeiros.

Neste plano, embora o nosso país não constitua palco especialmente apetecido, não se exclui a eventualidade de vir a ser escolhido para a constituição de redes de apoio aos grupos armados que actuam na Argélia, tanto mais provável quanto maior for a repressão sobre elas exercida nos outros países europeus.

A Divisão de Redacção e Apoio Audiovisual.