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0474 | II Série C - Número 037 | 18 de Agosto de 2001

 

separada e autónoma da Aliança se encontra estritamente ligada àquela, tanto nos princípios e valores que perfilha, como nos objectivos a atingir. Nesse sentido, a OTAN e a UE têm dialogado com intuito de delinearem o futuro quadro, no âmbito do qual se desenvolverão a suas relações, sem negligenciar, obviamente, o papel dos seis Estados que não são membros da UE, como a Islândia.
Concluí, fazendo um balanço positivo dos últimos dez anos da Aliança, sublinhando o dinamismo e a capacidade demonstradas em se adaptar aos desafios inerentes à nova realidade internacional, trilhando o caminho da paz estabilidade e prosperidade na região Euro-Atlântica.

3 OTAN, objectivos e ambições

O discurso proferido por Lord Robertson, Secretário-Geral da OTAN, definiu as questões que, no futuro, irão ditar a agenda da organização:
a) edificar uma paz sólida e duradoura nos Balcãs;
b) estreitar relações com a Rússia;
c) assegurar o acervo dos aliados em questões de segurança transatlântica;
d) manter a credibilidade e eficácia da Aliança.

a) Enfatizou o dinamismo, a eficácia, a credibilidade e o altruísmo que, ao longo de meio século, têm caracterizado a essência e o espírito da Aliança, ao preconizar o balanço de quatro positivos anos de consulado de Javier Solana: o sucesso da campanha aérea no Kosovo; a concretização do maior alargamento na história da Aliança; a celebração da Acta Fundadora entre a OTAN-Rússia e a Carta OTAN-Ucrânia; a definição do novo Conceito Estratégico; e o processo de modernização da estrutura do comando militar.
A intervenção no Kosovo, à semelhança da Bósnia-Herzegovina, é um bom exemplo do empenhamento da organização em construir uma paz sólida e duradoura numa área tradicionalmente conflituosa e, consequentemente, potenciadora de grandes conflitos com repercussões internacionais. O sucesso da operação reflecte-se quotidianamente no regresso dos refugiados às suas casas, na revitalização das escolas, na normalização das vias de comunicação; na construção de uma sociedade livre e etnicamente tolerante. Em suma, as sinergias resultantes da cooperação da OTAN, com os outros membros da KFOR e da Administração das Nações Unidas, permitiram instituir a lei e a ordem, cruciais para o desenvolvimento político, económico e social dos povos.
b) Derrubar o clima de desconfiança e suspeição, resultante de meio século de Guerra Fria, aprofundar o diálogo e promover a cooperação, são pontos que incorporam um dos pilares basilares da agenda da Aliança. A materialização dessa cooperação está bem patente na ajuda oferecida e prestada pela organização, nomeadamente pelo Reino Unido e Noruega, aquando da tragédia do submarino "Krusk". Além disso, convém não negligenciar que o estreitamento de relações é fundamental para que o futuro alargamento da OTAN seja encarado sem receios e numa lógica de evolução natural da organização.
c) Reitera que os receios, quer de alguns americanos como de alguns europeus, relativamente aos esforços da União Europeia conducentes à definição e execução de uma política de segurança e defesa, são totalmente descabidos. A OTAN e a UE encontram-se em estreita cooperação, não só com o objectivo de apoiar, através da sua longa experiência, a UE na consecução dessa vertente defensiva, mas também com o intuito de definirem a partilha de informação confidencial, tudo isto, no âmbito de uma lógica de complementaridade .
Evocou a bem sucedida cooperação da Aliança com a ONU, que, conjuntamente, sob a égide da segunda, participam em operações de manutenção da paz, designadamente na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo.
d) A indiscutível credibilidade da organização reside na sua eficácia militar, que só poderá ser mantida se houver uma permanente adequação da sua capacidade militar aos constantes e imprevisíveis desafios emergentes da realidade conjuntural internacional. Isto acarreta custos, no entanto, todos os orçamentos de defesa, dos países membros, têm demonstrado tendência a aumentar.

4 - Rússia e o Ocidente: Competição ou Cooperação?

Sergey Rogov, Director do Instituto dos EUA e do Canadá em Moscovo, colocou a seguinte questão: Rússia e o Ocidente: Competição ou Cooperação?
Rogov começou por dizer que dez anos após o final da Guerra Fria, o Sistema de Segurança que supostamente iria conciliar os "dois eternos rivais" falhou. Segundo Rogov, a Rússia está numa situação muito difícil, a transição para a democracia e para a economia de mercado foi mal administrada, a estratégia de reforma foi mal desenvolvida, a Rússia não sabe como aderir à globalização.
Rogov referiu que a subida de Putin ao poder corresponde a um novo esforço e incentivo para consolidar as relações, mas que o Ocidente não soube aproveitar, ou seja, que o Ocidente parece já não saber como integrar a Rússia.
Quanto à OTAN, Rogov defende que o primeiro objectivo é reduzir ao máximo, ou mesmo se possível eliminar a competição e institucionalizar de vez a cooperação e continuar com o processo de não Proliferação e Controlo das Armas Nucleares. A posição da Rússia face à OTAN depende dos seguintes factores:
- A importância do alargamento da OTAN - A Rússia só irá cooperar militarmente com a OTAN, se nos próximos anos (com excepção da Polónia, República Checa e Hungria) não houver novo alargamento;
- A boa vontade do Ocidente em integrar a Rússia ao nível militar, comando e controlo. A Rússia quer ser integrada aos mais altos níveis;
- Decisão Política. A Rússia quer ter um papel preponderante na execução política.

5 - Relação da comunicação social com a estrutura militar

A senhora Kate Adie, da BBC, aflorou a importância do papel dos media na cobertura de conflitos, e salientou a facilidade, conferida pelo progresso tecnológico, em difundir imagens em tempo real, inaugurando uma nova era da comunicação social. Uma era que permite que um evento, ocorrido no mais remoto palco do Planeta, seja supervisionado em todo mundo.
Essa frenética evolução que nos permitiu assistir em directo, no conforto das nossas casas, ao desenrolar da Guerra do Golfo, teve como consequências:
- a trivialização dos conflitos, supervisionados como se de uma novela se tratassem;
- o surgimento de toda uma panóplia de analistas, comentadores, "pseudo-comentadores", que almejam, a todo custo, angariar projecção mediática (contribuindo muitas vezes para exacerbar a especulação);