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benevolencia, recitára o seguinte Discurso approvado por esta Camara.

Serenissima Senhora.

A Camara dos Deputados da Nação Portugueza, logo que se achou definitivamente constituida, reconhecêo como um de seus mais sagrados Deveres o de levar aos pés do Throno do Muito Alto, e Muito Poderoso Rei o Senhor D. Pedro IV, nosso Legitimo Soberano, as expressões respeitosas do profundo reconhecimento, e gratidão de que se achava penetraria, á vista dos incomparaveis Beneficios, que o mesmo Augusto Senhor havia derramado com generosa, e magnifica profusão sobre o Povo Portuguez.

As difficeis circumstancias publicas, quis tem occorrido desde aquella época, forão causa de que a Camara, applicada a tantos outros importantes objectos, não cumprisse logo directamente um dever tão essencial, e tão caro aos Corações dos Verdadeiros Portuguezes: ella estava por outra parte convencida de que em nada podia melhor mostrar a sua gratidão para com ElRei, do que empregando todos os seus cuidados, e desvelos em promover o bem da Nação, que Sua Magestade tanto ama, e favorece.

Ao premente porem a Camara, não devendo demorar por mais tempo o cumprimento de tão indispensavel, e honrosa obrigação, nos envia á Augusta Presença de Vossa Alteza, encarregando-nos de supplicar em seu nome a Vossa Alteza, se Digne, por especial graça, de fazer presentes ao Nosso Beneficentissimo Monarcha os sentimentos da mesma Camara, e de todo o Povo Portuguez, como um tributo devido nos altos Beneficios, que Sua Magestade houve por bem liberalisar-nos.

Seria temeridade, Serenissima Senhora, pertender enumerar esses Beneficios, sem deprimir a sua grandeza, e estreitar a sua vasta extensão. O silencio do reconhecimento, do respeito, e da admiração exprimo muito melhor os sentimentos da Camara.

Diremos com tudo: Que pela Carta Constitucional tão generosamente outorgada aos Portugueses, lançou o Magnanimo Monarcha, e verdadeiro Pai da Patria novos, e mais seguros fundamentos á Prosperidade Publica - restaurou as quasi extinctas Liberdades Nacionaes - reconhecêo, e firmou os Direitos de todas as Classes de Cidadãos - dêo (se assim podemos dizer) á Augusta e Sancta Religião de Nossos Pais uma nova Sancção Politica - e tornou mais firme, e magestoso o Throno de Seus Maiores.

Que pela espontanea abdicação da Corôa Portuguesa em favor de Sua Augusta Filha, e nossa adorada Rainha a Senhora D. Maria da Gloria, e pelo Consorcio desta Senhora com o Serenissimo Senhor Infante D. Miguel, attendeo Sua Magestade, com Soberana Intelligencia, aos interesses de Portugal, e do Brasil, á Politica da Europa, e da America, á tranquillidade, e futuras relações de ambos os Mundos; firmando ao mesmo tempo sobre o Throno em um e outro Hemispherio, a inclita Familia de Bragança, a cujos destinos, a cuja gloria, e a cuja grandeza entarão sempre ligados por laços indissoluveis a gloria, a grandeza, e os destinos dos Portuguezes.

Finalmente: Que pelo estabelecimento de uma Regencia depositada nas Mãos de Vossa Alteza, e confiada ás Suas eminentes Virtudes, e Qualidades, se Dignou Sua Magestade de dar aos Portuguezes a mais dôce consolação, que podião desejar, na ausencia dos seus Soberanos, e o mais seguro, e precioso Penhor de todos os bens, que costumão ser o resultado de um Governo sabio, justo, e previdente.

A Camara extremamente sensivel a tantos, e tão soberanos Beneficios, porá sempre o sua gloria em reconhecer á face do Mundo inteiro a immensa divida de gratidão, em que por elles se considera penhorada; e em corresponder ao seu Magnanimo Bemfeitor com a humilde, mas sincera retribuição da mais perfeita obediencia, amor, e lealdade.

A Camara confia que Vossa Alteza se Dignará da annuir benignamente ás suas respeitosas Supplicas. Ella ousa esperar ainda mais. Ella não duvida que Vossa Alteza, por sua innata e singular Benevolencia, se Dignará tambem de abonar perante o Throno a pureza, e sinceridade dos sentimentos, que inspirão, e acompanhão esta homenagem do nosso reconhecimento, e que não podem ser desconhecidos á alta penetração de Vossa Alteza.

Se a Camara for tão venturosa como espera, as suas expressões acharão benigno acolhimento, em presença do nosso Augusto Soberano, e ella terá mais um motivo de gloriar-se de não haver desmerecido a Graciosa Benevolencia de Vossa Alteza.
Sua Alteza se Dignou responder nos seguintes termos.

O Nosso Augusto Rei e Senhor, o Senhor D. Pedro IV. está bem convencido dos sentimentos de lealdade, e gratidão aos seus Grandes Beneficios do Povo Portuguez, e da Camara. Ser-lhe-ha com tudo muito agradavel a declaração respeitosa, que a Camara acaba de fazer, de que Eu affiançaria, se assim fosse necessario, a pureza, e sinceridade; e que me apressarei com satisfação muito particular a transmittir ao Soberano Conhecimento de Sua Magestade.

Dêo conta o Sr. Deputado Secretario Ribeiro Costa do seguinte

OFFICIO.

Excellentissimo e Reverendissimo Senhor. - Passo as mãos de V. Exca. a participação inclusa, que a Camara dos Pares envia á Camara dos Srs. Deputados da Nação Portugueza, assim como a Cópia do Parecer da Mesa da Fazenda, que diz respeito ao objecto da mesma participação, para que V. Exca. se sirva de fazer tudo presente á dicta Camara. Deos guarde a V. Exca. Palacio da Camara dos Pares em 23 de Fevereiro de 1827. - Duque do Cadaval, Presidente - Excellentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo Titular de Coimbra, Presidente da Camara dos Srs. Deputados da Nação Portugueza.

A Camara dos Pares re-envia á Camara dos Deputados a sua Proposição de 3 de Janeiro passado, sobre as Dotações de Sua Magestade a Senhora Rainha D. Maria II, e Real Familia, com as Emendas juntas, e pensa que com ellas tem lugar pedir-se á Serenissima Senhora Infanta, Regente a Sancção Real, em Nome de ElRei. Palacio da Camara dos Parsg em 23 de Fevereiro de 1827. - Duque do Cadaval, Presidente. - Marquez de Tancos, Par do Reino,