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384 DIARIO DA CAMAUA DOS DIGNOS PARES DO REINO

drographicas do Mondego e dos rios que, ao norte d'elle, vão desaguar no oceano."

A maioria diz:

"Devemos observar que a chave da defeza do Mondego é Coimbra, que assegura as communicações de uma para outra margem."

por isso que em todos os estudos sobre a defeza do paiz, esta cidade é considerada como um ponto estrategico importante, o que é affirmado pela campanha de 1810, e ahi, e na posição militar do Bussaco, que perfeitamente a cobre e defende, se propõe a construcção de obras de fortificação, a fim de organisar aquelle ponto estrategico, como a base de todas as operações que se execrarem ao norte do Mondego.

Sr. presidente, havendo completo accordo em que Coimbra, e não a Figueira, é o objectivo mais importante ao norte de Leiria, sobre o Mondego; suppondo que as nossas forças se achavam em Tancos, Thomar, Ourem e Leiria, tendo, em virtude de qualquer combinação, convergido sobre este ultimo ponto; se d'elle tivessemos de as concentrar sobre Coimbra: deveriamos seguir a direcção divergente, á Figueira, ou convergente sobre Pombal? Nenhum estrategico teria duvida em decidir-se por este ultimo ponto. Não deverão as linhas ferreas convergir para os pontos estrategicos mais importantes, ou de as forcas têem de ser chamadas a operar? Pela linha directa á Figueira poderiamos, por certo, conduzil-as a Coimbra pelo respectivo ramal; mas se não chegassem a tempo ao ponto onde tivessem de ser empregadas, de que serviria acharem-se ellas mais ou menos proximas?

Devemos ter sempre em vista o que a tactica dispõe, quanto ao principio fundamental da guerra: "Não são as tropas presentes que decidem da victoria, mas sim e unicamente as tropas operantes, as quaes devem ser postas em acção, com energia e união, para reduzirem um esforço simultaneo".

Porventura poderá sempre um augmento de velocidade supprir o maior desenvolvimento da linha? Sabemos que n'um caminho de ferro, um certo numero de vertas é preferivel ás rampas um pouco fortes, pois que r das não só obrigam á diminuição de velocidade, mas a diminuir a carga, e por conseguinte, o numero de viaturas que compõe cada trem; o que é um grande inconveniente.

Mas, satisfará o traçado da linha ás condições exigidas para as grandes velocidades? Duvidâmos.

Mas, sr. presidente, já declarei a v. exa. e á camara, que não foi o partido progressista que trouxa para aqui as questões de estrategia e de tactica. Foram os dignos pares da opposição em 1880 que provocaram taes debates. (Apoiados.) E já que estamos neste campo, vejamos o que mais nos diz a estrategia sobre o objecto em discussão:

"Todo o theatro presumptivo de operações eleve ser munido previamente de um centro de acção, de onde as forças moveis possam contrariar e difficultar as operações do inimigo, servindo de apoio aos defensores, e recolher as forças, em caso de revez."

Qual será, pois, o centro de acção mais vantajoso para apoiar na defensiva-offensiva as nossas operações? Será algum ponto a oeste de Pombal, a 6 kilometros de distancia? Será qualquer outro ponto, entre Leiria e Figueira - o mais a oeste que for possivel - na linha directa, como opina a commissão de defeza de Lisboa e seu porto, ultimamente consultada? Será algum ponto, entre Leiria e Alfarellos, no troco da linha parallelo á do norte? Porque não ha de ser Pombal, que naturalmente se indica, tendo proximo e a norte Soure, a que se acha ligado na direcção de Coimbra?

Pombal, julgado tão vantajoso pelo governo regenerador em 1879 para entroncamento das duas unhas, como é que em 1880, e actualmente, é reputado nocivo á defeza!

Mudariam as posições geographicas de Pombal e Leiria?!

Succedeu com esta questão o mesmo que teve logar com a do tratado de Lourenço Marques, e com mais outras? Quem negociou o tratado? O governo regenerador. Quem conseguiu melhoral-o? O governo progressista. No emtanto os regeneradores tornam os progressistas responsaveis pela herança que lhes haviam deixado! (Apoiados.)

Mas, voltando ao assumpto. Pombal, fortificado nas condições que hontem expuz á camara, com pouco despendio, póde e tornar-se um bom centro de acção. Como poderá Alfarellos servir de peão de operações sem ser fortificado, quando é um ponto fraco pela natureza? Que apoio daria ás tropas? Qual seria o ponto de refugio para ellas se refazerem em caso de revez?

A theoria inventada pelo sr. ministro das obras publicas "de devermos occupar de preferencia os pontos fracos" será seguida só por s. exa. (Apoiados.)

endo um dos objectivos do inimigo apoderar-se da testa das linhas ferreas e dos pontos de cruzamento, como deixaremos de augmentar a forca defensiva de taes pontos, com fortes de arrêt, destinados a deter o passo ao inimigo, ou com outros meios defensivos?!

Sr. presidente, como já tive a honra do dizer a v. exa. e á camara, a maior divergencia entre os dois pareceres da commissão de 10 de abril foi quanto á directriz a seguir ao norte de Leiria, ou da Marinha Grande, mostrando a maioria a vantagem de que a linha ferrea fosse entroncar em Pombal, e o official que se afastou d'este parecer, opinando por que ella se dirigisse á Figueira; e mesmo, n'esta hypothese, entendia o referido official que não havia necessidade de fortificar este ponto, como era preciso fazel-o com relação a Pombal.

As considerações que tive a honra de expor á camara parecem-me mais que sufficientes para mostrar a maior solidez em que se baseiam o á argumentos da maioria da commissão; no entanto, acompanharemos ainda os dois pareceres n'esta questão, que se liga directamente com a defeza das costas e com o ataque, ou invasão, pelo lado do mar.

Sustenta a minoria que a Figueira nunca póde ter importancia para a defeza do paiz, mas que seria vantajosa a linha ferrea que ali se dirigisse, para a evacuação do material de guerra em direcção a Lisboa, pelo ramal da Pampilhosa á Figueira; que julga estes dois ultimos pontos ao abrigo de um golpe de mão pelas posições do Bussaco e Coimbra, dando vantagem aconomica a ligação na Pampilhosa, no caso do ataque por mar; e que havendo sobre o rio Mondego o ponto de passagem na Figueira, alem do de Coimbra, ainda assim não teriamos necessidade de dividir as nossas forças para defender aquelles dois pontos; e que, finalmente, a sua directriz de Leiria á Figueira é essencialmente economica, porque dispensa toda e qualquer fortificação.

A maioria faz ver, com mais solidos argumentos, que o caminho de ferro á Figueira, augmentando a importancia militar d'este porto, não o dispensa de ser fortificado; entendendo mais que os effeitos geraes de um caminho de ferro, sob o ponto de vista militar, devem traduzir-se da mesma maneira na Figueira, ou em Pombal, e em todos os pontos estrategicos por onde elle passe, que exijam o emprego das fortificações; que havendo um outro ponto de passagem no Mondego, a oeste de Coimbra, deverá ser protegido por obras de fortificação e obrigará a dividir as forças destinadas á defeza do rio, o que é inconveniente, pois que as forças se devem concentrar, quanto possivel, para a defeza; que se esse segundo ponto de passagem for na Figueira, acresce ainda a necessidade de o proteger contra um ataque por mar; o que augmenta as despezas de fortificação e os effectivos necessarios a sua segurança; quanto á vantagem da evacuação do material, pela linha da Figueira a Lisboa, a que se refere o parecer da maioria, não póde ella ser consideravel, porque hoje os gran-