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encontrarmos um juizo bem contrario ao nosso. Evitemos lançar aos outros faltas, de que nós mesmos somos accusados, e sobre tudo não criminemos nos outros os actos que nós mesmos praticamos, aliás teremos de ouvir comparações, que nos hão de ser quasi sempre desagradaveis, A honra do homem, como por mais de uma vez tenho dito, é o dom mais precioso que póde possuir — aquelle que a offende sem motivo justificado, o provado, é um verdadeiro assassino! (sensação) Sim é um verdadeiro assassino, porque tacto assassino é o que pega no punhal para tirar a existencia física, como o que destroe a existencia moral de um individuo, fazendo-o infeliz, e apoz delle toda a sua familia, e talvez uma geração (Appoiados).

Sei que entre nós os ataques feitos contra a honra dos individuos, por muito repelidos sem o menor fundamento, estão por tal fórma desmoralisados em força, que passam já quasi inapercebidos: quem ha ahi que seja honesto e honrado que não tenha sido apresentado como deshonesto como concussionário, como ladrão? E quem ha ahi que não tenha observado, que o furor politico tem chegado a tal ponto, que o homem que ainda hontem era mimoscado com aquelles titulos, por que hoje fez uma evolução para a esquerda, foi logo santificado, e proclamado como um santo? (Sensação: Vozes — É verdade, é verdade).

Não apontaria um só: poderia ainda mesmo nesta Camara apresentar muitos: mas reconheço que seria isto contra as conveniencias parlamentares (O Sr. C. da Taipa — Diga os nomes). Não digo: apresento os factos; estes, como os nomes são de todos bem conhecidos: não se persuada o D. Par, que pelos seus ápartes, e pelas suas excitações me obriga a praticar uma inconveniencia (Vozes — Muito bem).

Todos lemos sido victimas da maledicência, mas se o nosso perseguidor fôr o homem que ainda hontem nos tractava por verdadeiro amigo, nos reconhecia excellentes qualidades, nos consultava em todos os negocios, e se dirigia algumas vezes pela nossa opinião, então havemos de reconhecer que em logar desse coração de pomba, que se inculca possuir, não existe senão um coração sedento de odio e de vingança! (Sensação). Sentimento abominavel, que não póde saber em uma alma nobre (Muitos apoiados). Eu não sei se caminho hoje por essa estrada errada que pizei em 1846, não sei se essa época, que tanto pésa á opposição, tem as saudades dos que presam a tranquillidade e a segurança, dos que apreciam a boa fé dos Governos, e dos que recebiam do Thesouro Publico, ou sejam Capita listas recebendo o juro dos dinheiros empatados, ou os Servidores do Estado, ou essas viuvas dos desgraçados que morreram no campo da batalha Custa realmente a accreditar, como depois de tudo o que se passou depois dessa época ainda, ha quem aqui venha fazer comparações (Apoiados). O que eu sei e que as estradas se faziam em grande escala; o que eu sei é que outras muitas obras occupavam milhares de braços, e que para isto apparecer, ainda que em menor escala, foi necessario que eu voltasse ao Ministerio (Apoiados). O que eu sei é que o Governo pagava regularmente as suas obrigações; o que eu sei é que todos viviam contentes, menos os ambiciosos do Poder (Apoiados).

Falla-se em estradas por mim dotadas ao paiz! Quem foi a causa de se não concluírem? Quem a causa de que a nação de indemnisações fortes? Foi um dos meus accusadores que violou a fé dos contractos, e. que destruiu por um simples Decreto, Leis e Contractos solemnes approvados pelas Côrtes (Muitos apoiados. — O Sr. V. de Castro — É verdade, é verdade). Esta moralidade praticada pelo Governo que succedeu aquelle a que eu tinha a honra de pertencer, foi a causa de grandes males, que ainda hoje pesam e pesarão sobre esta infeliz nação, sempre presa da anarchia, e da vingança dos ambiciosos Capotados. — O Sr. C. de Lavradio — Peço a palavra). Tenho eu culpa de se não terem concluido essas estradas; tenho eu culpa de que se commettesse a immoralidade que notei? Tenho eu culpa de que agora se mandem pagar fortes sommas a essas Companhias assim destruidas? Eu não declino a responsabilidade Legal da liquidação feita á Companhia das Obras Publicas; mas a Camara sabe que eu, ou antes o Governo, nada mais fez do que conformar-se com o Parecer de uma Commissão expressamente nomeada pelo Sr. D. de Saldanha para fazer essa liquidação (e talvez com o fim de ver se podia achar algum facto desairoso que me podesse ser imputado) e da Secção administrativa do Conselho de Estado, na sua maioria composta de membros da Opposição.

Mas uma grande deslealdade da parte do Sr. C. de Lavradio em trazer sempre este negocio accidentalmente á discussão; todos sabem que ahi foi distribuido um grosso volume comprehendendo todas as peças deste famoso processo; ahi está uma Commissão encarregada de o examinar; venha esse negocio á discussão, e então teremos occasião de vêr de que lado está a justiça, e se reconhecerá se foi ou não o Sr. C. de Lavradio que pelos seus actos muito concorreu para os sacrificios que a Nação tem de fazer (Apoiados).

Veremos então se o homem que só cumpriu deveres de honra, e mostrou a boa fé dos Governos honestos, póde merecer o titulo de nome odioso que alguns membros da opposição lhe attribuem, este na rir de cera com que a opposição adorna todos os seus discursos quando me combate já cahiu em descredito (Muitos apoiados). Não dissesteis que toda a Imprensa, o Exercito, as differentes classes de Cidadãos, n'uma palavra, toda a Nação me odeia? Como! Um homem politico abandonado de todos esses meios póde por ventura governar uma Nação? (Vozes — Bem, bem.) Se tendes todos esses elementos da vossa parte era natural que me esperásseis no campo eleitoral, em logar disso dizeis que estamos n'um vulcão, e ameaces com revoluções! E a par disso já annunciaes qual a tolerancia que tenho a esperar de vós depois da minha sahida do Ministerio Já daes como certo que hei-de fazer uma viagem depois da minha sahida do Ministerio para adquirir os estudos agricolas, que me faltam (Riso). Eu já em outra occasião senti os effeitos dessa vossa tolerancia, e dos vossos principios de legalidade sem processo nem sentença já com especioso pretexto do bem publico me privasteis de um logar vitalicio pela mesma Lei fundamental do Estado (Apoia dos). O homem que sempre tem mostrado a maio tolerancia, governando sempre com a Lei, não perseguindo ninguem, e que não tem outro crime senão o de sahir triumphante das batalhas parlamentares, já sabe de antemão que lhe destinaes uma viagem quando subirdes ao Poder! É que vós como Governo não sabeis administrar e governar com os vossos contrarios politicos em frente porque receiaes sendo Ministros medir as vossas espadas parlamentares com as minhas, sendo então opposição! (Vozes — Muito bem, muito bem Melhor o fará Deos, ainda veremos o que ha-de acontecer no futuro.

Sr. Presidente, a hora deu, observo que alguns D. Pares dão signal de vêr acabada a Sessão de hoje, acho-lhes razão (Vozes — Não, não). Agradeço a bondade daquelles que ainda mostram de sejas de ouvir-me, mas tambem devo confessar que estou um pouco cançado, porque a minha saude não está hoje em bom estado (Vozes Para ámanhã). Pois bem, se a Camara não quer hoje votar a questão (Vozes — Não, não) reservarei a palavra para ámanhã (Muitos apoiados).

O Sr. Presidente — Deu para primeira parte da Ordem do dia da seguinte Sessão, que ha-de ter logar no dia 26 do corrente, a continuação desta discussão; e para segunda parte a discussão do Parecer da Commissão de Guerra sobre a Proposição de Lei n.º 249 da Camara dos Srs. Deputados. Foram mais de quatro horas.

Relação dos D. Pares que estiveram presentes

na Sessão de 24 do corrente mez. Os Srs. Cardeal Patriarcha, Cardeal Arcebispo Primaz, D. de Saldanha, D. da Terceira, M. de Castello Melhor, M. de Fronteira, M. de Loulé, M. das Minas, M. de Niza, Arcebispo de Evora, C. das Antas, C. do Bomfim, C. da Cunha, C de Ferreira, C. de Lavradio, C. de Linhares, C de Mello, C. de Porto Côvo de Bandeira, C. de Rio Maior, C. de Semodães, C. da Taipa, C. de Thomar, C. do Tojal, Bispo de Beja, Bispo de Lamego, Bispo de Vizeu, V. de Algés, V. de Benagazil, V. de Campanhã, V. de Castellões, V. de Castro, V. de Fonte Arcada, V. de Fonte Nova, V. de Gouvêa, V. da Granja, V. de Laborim, V. de Oliveira, V. de Sá da Bandeira, B. de Monte Pedral, B. de Porto de Moz, B. da Vargem da Ordem, D. Carlos de Mascarenhas, Pereira de Magalhães, Margiochi, Tavares de Almeida. Silva Carvalho, Albergaria Freire, Duarte Leitão, Serpa Machado, e Fonseca Magalhães.