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Sessão de 21 de Fevereiro de 1919

fendeu com o maior*palor a idea do comando único e a nomeação do glorioso general francês para o comando supremo das fôrças que venceram a Alemanha. Só por isso merece Clemenceau a admiração, a gratidão de nós todos.

Ao Senado da França, que tem a honra de contar Clemenceau entre os seus membros, devo V. Exa., Sr. Presidente, significar não só os nossos sentimentos pelo atentado cometido, como as nossas sinceras congratulações por dêle ter saído salvo o grande patriota, o Pai da Vitória, como carinhosamente o denomina o povo francês. E nesta manifestação tenho a certeza de que o Senado tem a acoru-pauhá-la todas as fôrças vivas portuguesas, porque a França foi sempre como que a nossa guia, a nossa iuspiradora.

í Saudando Clemenceau, saudemos a França imortal!

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Castro Lopes: — Em nome da maioria desta Câmara, quero tambêm referir-me ao atentado que causou profunda impressão em todos que conhecem a figura do Presidente do Ministério de Franca.

Acompanho, Sr. Presidente, com a maioria do Senado, as expressões que V. Exa. proferiu a respeito de Clemenceau e congratulo-me por êle não ter sido morto.

Está ainda na memória de todos o esforço extraordinário de inteligência e de fôrça de vontade que êle desenvolveu durante a guerra europeia. Eui nome, portanto, da maioria, associo-me às palavras de S. Exa., assim como às do Sr. Queiroz Veloso.

O Sr. Afonso de Melo: — Em nome dos representantes da agricultura no Senado, associo-me aos votos propostos por virtude dêsse bárbaro e inacreditável atentado contra essa figura de épica grandeza, não já só da França mas do mundo contemporâneo, que é o Sr. Clemenceau. Êsse estadista fez a sua carreira política de cabeça erguida, sem uma única curvatura de espinha, batalhando sempre pela liberdade. A sua vida deve ser um exemplo para todo o mundo. Não foi só como patriota insigne que êle se revelou na crise difícil e tremenda porque a França

passou. No que êle a todos deu lições foi na máscula energia que, até final, mostrou durante essa crise. Foi um lutador inde-fesso e intemerato que, na imprensa e no Parlamento afirmou sempre as suas opiniões, sem trausigências indecorosas, contra tudo e contra todos. Homens desta estatura triunfam sempre.

Nas páginas apaixonadas de Uhomme libre e de L'homme enchainé se vê como êle venceu dizendo a verdade. Apesar da grandeza de Lloyd George, é ainda Clemenceau quem mais faz ouvir a sua voz e as suas idoas na conferência da paz. O sentimento de reprovação pelo atentado deve ser universal. Integrado nesse sentimento, o Senado deve manifestar-se perante o Senado da França e perante o Ministro dêsse país em Lisboa pelo que se passou.

O Sr. Paula Nogueira: — Pena é que nos tenhamos de referir a um facto que envergonha a civilização. Depois de tudo quanto Clemenceau fez em favor da França, que era a alma dos aliados, que era o principal país visado pela Alemanha, não sendo a Bélgica mais do que uma ponte de passagem; depois de Clemenceau ter levado os aliados à vitória, causa surpre-za que apareça alguém que, ou seja francês ou seja súbdito daquele grande império com o qual a França ingénua contava para vencer o seu inimigo de todos os tempos, tenha coragem para disparar um revolver contra aquele grande homem.

Perante um tal atentado, nós, portugueses, que dizemos que depois de Portugal é a França para nós uma outra pátria, vibramos de indignação. Sou um português do sul, criado e educado longe da capital, num cantinho do Algarve e, todavia, desde a minha tenra infância, desde que comecei a estudar a língua francesa, senti sempre em mim a maior admiração pelo carácter e pelo génio francês e reconheço, Sr. Presidente, em cada português, uma admiração pelo que êles consideram a sua segunda pátria, que é a pátria francesa.

Clemenceau, como há pouco disse aqui o Sr. Afonso de Melo, procurou orientar a França nas difíceis fases que ela atravessou nos quatro anos de guerra e viu com mágoa o caminho que diferentes Govêrnos franceses iam seguindo, couduzin-