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Sessão de 17 de Maio de 19 âl

já não a vende como tal, mas misturada com margarina para a poder vender a õ$60, ou seja por preço superior ao da tabela da manteiga.

Este problema resolve-se de duas formas: ou tornando o comércio da manteiga livre, ou tabelando-a a um preço razoável.

Nestas condições, eu entendo que o Sr. Ministro da Agricultura achará razoável o preço que indicam os industriais, e se assim fizer não só atenderá as suas reclamações mas também os proprietários e os criadores, porque, se as fábricas fecharem, deixarão de fabricar manteiga, e con-sequentemente baixará o preço do leite, a renda das pastagens, e os salários dos operários, baixas que muito boas seriam se a elas correspondesse a baixa do preço dos géneros de que eles precisam para se alimentarem, mas como essa baixa se não dá, antes aumentará o custo deles, tornar--se há mais difícil a vida de todos os que vivem actualmente da indústria dos lacticínios.

É certo que o leite que não se aplicar no fabrico da manteiga será destinado à criação de bezerros e ao fabrico do queijos que não foram tabelados, mas isso não compensa os prejuízos dos proprietários das fábricas de manteiga,,-nem atenua a situação difícil em que se encontrarão todas as pessoas que se empregam no seu fabrico.

Eu sei que o Sr. Ministro da Agricultura conhece perfeitamente o assuuto do que mo estou ocupando, e por isso estou confiado em que S. Ex.a providenciará em ordem de serem atendidas as justas recla-. mações dos industriais, dos lavradores e dos proprietários do distrito de Angra do Heroísmo que a S. Ex.a se dirigiram por meio de unia representação.

O orador não reviu. ""

O Sr. Ministro da Agricultura (Portugal Durão): — Um dos problemas mais complexos que durante a guerra e depois dela têm sido presentes à consideração dos homens de Estado de todos os países é o problema dos abastecimentos.

Eu vi ainda há pouco, numa ilustração inglesa, uma grande galena de celebridades, como César, Carlos Magno, Alexandre, etc.

Essas celebridades desciam dos seus pedestais para dar lugar a um homem quo

entrava triunfante.

Até hoje ainda não houve um único homem de Estado que só pela sua acção conseguisse fazer baixar o preço das subsistências. Essa acção tem de ser conjugada com a de todas as forças económicas.

Procurar obter géneros baratos, tabelando-os, é fazer com que esses géneros desapareçam do mercado. Género tabelado é género assambarcado.

A política que.se tem seguido em matéria de subsistências, no nosso país, pode dizer-se hoje, tem sido uma política errada.

Temos de actuar pelo conjunto das forças económicas, temos sobretudo de olhar muito a sério para o problema dos câmbios, para resolver o gravíssimo problema das subsistências.

Eu tive já ocasião, há dois ou três anos, de estudar esta questão da manteiga dos Açores, quando estive à testa dos serviços dos Transportes Marítimos.

Tendo os fretes dessa manteiga aumentado 500 por.cento, o preço do custo do leite 600 por cento, salários 400 por cento, e 1:700 por cento o custo da lata, e tendo a nossa moeda sofrido uma depreciação de 1:000 por cento, o simples cálculo dos números leva-nos à conclusão de que sendo antes da guerra o custo da manteiga $&} cada quilograma, esse ^reço deveria ser hoje 8$20, preço este que quási se equivale ao preço porque ela é vendida no estrangeiro.

A manteiga «stá tabelada actualmente a 4$80 cada quilograma. Se nós a destabe-lássemos, se estabelecêssemos para ela a liberdade completa, isso seria fazer com que amanhã a manteiga não se pudesse obter em Lisboa por menos de 12$ ou 15)$! cada quilograma. O !que sucede com a manteiga, sucede com os outros géneros tabelados.

Se nós os destabelássemos por completo, esses géneros subiriam de tal maneira, que o seu custo seria inabordável, e nós poderíamos vir a ter perturbações de ordem pública, o que todos nós devemos evitar.