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Sessão de 29 de Janeiro de 1924

cos de aviação comercial e um convénio com a França, assuato que também deve interessar ao Ex.mo Ministro dos Negócios Estrangeiros.— José Pontes. Para a Secretaria.

Pareceres

Da comissão de faltas, sobre justificações dos Srs. Vaz das Neves e Machado de Serpa.

Aprovados.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: — Faleceu uma tias maiores mentalidade» da nossa terra, o Sr. Teófilo Braga.

S. Ex.a, aléin de ter sido um grande escritor, foi sobretudo um grande patriota.

Como político, ascendeu pelos seus merecimentos ao alto cargo de Presidente do Governo Provisório e depois ao de Presidente da República.

Proponho que se lance na acta um voto de profundo sentimento o que se suspenda a sessão por dez minutos.

Devo informar que íui chamado ao telefone por um Sr. Deputado, membro de uma comissão eleita pela Câmara dos Deputados para tratar do funeral, que me informou que tinha sido resolvido trazer para o Congresso o corpo do eminente escritor. Friso que me foi comunicada esta deliberação sem que eu para nada tivesse sido consultado.

O orador não reviu-.

O Sr. Silva Barreto: — Em meu nome pessoal evno deste lado da Câmara, associo-me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a pelo falecimento de Teófilo Braga, o distinto homem de Estado da República, o homem de sciência e das letras cujos trabalhos transpuseram as fronteiras, sendo justamente apreciados pelos literatos do mundo civilizado.

Se não tivesse a honra imerecida de representar este lado da Câmara, tomaria do mesmo modo a palavra para falar em meu nome pessoal.

No decorrer da minha modesta vida, tive a suprema ventura de me relacionar com Teófilo Braga, quando ele tinha aproximadamente 40 anos e eu pouco mais de 18.

Nesta idade encontrei da sua parte palavras de carinho e incitamento que influíram fundamentalmente na minha apoucada, decerto, inteligência e na minha orientação política.

Ele gostava de incitar os novos, sobretudo aqueles que tinham aspirações a um futuro mais elevado, em que se afirmassem os caracteres, que eram o timbre da sua alta mentalidade.

A obra de Teófilo Braga é imensa, iluminando o século, e não se admire o País se .amanhã o século xix for intitulado em Portugal o século de Teófilo Braga.

Poeta, literato, historiador, filósofo, todo^ estes ramos de actividade intelectual a sua iateligência abrangeu com uma clarividência, com uma precisão, com uma visão que o sagraram o génio mais eminente da literatura nacional.

Teve colaboradores, teve homens eminentes a seu lado. essa plêiade a que decerto se vão referir alguns Srs. Senadores, que talvez melhor do que eu conheçam a obrs' do Teófilo Braga.

Como historiador tem uma obra primacial a Universidade de Coimbra; foi ele quem fés com que o País soubesse o que era o espírito teocrático da Universidade de Coimbra. Se bem me recordo, foram dez os volumes que escreveu sobre a Universidade, e que eu li. j5 uma obra a que outros Srs. Senadores com mais autoridade do que eu certameute se referirão. E notável a sua História da Literatura, em .última edição. Corrigiu alguns erros da primeira, mas esta é contudo um monumento. Nunca se tinham escrito em Portugal senão louvaminhas. emquanto que Teófilo Braga faz uma crítica justa aos escritores do seu tempo e aos das épocas anteriores.

Apreciou sobretudo a obra de Alexandre Herculano, de que era um grande admirador, e na História do Portugal, no capítulo da história dos municípios, fez a apologia dessa memorável obra de Alexandre Hercnlano, que tem o seu principal fundamento nos municípios.