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Diário das Sessões do Senado

A morto de Teófilo Braga foi uma ver-dade:ra p^rda nacional; Teúfilo Braga foi o carácter mais enérgico e o exemplo mais frisante de tudo quanto pode conseguir um homem quando possui uma vontade firme, uma consciência recta e um ideai superior.

A vida deste homem foi sempre duma luta constante.

Tendo perdido os carinhos maternos ainda muita criança, foram ê^es substituídos pelos maus tratos da madrasta.

Os seus estudos foram feitos com nrjrto sacrifício por falta de recursos pecuniário.?.

Depois áé formado e convidado a tomar capelo, foi preterido no concurso para lento da Universidade de Coimbra, por causa das- suas ideas democráticas.

Concorreu depois à cadeira de economia política da Academia Politécnica do Porto e foi mais uma vez rejeitado peks mesmas razões.

Nào esmorece contudo, volta a concorrer â cadeira de literatura do Cur^o Su-p^rior de Letras, em concorrência com Pinheiro Chagas e Luciano Cordeiro, e, apesar da grande influência destes vultos da política monárquica, a sua superioridade vence finalmente.

No campo scientífico e literário rtnelou-~se com as suas publicações nm revolucionário, atacando o ultraromantismo d3 Castilho e de mais poetas da velha escola, que nunca lhe perdoaram, e venceu-os, revelando-se num talento d t» primeira grandeza.

No política foi um dos maiores demolidores da decrépita monarquia, já como presidente de centros republicanos, já nas inúmeras conferências que fé/, e na imprensa.

Organizou o congresso das associações portuguesas e o tricentenário de Camões de que foi a alma e publicou raais de cem volumes preciosos de literatura, história e filosofia, que constituem uma verdadeira riqueza nacional.

Quando implantada a República foi o seu primeiro Presidente, lugar que voltou a desempenhar depois da dtadury Pimenta de Castro.

O País ccnsagra-lhe funerais nacionais, o que não é mais do que prestar homenagem a Gise grande português que fo: poeta, filósofo e historiador distinto, assim como político eminente.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Aludiu o Sr. Presidente ao facto de não terem sido devidamente consideradas as prerrogativas desta Casa, de que S. Ex.a é muito digno Presidente, sendo-o igualmente do Congresso.

Tem V. Ex.a nas suas mãos tudo aquilo q-je necessita para fazer respeitar os nossos direitos e zelar as nossas prerrogativas e "3ode V. Ex.a ter a certeza de que, a acompanhá-lo nessa missão, encontrará V. Ex.a o Senado inteiro.

Apoiados gerais.

O Sr. Presidente: — Tenho sempre procurado prestigiar a$ instituições parlamentares.

O S:.*. José Pontes:—Lamento que não esteja presente o Sr. Medeiros Franco, retido em caso por doença, para prestar homenagem, com a sua palavra brilhante, a um cos grandes portugueses do século presente e ao mesmo tempo seu patrício querido.

Sr. Presidente: quando era aluno da Politécnica, os estudantes organizaram um grémio republicai} o de estudos sociais o foi a voz autorizada de Teófilo Braga que nc.s deu alento, entusiasmo e confiança nos destinos da Pátria.

Teófilo Braga foi grande, e não posso, modesto leitor seu e pequeno crítico, ter a pretensão de medir a sua grandeza.

Ouvi dizer, um dia, que o rei D. Luís, numa das suas viagens, só escutou elogios à obra literária e scientífica de Teófilo Braga, que ele não conhecia e de quem, no seu País, nunca lhe falaram.

Mal regressou ao País, indagou quem era esse Braga, que os organismos académicos do estrangeiro apontavam como uma glória latina e um génio pela cultura e pelo trabalho.

Responderam-lhe quo realmente tinha talento mas que o tinha colocado ao serviço de «ideas de repúblicas e cousas semelhantes».

Que importa? — disse o rei. Dêem-lhe um lugar na Academia, porque ele honra a nossa Pátria.

Este facto documenta o prestígio desse grande homem, que os seus mais irredutíveis inimigos consideraram e respeitaram.