O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10

Diário dai Sessões ao Senado*

motivos todos concorreram para que os técnicos agrícolas tenham desaparecido do contacto com o povo, com os agricultores, o que, além de ser prejudicial para a própria instituição da Ministério da Agricultura, desacredita o Estado perante os agricultores.

E a verdade é, Sr. Presidente, que esses organismos que existem espalhados pelo país fora não produzem mais do que produzem os agricultores o rendeiros da nosso província.

De maneira que essas instituições do 'Ministério da Agricultura, que têm a seu cargo a demonstração, a experimentação, o controle dos trabalhos de investigação, a propaganda dos melhores métodos, estuo absolutamente em crise.

Não devia portanto V. Ex.a estranhar que sucedendo isso no continente suceda também um pouco nas regiões insulares que V. Ex.a representa nesta Câmara, embora aí pudesse ter um correctivo pela intervenção das juntas gerais de distrito.

À excepção do distrito de Horta são as juntas gorais que intervêm nos assuntos agrícolas.

Interrupção do Sr. Alvares Cabral. '

O Orador: — Mas não ó só a exploração extensiva que necessita do assistência técnica; ó também, e quanto a mim mais ainda, a cultura intensiva, o tanto que dentro da agronomia portuguesa se desenha hoje com nitidez o precisão um corpo de .doutrina que tende a resolver o problema do abastecimento próprio do país por métodos do cultura intensiva, o não por métodos extensivos.

Dizem, e suponho que com verdade e lógica, alguns dos mais ilustres agrónomos, que nos podemos bastar a nós próprios, pondo em cultura intensiva os terrenos que actualmente estão adstrictos a qualquer cultura agrícola e deixando para depois a utilização dos incultos baldios ou terrenos de grandes extensões que precisam do correcção.

Keputo esta fórmula mais económica e mais rápida para obtenção dos fins que pretendemos.

É claro que com adubos podemos fazer muito, mas não podemos fazer tudo.

Nós temos uma indústria grande do su-perfosfatos, m.is, como V. Ex.a sabe, os terrenos não exigem só superfosfatos; exi-

gem adubação completa para que não se perturbem as leis a quo obedece a fisiologia florestal.

Necessitamos assim de fabricar em Portugal adubos azotados para fazer fortalecer os nossos campos exaustos por muitos motivos.

Suponho que caminhamos para o abas» tecimento do país pela sua própria cultura.

A cultura intensiva é um facto onde ela não existia há pouco, e grandes tratos de terrenos têm sido chamados à cultura, e isto é devido mormente as subvenções dadas pelo Estado à cultura mecânica e prémios concedidos a muitos lavradores quo mobilizaram terras até aí incultas para a. produção.

Referiu-se V. Ex.a ao caso particular da aquisição de fava exótica, e realmente-disse toda a verdade, quando afirmou que-este assunto tinha sido submetido ao estudo do Conselho de Comércio Agrícola o qual opinou por uma importação, ato 30 de Abril, de 6 milhões de quilogramas,. o que obrigava a um rateio, requerimentos submetidos ao examo da Bolsa Agrícola, etc.

Eu não concordei com esse método, embora aceite em princípio que há falta de fava exótica.

O quo não posso admitir, porém, é uma importação condicionada por rateio, porque sei q ao quando se autoriza a importação do uma certa quantidade de um determinado produto os requerimentos apa-Tecem de chofre na Bolsa Agrícola, e como-os importadores sabem que a quantidade-está limitada a tal número do quilogramas ou de litros, pedem logo o máximo, por vozes quantidades absolutamente disparatadas, para depois no rateio lhes caber alguma cousa.

Toda a gente vai requerer, ao passo, que quando se trata de importação sem limite os importadores, não sabendo uns-dos outros e receando que cada um importe a mais das suas necessidades, não importam nada com receio, ropito, uns dos outros.