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942 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 89

ceia e atrasa o rendimento da que nas colectividades se pratica.
No seio destas existem, além disso, prejuízos de vária ordem, tais como deficiências de instalações e de apetrechamento, dificuldades materiais e outros impedimentos, agravando uma situação que, em ultima análise, se reflecte no nível físico-desportivo da população.

4. Importa, portanto, estabelecer a uniformidade de pontoa de vista que oriente n uni único sentido a educação física nacional; promover a íntima cooperação entre os organismos oficiais e os privados; proporcionar à obra destes uma assistência eficaz.
Supomos que a execução de parte importante deste programa não implica muito mais do que adoptar algumas disposições pouco onerosas, e que, além de economicamente suportáveis dentro até dos orçamentos ordinários, seriam facilmente aplicáveis sem grande perturbação da actual orgânica escolar.

5. Quanto à uniformização do ensino de ginástica, é necessário pôr de harmonia, uns métodos e na sequência, a actividade oficial e a privada. Se bem que o pessoal docente da ginástica seja o mesmo tanto nos liceus como nos estabelecimentos particulares de educação física, as orientações pedagógicas diferem radicalmente de um para o outro meio, com manifesta e comprovável superioridade do ensino particular.
Também já dissemos, e queremos agora sublinhar, que o rendimento deste será muito superior quando tiver no ensino público, em vez de obstáculos, a base donde parta a sua acção.
Não havendo nesta desigualdade de processos, se não antagónicos, pelo menos divergentes, aspectos pessoais de irredutibilidade de critérios, o problema da uniformização do ensino da ginástica resumir-se-á, pois, às questões de organização. E tornando-se, por enquanto, forçoso prescindir da participação das escolas primárias, que ainda não dispõem de instalações para ginástica, só teremos que encarar o caso nos liceus ou escolas técnicas abrangendo períodos etários equivalentes.
O problema apresenta três componentes:

a) Programa;
b) Horários;
c) Capacidade das instalações.

6. A modernização dos métodos de ginástica do ensino público é uma necessidade premente, quer no lado técnico, quer no pedagógico.
A organização de programas de ginástica é, tecnicamente, uma tarefa fácil nas mãos de pessoal especializado e urge que a ela se proceda dentro de certas normas, tendo em vista as vantagens atrás assinaladas da uniformização de ensino de ginástica.
Os esquemas-tipo de exercícios físicos a estabelecer não devem, portanto, diferir dos seguidos nas colectividades desportivas, mais pressurosas em adoptar a evolução experimentada pela ginástica noutros países, que, forçoso é reconhecer, são muito mais experientes na matéria e cujo exemplo não vemos razão para desprezar.
Os esquemas-tipo devem ter em vista a distribuição de alunos por agrupamentos homogéneos quanto a idade fisiológica e aptidões físicas naturais ou adquiridas, homogeneidade que, no decurso da vida liceal, se pode considerar garantida pela constituição de quatro agrupamentos.
Se bem que a ginástica oficial deva, sobretudo, ter em mira efeitos higiénicos, é necessário que não deixe de forjar certas faculdades que facilitem, ao educando a prática ulterior de exercícios especializados, em desporto ou ginástica, de modo a tirar deles o máximo proveito dentro da mais perfeita execução.
Esta exigência impõe duas regras na elaboração de programas: quanto a ginástica, a adopção de esquemas com exercícios apropriados à sua evolução e aperfeiçoamento na prática extra-escolar e pós-escolar; quanto a desportos, além da preparação geral que a ginástica faculta, a instituição de treinos de iniciação desportiva, em que se adquire decisão, intrepidez, serenidade e outros recursos que são apanágio do verdadeiro desportista.
Ao desporto nacional, quer universitário, quer corporativo, ou quer clubista, falta precisamente essa fonte de preparação generalizada onde recrutar elementos que o elevem a um sofrível nível internacional.

7. Uma das maiores dificuldades para levar a efeito qualquer reorganização da educação física no ensino secundário é, sem dúvida, o estabelecimento de horários apropriados. Efectivamente, a organização de classes de ginástica por agrupamentos homogéneos, e não por turmas, exige que cesse quase toda a actividade escolar nas horas destinadas à ginástica, uma vez que os alunos de um mesmo grupo (1) serão recrutados em várias turmas, sobretudo nos primeiros tempos de tal. organização, em que é de esperar frequentes e acentuadas divergências entre idades cronológicas e fisiológicas dos educandos. A própria aplicação do sistema irá a pouco e- pouco desvanecendo tais diferenças, sendo de admitir que em breve tempo se atingisse u desiderato de a divisão por turmas não contrariar a homogeneidade fisiológica dos constituintes. A questão dos horários ficará, deste modo, substancialmente simplificada.
Admitimos que, por enquanto, se encare com relutância destinar às práticas gimnodesportivas as melhores horas do dia escolar ... que são das 11 horas às 12 horas e 30 minutos e das 15 horas e 30 minutos às 17 horas. Mas não vemos sólidos obstáculos a que esse hábito se institua e a ele se subordine a elaboração dos horários.
Há que ter em vista que se trata da saúde pública, de acudir à imperiosa necessidade de por todos os meios sustar o declínio evidente da robustez física populacional.
Tal remodelação irá decerto encontrar o melhor acolhimento entre a população escolar, e está sobejamente provado, até por experiências feitas com esse fim demonstrativo, que uma actividade física bem conduzida influi consideràvelmente no rendimento intelectual dos estudantes ...
Dentro das horas propostas prevê-se o estabelecimento de sessões de ginástica, de apenas três quartos de hora de duração, u semelhança do que hoje se adopta nos clubes desportivos com o fim de atender maior número de praticantes e se mostrou ser suficiente para a boa execução de um esquema completo.
Nos liceus teria a vantagem de distribuir os agrupamentos homogéneos por maior número de classes, evitando superlotações pouco pedagógicas. A grande maioria dos liceus conta hoje com um número de inscrições que elevaria a bem mais de uma centena os constituintes de qualquer dos agrupamentos homogé-

(') Torna-se evidente que, por grandes que sejam as diferenças constitucionais, mio é provável que um menino agrupamento abranja alunos do 1.º e do 3.º ciclos e dos anos extremos do 2.º, havendo, portanto, possibilidade do continuar o funcionamento do algumas turmas durante aquelas horas.