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13 DE DEZEMBRO DE 1938 41

támos o vexame da convenção secreta para a partilha das colónias portuguesas, e pelas finanças suportámos ainda há pouco a humilhação da negação dum empréstimo externo.
Fixaram-se, ao longo dessas dezenas de anos, três tipos de crise: a crise técnica, porque os homens, vindo do culto das abstracções e das lutas da tribuna e da rua. com dificuldade a sua mentalidade se adaptava à disciplina necessária ao estudo das contas públicas e da técnica dos orçamentos; a crise moral resultante da crise dos números, das quais resultava a crise política, tendo por expressão habitual a desordem na praça pública.
Assim vivemos, até que um dia o que era um problema fundamental passou a ser um problema, vital. Sucedeu então que, como uma criação do instinto da salvarão nacional, surgiu um homem de trinta e oito anos, que poucos anos antes, me parece, tinha sido discípulo de V. Ex.ª, Sr. Presidente, na Universidade de Coimbra, ao qual coube a glória de lazer terminar esses três tipos de crise, com a sua indefectível personalidade moral e com a sua altíssima competência técnica. Êsse homem é o mesmo que sobraça ainda hoje a pasta das Finanças, e é a êle. por consequência, que vamos confiar este instrumento, que é a lei de meios, a que podemos chamar com propriedade os meios de defesa da soberania interna e externa, da Nação.
E se há poucos anos Portugal se pude permitir, perante o mundo inteiro, na Sociedade das Nações, por uma antecipada compreensão da evolução da política europeia, opor-se à entrada da União dos Sovietes para aquela Sociedade, se pôde na questão colonial deixar de ser o que sempre fôra, uma presa apetitosa, se. perante a questão da Espanha, nos permitimos impor à Europa, a, lúcida visão de quem compreendeu, desde a primeira, hora, que a civilização do Ocidente se estava debatendo à nossa porta, se conseguimos manter essa atitude em defesa da dignidade e da independência deste País, foi apenas por uma única, razão: porque Portugal não era, não é uma colónia financeira de alguém.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por consequência, Sr. Presidente, eu não venho aqui analisar tecnicamente esta lei, para o que me falta a mais elementar competência - e de
Resto essa análise já aqui foi detalhadamente feita pelos meus ilustres antecessores nesta tribuna, que reconheceram que êsse documento, vindo das mãos de S. Ex.ª o Sr. Ministro das Finanças, chegou a esta Assemblea num estado de quási absoluta perfeição -, mas sim [...] perante o País - e pronunciando estas palavras estou certo de interpretar o sentimento unânime da Assemblea - que, ao discutirmos e aprovarmos esta lei, fazemo-lo com plena e profunda consciência política e histórica de que confiamos ao Sr. ministro das Finanças, repito, e nunca será de mais repeti-lo, um meio de defesa da soberania interna e externa da nação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
Continua na sessão de amanhã a discussão, na generalidade, desta proposta de lei.
Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 12 minutos.

O REDACTOR - Carlos Cília.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA