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3 DE FEVEREIRO DE 1955 483

criação de estações agrárias, devidamente dotadas e apetrechadas, enunciadas no magnífico relatório que precede o Decreto n.º 27 207, acrescem, na hipótese, outras especificas, que importa enumerar e encarecer.
Na verdade dificilmente se concebe que uma província cuja principal actividade é a exploração agrícola e pecuária em larga escala, bem conhecida pela alta produtividade dos seus «barros» famosos, que lhe valeu a designação -tão justa quão honrosa- de celeiro do País, não disponha ainda de um organismo especialmente destinado a ministrar ensinamentos em matéria de arroteamento, preparação e adubação do solo, selecção e desinfecção de sementes, práticas de sementeira, melhoramento de searas mal e bem nascidas, plantação de árvores e assistência às mesmas, escolha e tratamento de gados, selecção e apuramento de raças, e em outros domínios, interessando ao granjeio da terra, em ordem a aperfeiçoar e racionalizar os métodos de cultura e fruição do solo e, enfim, a aumentar o rendimento por unidade de superfície, que o mesmo é dizer valorizar a riqueza nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Acentuarei que num distrito com a particular feição e especiais características do de Beja muito há a esperar, no plano do social, de outras funções assinaladas às estações agrárias pelo artigo 75.º do Decreto n.º 27 207, sobretudo das que visam ao melhoramento da preparação profissional dos trabalhadores da região e à tão necessária e humana elevação do sen nível de vida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-À semelhança da estação especializada para melhoramento de plantas, que a alta competência e a inquebrantável vontade do Prof. Vitória Pires, actual e ilustre Subsecretário de Estado da Agricultura, logrou erguer em Eivas, ao cabo de porfiados esforços e ininterrupto labor, a Estação Agrária de Beja servirá, em larga medida, de escola, estimulo e incentivo para quantos se entregam à faina dura e, tantas vezes, ingrata de arrancar à terra o pão dos Portugueses.
E com segurança se poderá vaticinar a tão almejada estação agrária o mais rotundo sucesso, certo como é que virá a servi-la e a honrá-la a brilhante equipa de técnicos que há anos trabalha, com inexcedível dedicação, na brigada da XIV região agrícola, sob a douta e esclarecida direcção do antigo e distinto parlamentar engenheiro Mira Galvão, a cuja superior competência e bem comprovados méritos a agricultura e a economia portuguesas devem serviços relevantes e de valor inestimável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Mas, Sr. Presidente, o problema tem antecedentes, que não evitarei fixar em rápido bosquejo.
Efectivamente, no dia 23 de Setembro de 1942 o então governador civil de Beja, hoje muito digno ornamento desta Câmara, Dr. Manuel de Magalhães Pessoa (apoiados), espirito culto e empreendedor, o incansável . artífice das luzidas comemorações do 7.º centenário das Cortes de Leiria de 1254, o então governador civil de Beja, dizia, em reunião expressamente convocada para o efeito, da qual participaram as mais gradas e representativas individualidades do distrito, anunciou oficialmente e com formal solenidade ter o Governo resolvido dotar a província do Baixo Alentejo de um importante melhoramento - uma estação agrária, obra indispensável, acentuava, numa região essencialmente agrícola.
E poucos dias depois a Federação Nacional dos Produtores de Trigo adquiria, por titulo de compra, um tracto de terreno que exactamente se destinava à instalação da estação em referencia.
A boa nova foi recebida com alvoroçado júbilo e festivamente celebrada pelas esforçadas e laboriosas populações do Baixo Alentejo, já habituadas a admirar nos Governos do Estado Novo o escrupuloso cumprimento das promessas feitas s bem familiarizadas com as nobres virtudes de uma séria e saudável política de realizações, sempre atenta aos interesses vitais da Nação e solicita na adopção de providências tendentes a fomentá-los e a servi-los.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-A chamada «lavoura alentejana» compreendeu de pronto o vastíssimo alcance de tão notável empreendimento e exultou pela sua breve efectivação, segura de que lhe fora concedido um benefício de precioso valor.
Repetiram-se e sucederam-se os protestos de louvor e reconhecimento ao Governo, que assim se revelava compreensivo dos mais transcendentes problemas da vida da Nação e disposto a assegurar-lhes solução adequada e conveniente.
Por sua vez a imprensa local, em dias consecutivos, dedicou ao acontecimento os seus editoriais, acentuando que a lavoura regional acabava de contrair para com o Governo uma posada dívida de gratidão e emprestando ao prometido melhoramento o maior realce, pela profunda e benéfica repercussão que lhe estava reservada na província do Baixo Alentejo e no conjunto da economia nacional.
E, por portaria de 6 de Outubro de 1942, de inspiração do eminente professor e ilustre director do Instituto Superior de Agronomia, engenheiro André Navarro, figura marcante da sociedade portuguesa, à data ilustre Subsecretário de Estado da Agricultura e, de sempre, denodado e entusiasta paladino da pretensão que advogo, foi nomeada uma comissão para proceder aos estudos necessários para a instalação da Estação Agrária de Beja.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Tudo fazia supor, na verdade, que esta depressa se volveria em magnifica realidade.
Não sucedeu porém assim e - reconhecemo-lo com profunda mágoa- até a data os trabalhos da sua instalação não foram sequer iniciados.
Devo esclarecer, em homenagem à verdade, que, segundo informações que colhi no Ministério da Economia, o facto não significa desinteresse por tão necessário e esperançoso empreendimento e nem menosprezo pelo generoso espírito que informou o Decreto n.º 27 207 e a portaria de 6 de Outubro a que aludi.
Bem pelo contrário, aquele departamento do Estado fez tudo quanto estava ao seu alcance no sentido de proporcionar ao distrito de Beja a estação agrária que lhe fora oficialmente prometida.
Assim, encarregou um arquitecto de reconhecida competência de elaborar o respectivo projecto, pagou-o, e só não levou a efeito a realização da obra por não dispor para tanto dos indispensáveis recursos financeiros.
A ideia de dotar a província do Baixo Alentejo de tão poderoso instrumento de progresso e de fomento continua presente e bem viva naquele sector da Administração ; simplesmente, o projecto em referencia haverá de ser actualizado e ajustado ao condicionalismo presente, para que, ao depois, através do Ministério das Obras Públicas, os trabalhos se iniciem e levem a bom termo