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11 DE DEZEMBRO DE 1959 141

toda a produção de tão apreciado produto, susceptível da mais variada aplicação, que vai do emprego na alimentação do homem e dos animais até à obtenção do álcool e de produtos químicos de uso medicinal e industrial.
Como medida de urgência, pede-se ao Governo que promova o necessário para pôr em execução o que no relatório sobre a industrialização e comercialização, feito pela comissão para isso nomeada, se recomenda e seja de reconhecida utilidade
O relatório deve ter assinalado a multiplicidade do emprego e as dimensões do mercado da alfarroba, pelo que se espera que por efeito dele se abram novos horizontes ao aproveitamento deste produto, designadamente para uma industrialização mais apurada de grainha e o englobamento da alfarroba nos produtos referidos para saldar o déficit da produção nacional o álcool, que é da ordem dos 2 000 000 l em cada ano, e um consequente ajustamento de preços
Neste particular há que ter em conta que o Algarve, da sua produção anual de figo, tem de encaminhar para a destilação cerca de um quarto, ou sejam 250 000 arrobas, de figo não comestível, e que não pode ser consumido na pecuária como ração ou engorda de gado, por ser antieconómico.
Outra faceta a encarar é a de que não se coloque a indústria de destilação de alfarroba na posição de pedir medidas de protecção que dificultem ainda mais a livre venda da sua matéria-prima, com os mesmos argumentos que foram, utilizados para a protecção à industrio, de farinação de grainha.
A confirmar-se o estudo feito, que diz que a alfarroba pode produzir álcool a preço mais barato, pagando-a 30 por cento mais caro que o preço ultimamente posto a correr, não é de admitir esta contingência.
Quanto a comercialização, pede a lavoura que lhe sejam proporcionados meios que lhe permitam transaccionar os seus produtos com conhecimento de cansa e sem a pressão das suas dificuldades financeiras constantes.
Para este mal julga-se que muito se pode conseguir por iniciativa das organizações da lavoura, utilizando os meios corporativos ou cooperativos que os seus estatutos facultam, com a ajuda da assistência financeira que o Fundo de Melhoramentos Agrícolas permite, reforçado com as verbas anualmente inscritas no Plano de Fomento.
Para a armazenagem de produtos agrícolas ainda se pode recorrer a financiamentos a conceder pelos Fundos Autónomos do Fomento de Exportação e do Abastecimento e a empréstimos a solicitar a instituições de crédito particular e aos organismos de coordenação económica e corporativos.
Para se tomarem iniciativas desta ordem têm os homens que estão à cabeça dos organismos de estar seguros dos passos que vão dar e contar, para os dar confiadamente, com o perfeito entendimento e solidariedade dos associados, o que não é fácil conseguir em meios em que o espírito individualista está nos hábitos.
Hábitos que têm de ser contrariados, mostrado que a defesa dos interesses individuais está na constituição de um aglutinado de vontades que se disponha a trabalhar em comum, bem comandado, pelo bem comum.
Este é o caminho mais seguro para se atingir o bem individual e a paz em sociedade.
Termino as minhas considerações com um apelo ao Governo para que bem se esclareça acerca daquilo com que o Algarve pode contribuir para o êxito da nossa renovação económica, ouvindo com atenção as solicitações e sugestões que lhe forem apresentadas pelos categorizados representantes das actividades algarvias, que, depois de medirem bem as suas responsabilidades e o poder regional que lhes está entregue, hão-de aderir com entusiasmo e o melhor da sua inteligência e saber ao movimento nacional, vencendo imobilismos suicidas e pondo de banda lamentações que nada resolvem, para integrar os recursos do Algarve na nova economia, que, para ser a revolução económica de que estamos precisados, tem de contar com todo o agregado português numa colaboração harmónica e equilibrada para se chegar à prosperidade e ao nível de vida que nos coloque no plano económico- e social dos nossos parceiros da Associação Europeia do Comércio Livre.
Tenho dito

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr Cardoso de Matos: - Sr. Presidente a nossa imprensa, quer metropolitana quer ultramarina, tem-me proporcionado o conhecimento de afirmações de vária natureza, feitas em diferentes latitudes por entidades diversos, sobre a África e os seus problemas económicos, sociais e políticos. Naturalmente têm sido visadas as nossas províncias, designadamente a de Angola Algumas dessas afirmações, demonstrativas de conhecimento de causa e isenção de quem as proferiu - insuspeitas e destacadas personalidades estrangeiras - fazem justiça à situação daquela nossa província, apresentando-a tal como ela é e todos nós a conhecemos um Portugal em África, mais uma demonstração da vitalidade de um povo que deu novos mundos ao Mundo!
Infelizmente, afirmações houve que, por discordarem desta verdade, bem demonstram a máscara que não esconde as intenções de quem as proferiu ou o sectarismo político que tanto cega os homens.
Sr. Presidente, desejo deixar consignado nesta Casa a meu inteiro aplauso aos portugueses que em presença de afirmações como as que refere as não deixam passar em claro, antes virilmente se insurgiram contra elas, desmascarando os inconfessáveis propósitos que as motivaram ou a crassa ignorância demonstrada por quem o borda assuntos que nem elementarmente estudou
Por honestidade e carácter, bem cônscios de que a verdade não pode nem deve ser encoberta, sempre temos declarado que há na nossa província ultramarina de Angola problemas a resolver, e podemos acrescentar que à medida que uns vão sendo solucionados outros surgem, e felizmente. Dizemo-lo porque são uma manifestação do crescimento constante que ali se processa e que tanta admiração tem produzido em todos que têm tido a dita de a ele assistir.
Suo em regra problemas económicos os que se nos deparam; porém, a interdependência destes e dos político-sociais é manifesta, por isso que os não podemos esquecer, nem eles o têm sido.
Com as soluções que temos encontrado para os primeiros e atestam a nossa capacidade realizadora conseguimos sempre, e havemos de continuar a conseguir, anular todos os outros que noa surgiram e virão a surgir.
Para tanto têm-nos bastado os nossos recursos, e especialmente agora, que os estamos a aplicar, em escala muito maior, em execução do II Plano de Fomento, cuja grandeza ninguém contesta, não sofre dúvida de que continuarão a ser suficientes.
Não necessitamos, portanto, de qualquer espécie de ajuda, quer moral, quer material, embora nos sintamos gratos ao interesse dos nossos amigos, quando em intenções inconfundíveis, manifesta e claramente alinham a nosso lado
Porém, a todos aqueles que estão descobrindo em si próprio e insuspeitadas vocações de administração que