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318 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 148

nalismos e racismos de povos atrasados, gerando, assim, perigosa anarquia em vastos territórios dos continentes asiático e africano e preparando meio propício para o fácil germinar de todas as sementes de subversão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, o comunismo russo, praticando, no seu dilatado espaço, uma preparação técnica e económica francamente dirigidas, por forma a estimular a criação de bens de uma indústria posada e assim armazenar material bélico suficiente para as grandes ofensivas do futuro, semeia, pelo contrário, para cá da «cortina de ferro», e a semente tem germinado bem, uma euforia de novas necessidades de bens de consumo que as metrópoles da moda diversificam ao máximo. E, paralelamente, acompanhando este desgaste incomensurável de riquezas, vai estimulando o comunismo, o dessoramento dos costumes, por via de uma literatura pré-fabricada nas suas oficinas de dissolução e que difunde especialmente entre a juventude, conseguindo por esta forma acentuar a anemia das resistências pelo desaparecimento das virtudes. Não nos deve, pois, admirar que instituições que deveriam sor apenas destinadas a premiar valores indiscutíveis, excepcionais, da inteligência e da cultura, se encontrem hoje enfeudadas a uma política de sectores de duvidosa acção, nesta luta de vida ou de morte que o Ocidente trava com o mundo comunista. Assim, também, não nos deve admirar, nesta acção contínua de sabotagem desenvolvida pelo inimigo, que, por exemplo, foguetões americanos vão estoirando, nos vários andares, como peças de fogo de vista do nosso delicioso Minho ou que fabricas de aço, na América do Norte, paralisem durante meses a vida industrial dessa grande nação, quando factos como estes na livre Rússia, caso se verificassem, logo se extinguiriam, porém, por processos que é inútil referir, por serem de todos conhecidos. Não deve constituir também motivo de admiração que alguns cubanos, nas barbas da América do Norte, se disponham a instalar um foco de irradiação comunista, que já vai tendo desagradáveis reflexos em alguns países sul-americanos. E como admitir, também, por outro lado, que, em pleno Paris, continuem a morrer parisienses, simples e involuntários espectadores de ferozes lutas entre agitadores norte-africanos?
Quando tudo isto e muito mais é possível na época que decorre, factos que até muitos insistem ainda em considerar como definidores da superioridade das livres democracias, não podemos deixar de afirmar, embora nos contriste fazê-lo, que, infelizmente, trabalham a soldo do império russo muito mais espiões e traidores que a maioria dos ocidentais poderia supor. A dificuldade em os denunciar e classificar reside apenas no desenvolvimento da técnica do mimetismo político em que os especialistas russos se tornaram verdadeiros mestres e no número elevado de alunos que têm para cá da «cortina de ferro».

(Assumiu a presidência o Sr. Deputado Joaquim Mendes do Amaral).

Vem todo este arrazoado como simples prólogo de algumas intervenções que me proponho fazer nesta Assembleia sobre aspectos políticos, económicos e sociais, consequentes de uma atitude do mundo ocidental, que representa, a meu ver, o primeiro passo importante dado nos últimos tempos no sentido de acrescer, por forma efectiva, à sua defesa. Trata-se, na realidade, de uma defesa concebida segundo a única forma que considero profícua, isto é, levando o cabo uma ofensiva, em moldes adequados, contra o trabalho destrutivo conduzido pelo inimigo e tendo em atenção os principais objectivos que ele pretendo, neste momento conjuntural, atingir.
O Plano Marshall evitou, na realidade, no fim da última guerra, que o mundo do Ocidente caísse, por inanição, nas garras do comunismo. As organizações subsequentes de carácter político, económico e social consolidaram o inteligente plano ideado por esse notável estadista americano recentemente desaparecido. Faltava, porém, que o Ocidente realizasse o indispensável trabalho de procurar estimular a vida económica e social dos países menos evoluídos e corrigir também as desigualdades sociais mais gritantes, dando por essa forma a todos os povos situados para cá da cortina de ferro condições para poderem usufruir, progressivamente, dos benefícios da civilização que os ilumina.
Organizado o mercado dos seis para materializar mais uma utópica ideia, quem sabe se estimulada pelos peritos da União Soviética, de abolir, a par das fronteiras económicas, a autoridade nacional, pela criação de um superestado europeu, surgiu em outra banda da Europa o bom senso, representado pelo bloco dos sete, tendo, de facto, o mesmo objectivo de eliminação das fronteiras alfandegárias, que artificializaram a vida económica e social do Mundo, permitindo, porém, que continuem a florescer as nacionalidades, principal viço da unidade da civilização do Ocidente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Presentemente estão-se realizando os primeiros trabalhos para que essa nova força só generalize a todo o continente europeu - para cá da «cortina de ferro» - e a ele se associem os Estados Unidos e o Canadá. E uma vez conseguido, em bases sólidas, esse desiderato, ter-se-á estruturado, de facto, a grande ofensiva com que o mundo ocidental poderá fazer valer então, neste século que decorre, os seus incontestáveis direitos de continuar a ser mentor de novas civilizações.
As perspectivas que resultam dos acordos previstos obrigam-nos, porém, a todos, países pobres e países ricos, e a nós especialmente, país de larga expansão territorial, abrangendo vastas zonas em estado imperfeitamente evoluído, a caminhar por directrizes bem diferentes daquelas que o clima dos nacionalismos económicos tinha imposto em fase já ultrapassada da história contemporânea. A série ale bataglias dei grano e tantas outras campanhas da produção levadas a cabo no sentido da auto-suficiência económica, sem olhar sèriamente a problemas de níveis de existência e de justiça social, deu lugar a um clima bem diferente de adaptação das actividades nacionais às possibilidades reais do meio, evitando os artifícios que possam conduzir a acréscimos de custos de produção e a declínios de níveis de existência social.
Não serão assim admissíveis de futuro iniciativas que conduzam ao aparecimento de mais unidades industriais parasitárias, nem auxílios para manutenção das existentes além do que for considerado necessário para a sua reestruturação, sob pena de estarmos a contrariar a louvável iniciativa que tem por fim melhorar as condições de vida de todos os povos da Terra. Como também não se poderá olhar, apenas, de futuro, sob o prisma restrito da economia de uma unidade ou de várias unidades empresariais ou ainda mesmo de um sector, na resolução de problemas que lhes digam principal respeito, quando sabemos, hoje, que a economia e a vida social só dilataram a espaços muito mais largos e que também qualquer injustiça social, embora circunscrita, mas não rectificada a tempo, irá originar decerto