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7 DE ABRIL DE 1960 586-(3)

Com efeito, por motivo do desenvolvimento da emigração, o acréscimo demográfico no continente não atingiu os progressos que eram de prever, na base de períodos anteriores. O aumento, no continente não alcançou 1 por cento por ano.
A subida da capitação do produto bruto com base na estimativa do acréscimo da população representa cifra baixa em especial quando se avalia em lermos absolutos, apesar de nas mídias não ter sido levada em conta a concentração de rendimentos operada durante o período em análise.
Todos estes factos indicam a necessidade de um esforço muito sério no sentido de acelerar o crescimento económico, porque só desse crescimento pode derivar melhoria apreciável nas receitas públicas e progresso sensível nas capitações dos rendimentos. De contrário, os índices da; capitações nacionais continuarão a desenvolver-se numa lenta e penosa, ascensão, que nos distanciará cada vez mais de outros povos afins, com regime de vida e de progresso que é mister atingir.
Todas as esperanças parecem agora inclinar-se mim sentido de mais intensa industrializarão, e estes pareceres há muitos anos têm procurado desbravar caminho nesse sentido.
Mas o problema da industrialização mais intensiva debate-se num círculo vicioso, que é indispensável quebrar, sobretudo numa época em que os fabricos tendem a reduzir o número de operários por aumento até limites ainda hoje imprevisíveis da produtividade do trabalho pela automatização.
Ora a parcela da população activa nacional correspondente aos sectores da actividade, económica mantém as características nacionais do passado, com forte predominância da agricultura, silvicultura e pesca, à roda de 47 por cento, de menos de 27 por cento na indústria e de cerca de 26 por cento nos serviços. Por outras palavras, estas percentagens significam um considerável desequilíbrio no poder de compra entre as populações agrícolas u piscatórias, com rendimentos baixos, determinados pelo inferior contributo destas actividades no produto bruto, e os restantes sectores.
A lenta evolução do poder de consumo também provém desta anomalia, que só pode ser desfeita ou neutralizada pelo acréscimo da produtividade agrícola e consequente melhoria das rendimentos desta actividade e mais equitativa remuneração dos produtos..
Se não for aumentada sensivelmente a produção agrícola, com seus reflexos nos rendimentos dos consumidores que vivem da actividade agrícola, todo o esforço tangível de industrialização está destinado ou a fracassar na superabundância de produtos manufacturados, depois de satisfeitas as necessidades do mercado interno, ou a procurar mercados consumidores no exterior.
Parece não haver outra alternativa, e as coisas devem ser organizadas, pelo menos nos tempos mais próximos, no sentido de estender aos mercados externos o campo de acção das actividades nacionais relacionadas com n indústria o os serviços.
Será fácil esta tarefa na luta com países em que a produtividade atingiu o grau de perfeição bem conhecido num mundo- que procura conquistar mercados para as suas produções cada vez maiores?

Influências externas na economia nacional

6. Não é este o lugar para fazer uma análise das repercussões na economia nacional da constituição recente do mercado comum, que engloba uma vasta área povoada do mais do 150 milhões de consumidores, e da associação do comércio livre, da qual fazemos parte, e que. embora com menor número de consumidores, compreende países caracterizados pela alta produtividade dos seus métodos de exploração económica.
As perspectivas que decorrem destes dois acontecimentos, aliás salutares para os destinos e influência política da Europa e, possivelmente, a longo prazo, para a evolução da economia nacional, não são brilhantes no próximo futuro.
Tudo um árduo trabalho de reorganização nacional se impõe, em termos realistas e utilitários, alheio a utopias e a tendências que afastam muitas vezes o pensamento político da produtiva exploração de recursos materiais.
E nesta cruzada contra obstáculos que nascem ou nasceram da própria descrença nacional nos seus recursos materiais e humanos a orientação dos investimentos disponíveis e a escolha dos problemas a resolver ocupam, como tantas vezes aqui se tem afirmado, lugares de primeira grandeza.
A utilização de investimentos em uns que tendam a criar o maior somatório possível de rendimentos e a defender u produto do trabalho nacional na sua expansão exterior é, nas circunstâncias actuais, um imperativo de primeiro plano.

O financiamento da exportação

7. Escreveu-se acima que o mercado consumidor nacional é reduzido - e continuará a sê-lo ainda nos anos mais próximos. A colocação de produtos portugueses quer agrícolas, quer industriais, em mercados externos é, por esta e outras razões, uma necessidade fundamental, se for levado a efeito o grau de industrialização previsto. Sobre este aspecto do problema económico nacional há que encontrar soluções adequadas para algumas questões de grande interesse, e uma delas, por sua grande importância e relevo excepcional, refere-se aos métodos de financiamento das exportações.
Não é possível analisar agora a política de crédito que conviria estabelecer, com o objectivo de intensificar a produção interna em condições de produtividade adequada aos novos aspectos da vida económica nacional. Mas haverá talvez interesso em escrever algumas palavras sobre as necessidades de apoio à exportação, em termos que permitam o escoamento dos excessos do produção sem consumo no mercado interno.
Não é difícil, para a maior parte das produções industriais e agrícolas, estabelecer os limites dos consumos internos.
A estatística já dá elementos aproximados da produção industrial e agrícola, através dos quais se pode determinar um nível de consumos, naturalmente ascendente, e daí deduzir os excessos a colocar com mercados externos na medida do desenvolvimento da produção.
Por outro lado, suo conhecidas as condições de prazos de pagamento dos produtos exportados por muitos países, que podem, em certos casos, atingir anos. Esta política só e possível através de esquemas de financiamento da exportação, com garantia governamental ou sem ela, ou por esquemas de seguro de créditos.
Em qualquer caso o objectivo a atingir é facilitar a exportação com auxílio de financiamentos úteis, embora dentro de princípios de segurança.
O problema reveste-se de delicadeza especial que envolve o conhecimento em pormenor de mercados longínquos, exteriores, sujeitos a flutuações de natureza diversa, incluindo a política.