82-(120) DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178
a partir de então e até 1952 os seus pregos subiram, acompanhando a alta dos géneros chamados «coloniais», que dominaram posteriormente todos os mercados internacionais. Porém, foi o sisal uma das primeiras matérias-primas onde se verificou uma queda violenta de cotações: o excesso da produção sobre a procura, resultante de uma elevada produção de sisal brasileiro, deu lugar a uma queda vertical de pouco menos de 20 contos para uma média anual de 5 contos por tonelada em 1955 e para 4990$ em 1956.
Todavia, como se viu, a produção tem aumentado: na sua quase totalidade, ao que parece, utilizaram os plantadores de Moçambique os elevados lucros dos passados anos das altas cotações para apetrecharem as suas fábricas, modernizarem os sistemas de transporte e levarem a cabo um vasto programa de edificações.
Sob a orientação da Associação dos Produtores de Sisal, os plantadores têm mesmo coordenado a sua acção, contribuindo deste modo paru uma eficaz defesa do sisal de Moçambique nos mercados externos.
A produção de oleaginosas mantém também lugar destacado entre as actividades agrícolas da província: a cultura do coqueiro é sem dúvida, a mais valiosa de todas as actividades agrícolas dos nativos, com excepção dos géneros de consumo e das que praticam sob a orientação técnica. Dos 10 milhões de coqueiros que se presume existirem na província - com um valor que anda a volta de 1 500 000 contos -, 4 milhões são propriedade de grandes empresas, 1 milhão, de pequenos colonos e a milhões são de pertença de cerca de 300 000 nativos.
A castanha de caju é, em regra, um produto colhido pelos nativos nos cajueiros espontâneos e depois vendida ao comércio do mato para ulterior exportação, por intermédio das casas exportadoras indianas da província. Foi há anos constituída uma empresa para aproveitamento local da castanha de caju, mas a indústria encontrou, porém, grandes dificuldades na mecanização do descasque, de forma que está hoje a funcionar com base no descasque manual, o que tem como resultado um muito menor rendimento do que inicialmente se previa, tanto mais que tal processo dá ainda origem à depreciarão do produto pelas alterações físicas e químicas que o mesmo sofre devido ao excessivo e prolongado aquecimento do bálsamo extraído da casca da castanha de caju. Durante, os anos de; 1958 e 1959 foram realizadas experiências de diversos sistemas mecânicos tendentes a solucionar o problema, mas, ao que parece, não se atingiu ainda a eficiência desejada.
Conforme se verifica nos quadros atrás, em 1958 manteve o caju uma apreciável posição no quadro das exportação da província, mas ainda longe, todavia, das vastas possibilidades que uma intensiva e bem estruturada industrialização pode oferecer, no dizer dos técnicos.
Porém, em 1959 a produção baixou sensivelmente em relação ao ano anterior, o que prova o que atrás dissemos sobre a provisória ineficácia das diversas experiências mecânicas até agora realizadas sobre o produto.
É, no entanto, lógico esperar para um futuro próximo a desejada eficiência e consequente benefício económico, porquanto, ao que sabemos, prosseguem animosamente os estudos neste campo.
Por sua vez, a cultura do chá, hoje. também uma das de maior importância na vida económica da província, ocupa uma área que ultrapassa os 12 000 há, dos quais, porém, devido a circunstâncias várias, só 7500 ha se encontram agradáveis no volume das exportações moçambicanas, contribuindo com mais 1083 t no valor de 8836 contos, em relação a 1958.
A cultura de cana sacarina e a sua industrialização é também uma das mais importantes actividades económicas da província, quer pelo volume de capitais investidos e elevado número de trabalhadores que absorve, quer ainda pelo valor dos seus produtos: açúcar e álcool.
A produção de açúcar de 1959 foi, todavia, inferior à de 1958 em 18 270 t, no valor de 47 607 contos.
A cultura do tabaco, por sua vez, beneficiou muito com a inauguração, em 1955, do Proctor da Malena, embora os resultados obtidos até agora não sejam ainda os que parecia poder esperar-se desse melhoramento. Todavia, pela natureza e pelos vastos mercados que se poderiam abrir aos tabacos de Moçambique, esta cultura parece estar indicada para contribuir na intensificação da exportação de Moçambique.
De facto, o tabaco produz-se com relativa facilidade e, mesmo nos anos de colheita inferior, os resultados são geralmente compensadores. O Grémio dos Produtores de tabaco tem desenvolvido grandes esforços para satisfazer o escoamento do produto, tendo até, ao que se sabe, enviado a Lisboa uma sua delegação com o objectivo do contactar com os principais fabricantes metropolitanos. Assim, embora haja problemas relacionados com a sua coloração, pode dizer-se que foi em 1959 satisfatória a posição do tabaco na economia de Moçambique.
Das culturas de géneros de consumo nativo, além da mandioca e do amendoim, merecem referência especial a do arroz e a do milho.
A cultura do arroz faz-se dentro de um regime que se aproxima do que vigora para a do algodão. Por esse motivo, a orizicultura, embora antiga na província, só lá alcançou grande desenvolvimento depois que, por virtude daquele regime, se fizeram as demarcações das áreas de cultura onde o concessionário tem o exclusivo da compra para descasque do cereal.
Todavia, verifica-se em Moçambique um fenómeno semelhante ao que se deu na metrópole e na Guiné: a cultura do arroz não conheceu dificuldades até ao auto-abastecimento da província. Ultrapassadas que foram, porém, as forças de procura interna, logo se debateu com os problemas que resultam da existência de excedentes para os quais se não descortina comprador.
Macau, o Estado da índia e a União da África do Sul eram mercados em potencial. Mas o comércio internacional de arroz tornou-se difícil, não sendo raros os produtores que ao mais leve desequilíbrio entre a produção e o consumo se mostram dispostos a fazer pesados sacrifícios para vender.
O exame retrospectivo do ano orizícola de 1959 permite-nos verificar que a produção foi superior à de 1958 e que a deste ano o foi à de 1957, mas que, devido à fraca, produção deste último ano, cresceram as exigências de consumo interno em 1958, obrigando nesse ano a, em Abril, se utilizarem já para consumo arroz das suas primeiras colheitas, o que teve como consequência ter de se empregar o mesmo método em 1959.
O mercado internacional de arroz melhorou, entretanto, de forma notável, sendo de lamentar que a província não dispusesse de stocks que lhe proporcionassem uma exportação vultosa.
A cultura do milho deu lugar a produções que atingiram milhares de sacos: segundo mi meros do Grémio dos Produtores de Cereais, a produção de milho foi por parte dos agricultores europeus de 150 000 sacos e por parte dos nativos de 60 000 sacos.
Todavia, a técnica agrícola destes últimos continua a ser muito rudimentar, mantendo-se, no entanto, de uma maneira geral, uma certa tendência para melhoria nas práticas do cultivo em toda a província.
A fruticultura - bananas e citrinas - teve um ano satisfatório, mau grado a redução nas exportações de