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13 DE DEZEMBRO DE 1962 1505

desengano, e, como disse Salazar, «... a guerra nos precisos termos em que foi lançada, isto é, para domínio exclusivo de uma parte restrita do território aonde não pudesse chegar a afirmação e actuação do poder português - sim - a guera pode dizer-se que acabou, sem embargo de ataques esporádicos ...». Honra seja feita aos indómitos soldados, aviadores e marinheiros de Portugal que tão bem têm honrado, em terras do ultramar português, nesta época gloriosa da História Pátria iluminada pelo génio de um grande chefe, a sagrada bandeira das quinas. E as nossas homenagens vão também para o intemerato responsável pela luta sem quartel que foi necessário levar, paralelamente, a cabo contra inimigos internos e externos, na defesa dos meios materiais indispensáveis para a conquista de mais esta grande vitória das forças armadas de Portugal.
Teve Salazar, na sua admirável antevisão dos grandes problemas que a Nação teria de enfrentar neste período de viragem da história do Mundo, a decisão de colocar, no momento oportuno, à testa da finança pública esse modesto e probo servidor, justo e profundamente humano, estadista admirável, que, na solidão do seu gabinete de trabalho, onde paira bem vincado o espírito da Revolução Nacional conseguiu dominar, em luta contínua, as fortes arremetidas lançadas contra o nosso crédito. O prestígio do escudo saiu, porém, incólume desta dura luta, cujo vitorioso desfecho é bem padrão definidor de uma atitude irrevogável de tudo sacrificar em benefício da Nação e da civilização que representamos.
Apenas acompanhados, nesta difícil fase da vida nacional, por alguns povos amigos, e alguns recentemente convertidos à verdade portuguesa, somos, no entanto, no momento que passa, réus ainda quase isolados no tribunal que um mundo carnavalesco afro-asiático-eslavo e de traidores ocidentais ergueu, no palco do Mundo, para julgar quase dois milénios de civilização cristã.
Começam, porém, a desmascarar-se os actores deste drama e a caírem os ídolos de barro, arautos dessa cruzada de malfazer. Nehrus, Menons, Jânios, Dantas e Fidéis vários e tantos outros figurantes do mundo comunista e criptocomunista sentem fugir-lhes, a cada momento que passa, o aplauso espectacular das multidões desvairadas, que uma guerra total à escala do Mundo levou até às raias da loucura, perdidas a fé e o rumo da civilização que as informou e apenas atraídas pelas miragens enganadoras de um mundo erigido sobre os frágeis alicerces do material. E nesse desmoronar de impérios erguidos pela força das armas e não por influxos do espírito lá se divisam entre ruínas fumegantes além de torvos mentores de um mundo bárbaro os já conhecidos chacais, aproveitando os derradeiros momentos para arrecadarem algumas migalhas. Assim, vão espalhando mais armas de destruição e conquistando mais alguns filões de riquezas na mira de obterem sólidas posições financeiras e económicas no mundo de amanhã, que antevêem desenhar-se segundo os seus sinistros projectos de bem-estar, com total desprezo do verdadeiro sentido de harmonia social num mundo em que dois terços dos viventes não passa ainda das raias da miséria.
Não são outras as raízes da tenebrosa ofensiva que, presentemente, pretende atingir a Península, comandada pelo socialismo belga - desertor da África -, pelo trabalhismo inglês - liquidador do Império Britânico - e pelas inúmeras instituições italianas que, do neocomunismo khruchoviano ao progressismo milanês, disfarçado em cristão, lançam contínuos ataques, com a mira de destruir a solidez dos regimes que regem os povos peninsulares.
E para melhor se compreender o que passo a afirmar convirá não esquecer que, nessa mesma Itália, o destacado comunista Togliatti continua a ser o principal mentor desse ataque múltiplo, em que estão enquadrados partidos comunistas e criptocomunistas de vários países mediterrâneos, incluindo os da orla norte-africana e do Médio Oriente. E não vale a pena, agora, Togliatti perder tempo, que lhe é decerto precioso, a desmentir esta nossa afirmação de mentor de famigerados Andrades e Amílca-res, como o fez, anos atrás, quando referi a sua intervenção, directa, no então renovado movimento de agitação do comunismo peninsular. Pena é, assim, que a Itália, país donde irradiou a luz da civilização cujos primores espirituais constituem o grande elo que une os povos do Ocidente, seja hoje fulcro de movimentos cujas linhas de força se destinam a operar a destruição das próprias raízes dessa civilização.
Mal avisados estão os que se deixam ainda iludir pelos dissídios reais e aparentes do mundo comunista. «Os segredos do Kremlin estão bem guardados», dizia o general Billote, e seria bastante presunçoso, e ao mesmo tempo imprudente, tentar imaginar as verdadeiras intenções soviéticas, tanto mais que é característica da sua doutrina preparar planos compreendendo múltiplos desenvolvimentos de acção e de uma grande maleabilidade de aplicação. Como, também, não nos devemos deixar confundir com a sinceridade de ocasionais dirigentes de povos de recente formação e cuja mentalidade, dominada pelo materialismo económico, está sempre pronta a soluções de compromisso entre concepções inconciliáveis da vicia humana. Por isso, novos tratados de Tordesilhas, pactuados entre poderosos movimentos actuantes do mundo contemporâneo, terão, decerto, fronteiras flutuantes e, como tais, difíceis de definir. Os recentes casos de Cuba e da luta hindu-chinesa e as ameaças onusianas sobre o território catanguês, com ofensivas e defensivas mais ou menos simbólicas, mostram bem o carácter fictício de tão complexo jogo das forças internacionais dominantes no mundo da política e da finança.
Há, porém, um aspecto que é mister, para melhor definir com possível rigor o clima presente, entrar em linha de conta. Iï que um novo bloco ressurgiu, de facto, no pós-guerra e de certo modo primeiro quanto à antiguidade da civilização que o informa, dos valores de espírito que encerra, do seu potencial humano e, ainda, do progresso científico, técnico e industrial que revela em diversos sectores da actividade e que constitui hoje já importante centro de atracção para todas aquelas multidões ávidas de melhorar as suas condições de existência. E por isso, muito do que não se compreende do que se está passando entre povos que estavam ligados por estreitas afinidades e alianças, algumas antigas alianças, que o desmoronar de potenciais de riqueza deixaram de constituir real apoio, são tudo consequências que, nesta luta que se trava entre ruínas de um mundo que findou e outro que se ergue das suas cinzas, não permitem, de facto, fácil antevisão da viragem para o futuro. Por isso as palavras que passo a reproduzir do discurso lapidar do Sr. Presidente do Conselho são, decerto, para nós, aquelas que nos poderão traçar rumo mais seguro:
«Quando terminada a evolução do pensamento mundial», diz Salazar, «e desfeitas as nuvens emocionais que turvam as inteligências se vir aquilo por que verdadeiramente lutamos - o progresso dos povos que nos estão confiados a realizar pela única forma compatível com o seu modo de ser -, então será mais fácil a resolução dos problemas postos. Uma coisa, no entanto, haverá que lamentar: a O. N. U., se então ainda existir, não ouvirá