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17 DE JANEIRO DE 1963 1845

compensam ou porque os elementos cia natureza contra--iam uma boa produção, a situação económica Ao agricultor não vai nada bem.

O desânimo vai-se deles apossando e as esperanças vão-se desvanecendo, surgindo, sem alternativas, como única medida de sobrevivência, o abandono dos campos B, em tantos casos, o próprio abandono do País, através lê uma emigração, cuja clandestinidade supera a legal aalguns concelbos.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Aliados as circunstâncias de ordem económica, outros factores doo o seu valioso contributo pava a jecisão final do abandono da terra natal.

A coisa liga-se agora com a ocupação dos tempos livres: ele que passo a ocupar-me: u desejado e benéfico convívio familiar torna-se impraticável, dadas as totais faltas de conforto que as habitações oferecem. A casa, sobretudo para os homens, é utilizável apenas às horas de comer e de dormir e, mesmo nestes espaços de tempo, numa promiscuidade confrangedora e não menos confrangedor desconforto. À falta de melhor, é a taberna o grande centra de reunião das populações masculinas das aldeias da minha região. Ali se gasta o que ao sustento familiar faz falta; ali se ganham e aperfeiçoam vícios; ali se sentem vacilar e começam a enfraquecer os nobres sentimentos do amor de Deus, da Pátria e da família.

Em religiosidade, fala o vazio de muitas igrejas; em patriotismo, as ideias corrompidas e deletérias que aqui e além se vão incrementando, e quanto à família maus tratos, ruins exemplos e toda a gama de inconveniências que o excesso das bebidas alcoólicas constantemente provoca. O meio e o ambiente são verdadeiramente próprios e propícios a propagandear doutrinas importadas. E que o fio haja dúvidas quanto a facilidade da sua pregação e à natural tendência para a sua aceitação.

As propostas de um melhor nivelamento ou da inversão de posições, referentes ao trabalhador e ao senhor e possuidor das-terras, são verdadeiramente sedutoras.

Só a religiosidade consciencializada serve de dique e de motivo discordante. Só o cristianismo aparece como doutrina capaz de enfrentar o materialismo dissolvente.

Dos efeitos do abuso da taberna dão ainda notícia as estatísticas de criminalidade.

O mal é inegável e suficientemente conhecido. Por enquanto, apesar de desde há muito diagnosticado, continua a subsistir e a corromper, por falta de remédios adequados.

Ti certo que se vem notando, por parte dos reverendos párocos, grande interesse na edificação ou adaptação dos chamados salões paroquiais, verdadeiros centros de reunião paroquial, onde se respira um ambiente favorável à união dos povos; onde se ministram ensinamentos salutares ao cumprimento da lei divina; onde se afervoram os sentimentos patrióticos e se estrutura um amplo convívio familiar.

Ali se organizam festas, se pronunciam palestras instrutivas, se ensaiam e levam à cena os velhos e engraçados entremezes, tanto do agrado das populações rurais.

Ali se adquirem conhecimentos, se recreiam os espíritos e se estabelece um são convívio paroquial. A prática de inofensivos jogos representa, por outro lado, aliciante atractivo, que prende e entusiasma sobretudo as massas juvenis.

Trata-se, em resumo, de dar ao homem rural, no dizer do Santo Padre Pio XII, de inesquecível memória, um saudável divertimento. Dentro do sistema corporativo,

temos as Casas do Povo, que, com finalidade mais ampla, nem por isso deixam de dar satisfação as prementes necessidades culturais e recreativas dos trabalhadores rurais.

A existência de uma Casa do Povo, que execute com certo rigor e dedicação os fins previstos na lei, constitui valioso meio de valorização, defesa e fixação dos trabalhadores rurais aos povoados que os viram nascer.

Luminosa foi a ideia que em 1933 presidiu & criação destes organismos primários do sistema corporativo português. Através do Decreto-lei n.º 23 051 e dos mais que se lhe seguiram, todos atinentes ao aperfeiçoamento e extensão de princípios protectores das massas rurais, foi estruturada uma doutrina de valorização do trabalhador rural, que, uma vez transportada ao campo das realidades, muito contribuiria para u saúde, para u assistência, pura a previdência, para a cultura, desenvolvimento físico t: recreio, numa palavra, para u melhoria de vida K motivo de fixação das classes menos protegidas, por mais ligadas às actividades agrícolas.

Acontece, porém, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que, por exemplo, no distrito que aqui represento, constituído por 333 freguesias, existem apenas 20 Casas do Povo, sendo 5 destas instaladas em sedes de concelho. Refiro este último facto, apenas por supor que as freguesias rurais sentem mais a falta de Casas do Povo que as sedes dos concelhos. Se a exiguidade do número daqueles organismos de cooperação social juntarmos a falta de eficiência das suas actuações deixaremos reduzido a quase nada os benefícios resultantes da sua existência no distrito da Guarda. Não estou a criticar os quadros directivos, aos quais, de uma maneira geral, faltam mais os conhecimentos do que a boa vontade de servir.

Se houvesse que criticar referiria a falta de um quadro orientador que junto das respectivas direcções indicasse caminhos a seguir, propusesse soluções a adoptar e sugerisse realizações a efectuar. Assim se prestigiariam os organismos e melhor se serviriam as populações.

Temos que convir que, na impossibilidade de uma difusão maciça de Casas do Povo, pelas nossas aldeias, se impõe a incentivação de centros de reunião, que, na medida do possível, satisfaçam as suas exigências de sociabilidade de distracção, de cultura e até de desporto. Deste modo se contribuirá fortemente para contrariar o êxodo dos campos que se vem processando em ritmo assustador, não só por imperativos de ordem económica, como por falta de atractivos culturais e recreativos, que prendam, seduzam e aliciem.

E, por isso, que opinava pelo auxílio prestado pelo Estado as criações dos salões paroquiais, dada a garantia de que ali, com direcções superiormente orientadas pelo respectivo pároco, fortemente se contribuiria para uma melhor radicação dos eternos e tradicionais valores de Deus, Pátria e família, ao mesmo tempo que se daria um passo em frente para a fixação das populações rurais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O artigo 24.º da Lei de Meios trata da política do bem-estar rural, que se traduz no constante das suas quatro alíneas:

a) Abastecimento de água, electrificação e saneamento ;

b) Estradas e caminhos;

c) Construções de edifícios para fins assistências ou para instalações de serviços e construção de casas;

d) Matadouros e mercados.