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2228 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 87

O aproveitamento de Cambambe, cuja 1.ª fase se inaugurou no final de 1962, é o maior empreendimento que realizámos até agora neste sector da eletricidade.
Na central estão actualmente instalados dois grupos turbina-alternador de 65 MW (92 500 C. V.) de potência nominal unitária, estando prevista a montagem de mais dois.
A produção estimada é de 1020 milhões cie kilowatts, calculando-se que a 1.ª fase deste escalão tenha importado em 830 000 contos, financiamento realizado em parte pelo Estado.
As possibilidades do Cuanza. só no troço médio, estão avaliadas em 80 000 milhões de kilowatts, ou seja mais do dobro das possibilidades calculadas para todos os aproveitamentos hidroeléctricos do continente.
Daqui a importância que este pólo de desenvolvimento tem para Angola. Os fosfatos naturais, o ferro, o manganês, o calcário, o açúcar e o próprio algodão de Malanje, tudo se poderá comugar com os projectos já anunciados da produção do alumínio, de ferro-ligas e gusa, dos adubos fosfatados, para tornar este complexo uma das mais portentosas realizações do esforço português.
A barragem do Biópio alimenta uma central com uma potência instalada de 18 000 kVA (4 grupos turbo-alternadores de 4500 k VA), sendo a energia produtível de 35 milhões de kilowatts-hora.
O empreendimento, financiado na totalidade pulo Estado importou, com a linha de alta. tensão para Catumbela e a subestação de Catumbela, em cerca de 182 000 contos.
Quanto ao aproveitamento do Lomaum, com uma barragem do tipo tio de água. a potência total instalada será de 65 M W e a produção final estima-se em 226 milhões de kilowatts (1.ª fase: 83 GWh).
Finalmente, a Matala em cuja 1.ª fase o Estado despendeu 263 000 contos, tem uma potência instala-la de 34 000 kVA e produz 93 milhões de kilowatts-hora.
São ainda índices expressivos do progresso os consumos de electricidade.
Disponho neste momento de números relativos ao consumo da região de Lua-nda e do conjunto Lobito-Catumbela-Benguela-Baía Farta.
A região de Luanda consumiu em 1961 cerca de 68 milhões de kilowatts-hora ou seja mais 16,7 por cento do que em 1960. O conjunto encabeçado pelo Lobito consumiu em 1961 um pouco mais de 16 milhões de kilowatts-hora, ou seja mais 10 por cento do que no ano anterior.
Moçambique dispõe, além de outros abastecimentos menores ou privados, de dois grandes centros produtores e abrem-se-lhe, enormes perspectivas com o esquema de Zambeze.
Lourenço Marques, cuja central térmica (térmica I) tinha sido dada em concessão a partir de 1959 à Sonefe, viu entrar em funcionamento em Novembro de 1961 a nova central térmica (térmica II).
A potência disponível na central térmica I era de 12,5 MW e a potência, instalada na térmica II de 2 MW X 15 MW.
A produção da térmica I foi em 1961 superior, a 40 milhões de kilowatts. o que representou mais 19.5 por cento do que a energia produzida em 1960.
Quanto ao rio Revuè. com a central do Mavuzi, a 180 km da Beira, a central de pé de barragem da Chicamba e os futuros aproveitamentos de Muenezi, Tzate, Mavuzi e II serve a Beira, Vila Perry, a região de Ghimoio e ainda a Rodésia do Sul (Umtali).
De facto, o contrato assinado com a Rodesian Electricity Supply Commision deu origem em 1957 a fornecimentos da ordem dos 10 milhões de kilowatts-hora, que atingiam em 1961 61 milhões de kilowatts-hora.
A barragem Salazar tem uma potência instalada de 36 M W (3 grupos turbo-geradores de 12 MW) e produziu, em 1961, cerca de 138 milhões de kilowatts-hora.
Tal como fizemos para Angola, também referimos agora a evolução dos consumos em Lourenço Marques e na região da Beira.
Em 1961 Lourenço Marques consumiu mais de 85 milhões de kilowatts-hora, tendo o acréscimo relativamente a 1960 sido de 19,8 por cento.
Prevê-se que a capital de Moçambique consumirá em 1966 120 milhões de kilowatts-hora.
Na região da Beira os principais consumidores foram os serviços municipalizados da Câmara Municipal desta cidade, a Sociedade. Algodoeira e a Companhia dos Cimentos de Moçambique.
Os serviços municipalizados deram saída a 26,5 milhões de kilowatts-hora. ou seja mais 30 por cento do que em 1960.
A Sociedade Algodoeira consumiu 20 milhões de kilowatts-bora e a Companhia dos Cimentos 13 milhões de kilowatts-hora.
Mas é o Zambeze o grande reservatório de energia para Moçambique.
A fazer fé em estimativas realizadas, só os aproveitamentos principais produziriam a seguinte energia garantida:

Killowats-hora
Cahora-Bassa ............. 13,3 X 10 9
Panda-Unkua .............. 7,4 X 10 9
Becoma ................... 2.2 X 10 9
Lupata ................... 3.5 X 10 9
Lupata (jusante) ......... 6.4 X 10 9

Este manancial enquadra-se, de resto, no projectado desenvolvimento do vale do Zambeze. que poderá constituir para nós portugueses, a obra do século.
Embora correndo o risco de uma transcrição longa, julgo oportuno chamar de novo as atenções para este grande pólo de desenvolvimento da África Portuguesa.
Para conseguirem tal objectivo julgam as entidades que procederam aos respectivos estudos que se poderia ter em vista (cf. «Nota sobre o desenvolvimento previsto no vale do Zambeze», Hidrotécnica Portuguesa. Maio de 1962):

a) Desenvolvimento comunitário de algumas «zonas problema», afinal as de mais forte povoamento indígena, com vista à sua elevação económica e social e futura integração no circuito da economia monetária;
b) Ocupação orientada de algumas manchas agrícolas, cuja prioridade, foi estudada, através da criação de propriedades devidamente dimensionadas, a distribuir tanto a europeus como a nativos, de modo a constituírem núcleos populacionais estáveis e progressivos;
c) Alargamento da ocupação agrícola aos sectores da silvicultura - quer por plantações de exóticas, quer por protecção às essências indígenas - e da pecuária, tendo, sempre que possível, presente o desenvolvimento dos núcleos indígenas de exploração local já existentes e as futuras necessidades de consumo derivadas do acréscimo populacional;
d) Exploração intensiva dos recursos mineiros prospectados na bacia, dando prioridade, pela sua assinalada importância, à extracção e consequente aproveitamento in loco dos jazigos de