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29 DE MARÇO DE 1963 2223

abrem maiores perspectivas a este rico sector da produção de Moçambique.
Pode dizer-se que o milho é cultivado em todas as províncias ultramarinas. Mas Angola constitui o território onde essa produção assume importância considerável, até pelo relevo que tem na exportação.
Em 1961, Angola exportou 161 000 t de milho, no valor de 225 000 contos. Mais 37 por cento em peso e 36 por cento em valor do que as exportações realizadas em 1960.
Acontece, de resto, que se vem acentuando a preponderância dos mercados portugueses (Cabo Verde e metrópole) nas compras de milho a Angola.
Também se pode dizer que todas as províncias ultramarinas dão o seu contributo ao vasto sector das oleaginosas.
Angola, Guiné e S. Tomé oferecem-nos o coconote e o óleo de palma; Guiné e Moçambique o amendoim; Moçambique e Timor a copra. Isto sem referir outras produções menores ou aquelas que não entram nos circuitos de comercialização.
Assim, se nos reportarmos a 1961, verificamos que a Guiné exportou 126 000 contos de amendoim e 47 000 contos de coconote; Angola, 80 000 contos de óleo de palma e 53 000 contos de coconote e óleo de coconote; Moçambique, 226 000 contos de copra ...
Este sector enquadra hoje uma produção, comercialização e até industrialização de profundos reflexos na economia dos respectivos territórios. Basta salientar, quanto à Guiné, que o amendoim e o coconote constituem cerca de 85 por cento do valor anual das exportações da província.
De tudo isto resulta o interesse que há em renovar sementes e plantas, atender convenientemente à comercialização, transformar quanto possível os produtos nos respectivos territórios, diligenciar, em suma, para obter condições que tornem viável a concorrência nos mercados internacionais.
Também o sector das frutas e seus derivados poderá ser objecto de uma exploração muito mais intensa.
Cabo Verde e a Guiné, necessitadas de incrementar as suas produções e de diversificar as exportações, poderiam encontrar nos citrinos, na banana, no ananás e noutras frutas tropicais apoio para um melhor abastecimento interno e, sobretudo, valorização das balanças comerciais.
Angola, que ainda em 1961 importou 14 000 contos de frutas verdes e secas, prepara-se para figurar como grande exportador mundial de bananas. O empreendimento previsto vem a estimar-se, ao fim de quatro anos, numa produção de 90 000 t, o que, segundo as cotações, correntes, proporcionará à província 130 000 contos de divisas.
A partir da banana poderemos, de resto, obter extracto, sumo, conserva, compota, farinha, pasta, banana seca, banana cristalizada, flocos, pectina de banana, xarope e até forragem para o gado.
Mas também os citrinos, o ananás, o caju, a goiaba, a papaia, o morango, a manga, o maracujá, ou os produtos hortícolas (em conservas, sopas, purés, desidratados, pickles, etc.), são susceptíveis de animarem uma importante industrialização.
Moçambique, que importou em 1961, na rubrica de frutas não especificadas, quantidades no valor de 23 000 contos e já no 1.º semestre de 1962 tinha despendido 19 000 contos na importação de produtos hortícolas frescos e 11 000 contos de frutas frescas e secas, deve igualmente encarar com largueza a exploração das suas possibilidades nestes sectores.
E passo às florestas.
A publicação, em 21 de Agosto de 1962, do Decreto n.º 44:531, que aprovou o regulamento florestal aplicável às províncias de Angola, Moçambique e Guiné, poderá ter benéficas repercussões na defesa do património florestal.
A Guiné exportou, em 1961, cerca de 9000 contos de madeira em bruto e aparelhada e Angola cerca de 74 000 contos (96 749 contos em 1960).
Angola tornara-se, em 1958, o maior exportador ultramarino de madeira, ultrapassando Moçambique e participando, em 1960, com 57 por cento das exportações de madeira de todo o ultramar.
Mas a situação voltou a inverter-se.
No 1.º semestre de 1962 as exportações de Angola foram de 13 700 t (contra 21 300 t em igual período de 3961), ao passo que Moçambique enviou para o exterior, nesse entretempo, 50 700 t (contra 41 800 t no mesmo período de 1961).
Há uma vasta obra florestal a realizar. Relaciona-se com a defesa dos recursos existentes, a conveniente valorização do potencial produtivo e o repovoamento.
De resto, a guerra a certos aventureiros e um melhor aproveitamento industrial da árvore, incluindo os subprodutos, deve estar na primeira linha das preocupações da administração pública.
As vastas possibilidades da pecuária no ultramar português estão bem longe daquela exploração que seria de desejar.
Segundo as estimativas, Angola dispõe de cerca de 1 200 000 bovinos, 450 000 caprinos, 300 000 suínos e 120 000 ovinos.
A densidade é mais notável na Guiné Portuguesa, onde o último arrolamento revelou existirem 230 000 bovinos, 140 000 caprinos, 98 000 suínos e 53 000 avietinos.
Grande parte dos efectivos pecuários encontra-se nas mãos das populações nativas. Infelizmente o seu aproveitamento económico é nulo. O gado servirá para ostentar riqueza, mas não é utilizado na alimentação ou negociado.
Em Timor, por exemplo, calculava-se existirem, em 1958, 208 000 cabras, 202 000 suínos e 106 000 búfalos na posse das respectivas populações. Pois a percentagem de gado abatido era apenas de 3,1 por cento nos búfalos e 0,6 por cento nas cabras.
A cabra tem sido, de resto, em alguns territórios um elemento altamente pernicioso à destruição do equilíbrio vegetal. É o caso de Cabo Verde. Só uma política corajosa poderá libertar o arquipélago deste pesadelo. Talvez a introdução do caraculo constituísse uma alternativa salutar.
A recente importação de 200 cabras Angora para as zonas desérticas do Sudoeste de Angola insere-se de resto na continuidade da experiência aí iniciada com o caraculo.
As cabras Angora permitem três a quatro tosquias por ano, com uma utilização para o fabrico de lãs muito finas.
Mesmo no que respeita a confrontos relativos a situação de alguns dos nossos territórios ultramarinos não é vantajosa. Segundo números das Nações Unidas de há anos, Moçambique tinha 826 000 bovinos, o que dava uma capitação por habitante de 0,14. Melhor era a situação da Rodésia Sul, com a 128 000 cabeças e 1,28 de capitação; de Madagáscar, com 6 085 000 cabeças e 1,24 de capitação; do Quénia, com 6 759 000 cabeças e 1,10 de capitação; da República da África do Sul, com 11 706 000 cabeças e 0,84 de capitação, e do Tanganhica, com 6 937 000 cabeças e 0,82 de capitação.
Para se ter uma ideia do interesse deste sector basta considerar que Angola importou, em 1961, 14 000 contos de manteiga, 12 000 contos de queijo e 48 000 contos de