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2686 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 104

O Orador: - Evidentemente que, além disso, não pode já enjeitar-se, em homenagem ao próprio nível da Nação, a crítica às asserções dos dirigentes, pois há uma considerável, e cada vez maior, élite a saber interpretá-las.
Felizmente, penso eu, que podemos dizer a verdade.
Porque temos força e crédito, podemos confessar as nossas fraquezas, omissões e estigmatizar os nossos erros. Ai das instituições que vivem à base da mentira e do sigilo, da torpeza e do medo!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Fizemos uma obra que está à vista, estamos a lutar denodadamente por melhorá-la, somos benevolentes com os nossos inimigos, procuramos ser justos para todos, temos fé e afirmamos, como princípio, que queremos mais e melhor. Que receio podemos então ter da crítica, venha ela donde vier?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O político, quem quer que seja. não podo deixar de apreciar o Governo para o louvar ou para lhe sugerir melhores caminhos ou os mais consentâneos com o espírito da época, sem ter de, forçosamente, balouçar-se ao sabor dos ventos da história, como alguns pretendem convencer-nos, no pendor das suas mais que suspeitas ideias, e outros insinuam usando a expressão como escudo para justificação das suas inépcias. das suas faltas de coragem, dos seus egoísmos ou dos seus ancilosantes espíritos!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Houve sempre e em todos os tempos ventos bons e maus, e, só não está na nossa mão sustá-los, podemos e devemos manobrar com habilidade e energia as velas e o leme. Eis a questão!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Creio que podemos e devemos ser ao mesmo tempo ponderados e rápidos, patriotas e modernos, paladinos do progresso e estremes defensores da unidade nacional!
Unidade a que a Nação deu o seu inteiro apoio, respondendo «Sim» à histórica mensagem do Sr. Presidente do Conselho naquela memorável tarde de 27 de Agosto, e à qual, quer queiram, quer não, S. Ex.ª o Chefe do Estado acaba de pôr perante todos os portugueses e o Mundo a marca da sua inequívoca e indestrutível realidade!

Vozes: -Muito bem, muito bem I

O Orador: - Mas estas verdades, que são factos incontroversos da história de ontem e de hoje, não podem permitir que sobre elas se durma ou se afrouxe o ritmo de trabalho, que cada vez tem de ser mais acelerado, tanto mais que em certos aspectos fomos tardos no seu equacionamento, e ainda não estamos, infelizmente, a ser suficientemente rápidos!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A minha geração ainda poderá, por vezes com algum esforço, compreender que em Portugal não havia estradas, nem pontes, nem escolas, nem moeda acreditada, mas os nossos filhos, esses, tenhamos a coragem de o dizer, aferem o nosso nível comparando-o no dia do hoje com o das outras nações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Deixemos, portanto, de fazer comparações com os demo-liberais, que pouco fizeram, posto que por isso mesmo não foi difícil excedê-los!
Habituemo-nos a medir pelo que é preciso fazer, e outra coisa não pode considerar-se «política» senão a arte de realizar o que é necessário fazer.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A história, essa sim, estabelecerá as suas comparações e não deixará, queira Deus o faça com justiça, de assinalar com a devida relevância aqueles que devotadamente nos guindaram a um mais elevado nível material e espiritual.
Mas o que quero significar é que temos de realizar um trabalho que todos compreendam e que a todos estimule, e só vejo uma maneira: realizá-lo de forma a tomar como medida o interesse nacional, o que, por observação, de bom se faz lá fora e o que, por exame de consciência, já deveríamos ter feito!
É à luz destes padrões, que não enjeitam a unidade da Pátria, não afectam a coesão da família, nem diminuem o amor a Deus, que devemos erguer o nosso futuro. For mim, firmemente disposto a fazer justiça à obra feita, não deixarei de me inclinar para a inquietação das novas gerações, quando afinal pretendem mais e melhor, depressa e em força!
Critiquemos e ponhamos a nu as boas e as más vontades, o valor ou a incompetência dos homens, a sinceridade ou as razões inconfessáveis que os movimentam e que tantas vezes, só por se abrigarem à sombra de chefes de incontestável valor, se julgam com jus a imunidades que lhes não conferimos e a atitudes que lhes não damos o direito de só permitirem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: presidente de uma câmara municipal há quase cinco anos, que tanto tem de agradecer ao Governo, em nome dos povos que representa, pelos benefícios que de toda a espécie lhe têm sido prodigalizados, desde a criação de uma escola técnica, abertura de novas avenidas, reconstrução dos Paços do Concelho, construção do Palácio da Justiça, até à electrificação do concelho, etc., etc., como Deputado pelo círculo, aqui presto as minhas rendidas homenagens ao Governo e agradeço, em nome de Tavira e do Algarve, todos esses benefícios.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas este acto de inteira justiça, que me apraz registar nesta Câmara, em nada me embaraça para que, com igual à-vontade e idêntica noção do dever, aqui deixe, sempre que oportunos, os meus reparos e os meus anseios, mas sempre a bem da Nação!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os pais não deixarão nunca de fazer observações e aconselhar os seus filhos, e ninguém admitirá que o façam com má intenção, ainda que esses reparos não traduzam apenas anódina aquiescência ou prejudicial benevolência. É no melhor sentido e com elevado espírito de cooperação que procuro formular os meus!
Neste pendor, permito-me respeitosamente perguntar ao Governo como é possível progredir-se quando, por exemplo, uma repartição de alto nível na hierarquia administrativa leva 28 meses (!) a dar um parecer ou uma resposta?! ...