O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3754 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 149

cedem normas gerais de vida, não lhe garantem uma solução para os problemas fundamentais da existência humana.
Tudo é precário e relativo na vida terrena. Preciso se torna ultrapassar essa precariedade e relatividade por uma preparação da vida interior de tal forma que leve o homem à capacitação de que é um ente que, por sua essência, transcende o mundo dos fenómenos, concluindo-se assim pela sua natureza ontológica e metafísica.
Essa preparação deve, sobre qualquer outra, sobrelevar nas preocupações primeiras do Estado quando este se debruçar sobre os problemas propriamente educacionais. Problemas que atingem maior acuidade quando abarcam o sentido formativo da juventude.
Juventude, pátria em flor, a promessa de hoje, toda a certeza de amanhã, ela é, na sua preparação, o melhor aval que garante o esforço das gerações quando as nações passam em revista as páginas a uri fui gentes do melhor labor humano!
Páginas que se correm leve e demoradamente; dedos transidos de respeito; lábios balbuciando preces; espírito recolhido em prolongada meditação!
Daí o relevo que deverá conceder-se aos objectivos primordiais de toda a obra pedagógica - a da formação da juventude!
Juventude que se deseja esclarecida pela inteligência, fortalecida pela vontade, dominada, pela certeza dos mais belos ideais.
Mocidade que se requer abnegada na entrega de si própria ao dever, entendido este no sentido profissional, comunitário, humano, pátrio ou religioso.
Era esta já, de certo modo, a missão da juventude na gloriosa Hélade, cujos moços após prévio juramento se tornavam cidadãos.
Cidadãos que renunciavam a si próprios em prol do que consideravam os mais altos valores sociais.
De então para cá nada de novo na linguagem dos povos, principalmente quando ela parte do que há de mais sagrado no homem, a alma, o coração, para atingir pelos caminhos sublimes da inteligência, da vontade e do amor o que há de absoluto na beleza e na verdade!
Sr. Presidente: recordar o passado é uma imposição de consciência, uma obrigação moral.
Sem passado, sem tradição, não poderia haver formação do homem.
É dever das gentes, seu imperativo moral, lei rígida interior cujo cumprimento é escola de virtude, a de obedecer ao mandado das gerações.
Há 30 anos tínhamos uma linguagem tipicamente nacional, e a que hoje nossos filhos falam, embora no mesmo idioma, exprime anseios e sentimentos que não são os nossos.
Assim, ou se faz por uma reforma sábia e esclarecida, uma reconversão "dos valores, mantendo-se com maior ou menor elasticidade a continuidade do nosso modo de vida, sem quebra dos laços que nos prendem à tradição, ou abastardamo-nos, perdendo connosco toda a individualidade pessoal e nacional, megulhando na torrente que passa, mas que pelo impulso que leva é mais obra de bárbaros que de uma sociedade civilizada!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Só uma barreira forte, com um sistema educativo em que a preocupação formativa participe na organização dos programas e dos textos e que ganhe, a adesão de todos os jovens, é que pode resultar!
O entendimento comum entre as nossas gerações e as futuras não pode, de qualquer modo, fazer-se utilizando o psitacismo e as falácias.
A chamada "crise da juventude" enxerta-se numa crise mais vasta que nos abarca, como à totalidade dos países.
Há, por toda a parte, uma indefinição de princípios, de doutrina e de acção.
E enquanto os espíritos se mantêm indecisos, a máquina vai processando a sua revolução, a que os mesmos espíritos se vão rendendo.
O homem vem sendo cada vez mais menos homem!
A crise do conceito de autoridade é a causa lógica do fracasso da maior parte das tentativas de reforma dos sistemas educacionais e a causa de outras crises, entre as quais a da juventude.
A sujeição de rapazes e raparigas ao mesmo padrão de ensino e de educação, sem ter em conta a sua natural diferenciação e a prevalência da docência feminina, cada vez mais ampla, são inconvenientes que urge evitar.
A estandardização do modo de vida, melhor diremos, de uma concepção da vida que, partindo da América do Norte, como da Rússia, põe os valores em termos de comodidade e bem-estar; a poluição das culturas nacionais europeias; a democratização na vida político-social, como nos costumes e na vida familiar - tudo isso pesa soberanamente nas dificuldades que se levantam ao erguermos em termos nacionais um sistema educativo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De tudo isso se ressentiu, como não poderia deixar de ser, a Organização Mocidade Portuguesa, com uma larga folha de serviços prestados no capítulo da formação dos nossos jovens, mormente na fase inicial.
Dessa fase, contudo, já hoje pouco resta.
Com a falha de quadros de dirigentes, incompreendida por alguns, apenas tolerada por muitos, perdeu o seu espírito dinâmico, empreendedor, transformada actualmente numa peça burocrática que opera através de circulares e instruções, que a divorciam cada vez mais dos seus reais propósitos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Justo é salientar, entretanto, as inúmeras dedicações que a exornam, aqueles elementos que, pela vida, já se deram à Pátria e essoutros que com muito maior zelo a tem servido e a continuam a servir - os actuais e antigos comissários nacionais!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, o aspecto pré-militar, proveniente de uma concepção que inicialmente a dominou, se pelos objectivos foi excelente, não conquistou na prática os espíritos dos nossos rapazes.
Assim, imperioso se torna que a Organização ganhe não só o espírito, como o coração dos nossos jovens!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E nesse sentido é absolutamente indispensável a acção da Igreja e da Família, e em conjugação com o Estado, na tarefa educativa, no revigoramento intelectual e espiritual da nossa juventude!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Revigoramento que se fará pela formação de um escol de dirigentes e de uma doutrinação sistemática inclusa nos textos legislativos.