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3802 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 151

um, todos os distritos daquela nossa, vasta província do Indico, no escasso período de tempo de dezasseis dias, tendo sempre a aflorar nos lábios um sorriso de bondade e uma palavra amiga e do conforto para os menos protegidos da sorte, fizeram dele um perfeito ídolo das populações agradecidas de Moçambique inteiro, sem distinções de cores nem de credos religiosos. Há lá nada na vida que valha a fortaleza de ânimo e o brio patriótico deste venerando português que em Quelimane, encharcado até aos ossos, se recusou a mudar de farda artes de terminar a sessão solene na câmara municipal, dando o exemplo da sua rija têmpera às multidões que, também encharcadas pelas grossas bátegas tropicais, o aplaudiam derirantemente?
Que nos dizem a gestos desta nobreza e aprumo os farfalhudos reformadores da O. N. U. ou o seu prazenteiro gentil-homem. o birmanès Sr. U Thant?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E da apoteose sem par que lhe tributou, tão espontânea e calorosamente o bom povo desta formosa Lisboa das naus o cabeça do império à chegada da sua viagem de perfeita solidariedade imperial? Que resposta tão eloquente, de um realismo esmagador, aos embustes de toda a casta de alvissareiros internacionais, que julgam desviar-nos da nossa linha de rumo histórico com as suas pretensas campanhas de descrédito e malquerença. E que resposta não representa também esta viagem triunfal aos embusteiros profissionais de certa imprensa estrangeira, como os da revista norte-americana Time, que julgou denegrir as virtudes ancestrais de um povo que traz a alma dispersa pelas cinco partidas do Mundo, por nós descobertas, sempre em franco convívio com as mais variadas etnias, sem o mais leve assomo de discriminação racial; de um povo único no mundo pervertido dos nossos dias, sómente para servir a baixeza moral de interesses vesgos dos plutocratas da banca, que julgam Portugal através do escalão moral que tem. curso franco lá por casa? Não. Srs. Potentados da banca internacional! O Portugal ultramarino não está em leilão porque é parte integrante e inalienável do património sagrado da grei a que pertence há já cinco longos séculos, bem antes de os antepassados longínquos dos actuais mandatários, da Time terem exterminado os índios nativos para ocuparam, tranquilamente, o seu lugar. Esta, sim, é a pura verdade, sem sofismas hábeis que a possam subverter aos olhos do mundo em chamas!
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Não ficaria de bem com a minha consciência, nem tão-pouco teria cumprido a minha nobre missão, neste momento e neste lugar, se não deixasse aqui bem expressa toda a muita gratidão, todo o carinho e toda a profunda admiração e respeito das populações laboriosas de Moçambique pelo verdadeiro obreiro desta arrancada heróica contra a cobiça internacional do que é bem nosso em terras africanas - Salazar.

O Sr. André Navarro. - Muito bem!

O Orador: - Reconheceu-o o venerando Chefe do Estado nem dos seus patrióticos discursos em Lourenço Marques, chamando-lhe «o maior cidadão português do nosso século». Pura verdade, que nenhum português digno de desfrutar as blandícias do céu azul de Portugal poderá sofismar! Na verdade, quem, como Salazar, teve a coragem quase sobre-humana para salvar a honra, a dignidade e a integridade territorial da Nação das garras aduncas do comunismo internacional, postado às portas da pequena «casa lusitana» durante a tragédia sangrenta da guerra civil do Espanha; ...

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... quem, como Salazar, soube preservar a sua Pátria dos horrores da inconcebível loucura humana da segunda guerra mundial, e quem como essa nobre figura de eleição com que a Providência nos dotou se tem sabido mostrar, nos transes mais agudos desta guerra de África, a verdadeira personificação da resistência da alma lusa merece bem que a voz autorizada do Chefe do Estado da Pátria que ele ergueu tão alto no consenso internacional lhe chame o maior cidadão português deste trágico século de ferro em que vivemos. Pena é que haja ainda, para vergonha nossa, cá e lá, estranhas figuras sibilinas, os clássicos «não comprometidos» de sempre, que a si próprios se rotulam, pomposamente, de «a políticos», fingindo ignorar esta verdade lapidar, que a história imparcial há-de registar um dia a caracteres de ouro. E quantas vezes colocados, até, em posições chave da administração pública. Santo Deus! Por isso pôde o vereador da Câmara Municipal de Lourenço Marques, Sr. Pedroso de Lima, talvez emendando omissão involuntária de gente da casa, afirmar, sem rebuço, na primeira sessão da sua edilidade, logo após a triunfal visita presidencial, que ela «só foi possível graças à dignidade, à persistência e à coragem moral de Salazar».
Por mim, sempre tive um solene desprezo por estes calculistas «a políticos», que temem o peso comprometedor das afirmações abertas, reais, concretas, incapazes de interpretações ambíguas.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Nada há na vida que valha a nobreza de uma conduta rectilínea: uma espinha dorsal direita, hirta e rígida, como o mármore de uma coluna dórica. Quem quer aparentar o que não é acaba por deixar de ser aquilo que é.
Sr. Presidente: Quero terminar com um bem merecido aplauso ao actual governador-geral de Moçambique, general Costa e Almeida, pelo alto critério patriótico com que soube resolver, no curto espaço de tempo de um mês, todos os muitos problemas desta viagem presidencial, para que ela redundasse no êxito que todos lhe reconhecemos. Bem merece, pois, os nossos mais efusivos aplausos e os nossos mais sinceros respeitos de devotada gratidão e reconhecimento.
A S. Ex.ª o Venerando Chefe do Estado quero simplesmente afirmar que o seu nome de português de velhas eras ficará indelevelmente gravado na alma agradecida das populações de Moçambique como um dos maiores obreiros da nossa epopeia ultramarina deste século de de tão agudas provações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Joaquim de Jesus Santos:-Sr. Presidente: O problema que hoje, como ontem, se põe à nossa consciência e ao nosso coração de portugueses não é a apreciação crítica de uma determinada política.
É, sim, a defesa da unidade e integridade da Pátria que amorosamente criámos e construímos no decorrer de séculos com sacrifícios e com sangue, com renúncias e com imensa ternura.