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4 DE DEZEMBRO DE 1964 3965

triotismo e a unidade das populações da minha província, as quais, apesar de vizinhanças incómodas que teimosamente procuram perturbar a .sua paz, continuam, hoje como ontem, serenas no seu trabalho e firmes nos seus ideais patrióticos, tão vibrantemente manifestados quando da visita do Chefe do Estado, desde o Sul ao Norte, das cidades do litoral às cidades, vilas ou povoações do interior.

Vozes: -Muito bem!

A Oradora: - Nessa viagem . apoteótica, mas exaustiva, teve S. Ex.ª. o Sr. Presidente da Republica a seu lado, S. Ex.ª Esposa, Sr.ª D. Alaria Gertrudes Tomás, a quem presto as minhas homenagens, que, não se poupando a canseiras, visitando escolas, infantários, instituições de caridade e todas as actividades relacionadas com a promoção social da mulher nativa, soube, com a sua presença, dar bem o testemunho de humanidade, abnegação e espírito., de sacrifício, tão característicos da mulher portuguesa e relevantemente demonstrados nas horas mais graves da vida da Nação.

Vozes: -Muito bem!

A Oradora: - Por toda a parte por onde quer que S. Ex.ª o Sr. Presidente da Republica passasse, crianças, velhos, homens e mulheres de variadas raças e credos, numa multidão policroma e incontida, manifestavam, cada qual à sua maneira, a confiança e a fé no futuro da Nação Portuguesa, prolongada por este vasto e prometedor território que é Moçambique, sujeito hoje, como os demais territórios portugueses da África, à cobiça e ao apetite de estranhos. Foi, na verdade, uma hora alta vivida em toda a província essa hora em que todos se sentiram mais unidos à volta do seu Chefe supremo, ligados pelos mesmos sentimentos de amor e de fidelidade a uma Pátria que se repartiu pêlo Aíundo, num esforço verdadeiramente gigantesco, só possível quando norteado e sustentado por um justo e nobre ideal.

Vozes: -Muito bem!

».

A Oradora: - Embora um ou outro periódico estrangeiro tenha procurado menosprezar o sucesso desta viagem, mentindo deliberada e propositadamente ao Mundo, os jornalistas estrangeiros, e foram muitos que a acompanharam de perto, puderam livremente observar e apreciar a espontaneidade das manifestações calorosas das populações de todas as etnias que formam a variada comunidade portuguesa de Moçambique.

Não creio, Sr. Presidente, que as demais nações, atentas como estão a todo e qualquer acontecimento no agitado e perturbado continente africano, tenham podido ficar indiferentes com a atitude das populações nativas de Moçambique, que acorreram a ovacionar o seu Chefe de Estado em demonstrações de carinho e respeito tais que desmentem cabalmente as injustas afirmações com que no estrangeiro e nas organizações internacionais se procura denegrir a acção civilizadora de Portugal em África. ,

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Não creio, tão-pouco. que esses inúmeros jornalistas estrangeiros que nos visitaram pela primeira vez se não tenham surpreendido e impressionado com o progresso e a modernidade das nossas cidades africanas, com o desenvolvimento das nossas instituições,

com a paz u a ordem que reina nas ruas e no trabalho e, sobretudo, com a nossa particular maneira de viver, em que todos tem o seu lugar e a sua oportunidade, independentemente- da sua raça. cor ou credo.

Vozes:-Muito bem!

A Oradora: - E, como já aqui o afirmei, Moçambique é, sem dúvida, de entre as demais províncias do ultramar português, aquela em que mais se evidencia a ,mul-tirracialidade que caracteriza a comunidade portuguesa, pois que aí vivem em conjunto variadíssimas populações de proveniências, raças e religiões diversas.

Enquanto noutras regiões do continente africano povos de origem e cultura- diferentes se digladiam ferozmente entre si, enquanto noutros países do Mundo há lutas e ódios que se baseiam na raça ou u a cor, em Moçambique tribos das mais diversas, populações de religiões e raças das mais variadas, continuam vivendo harmoniosamente em comum, procurando contribuir para o desenvolvimento de uma terra que todos consideram igualmente sua.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Dizer que tudo ali está perfeito nos diferentes sectores da vida económica e social seria uma veleidade que ninguém, de resto, ousará afirmar a respeito do seu país, qualquer que ele seja, por mais poderoso e rico. O que posso, porém, sem receio de desmentido, declarar é que se trabalha em paz. num esforço cada vez mais intenso para o bem-estar de todos e para uma maior aproximação das diferentes populações, através de um largo programa de promoção social e económica, para o qual se sente a premente necessidade de muitos mais recursos materiais e humanos.

Vozes: -Muito bem!

A Oradora: - O que importa acima de tudo, Sr. Presidente, é que o clima de paz e confiança em que a vida

em Moçambique se tem processado até agora seja preservado como um tesouro precioso, não só pela vigilância atenta daqueles que corajosamente defendem nas nossas fronteiras a integridade do território, mas também pela persistência e tenacidade dos que lá trabalham, dia a dia, iras oficinas, nas escolas, nos hospitais e em todos os postos da administração da província e ainda pela boa vontade e compreensão dos que, embora longe dela, podem cooperar com meios materiais e de acção no seu progresso. Embora nos orgulhemos da obra já realizada nesta província, ela está ainda longe de poder ser considerada completa e perfeita. Falta-nos ainda muito do que reputamos indispensável à vida das suas populações no caminho que há-de levar à prosperidade dos povos, ao .progresso de Moçambique e ao engrandecimento da própria Pátria Portuguesa.

Bem sei, Sr. Presidente, que, se não fora a guerra que nos é imposta do exterior e que nos obriga a desviar para a defesa dos espalhados e distantes territórios do ultramar o que em meios materiais e humanos poderia ser utilizado no desenvolvimento das terras e no bem estar geral dos povos, teríamos hoje decerto avançado muito mais no caminho, que há muito empreendemos, de fazer das províncias ultramarinas terras ;prósperas de comunidades de tipo universal, as únicas . capazes de coexistirem e progredirem pacificamente num mesmo território.