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4814 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 202

Por forma resumida, esta atitude do povo português ao esconder ou entesourar a sua poupança apresenta-se assim.

a) Não poupa moeda, não economiza moeda, na economia nacional,
b) Não é favorável ao incremento do crédito,
c) Não facilita o trabalho da banca,
d) Torna-se um obstáculo ao desenvolvimento que poderia favorecer e diminui os números absolutos esperados da poupança.

37 anos de estabilidade monetária!
37 anos de estabilidade monetária podem considerar-se um pilar do crédito público e privado e uma atmosfera vivificante para os negócios, onde os rendimentos ascendem e melhoram.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na sua brilhantíssima exposição de 18 de Fevereiro, o Sr. Presidente do Conselho referiu-se às suas indiscutíveis vantagens e à constância dos esforços políticos tendentes a defenda-la, a fazê-la compreender, a respeitá-la e a consagrá-la na compreensão geral.
Se alguém se pode convencer deste e de outros aspectos, esse alguém é a banca, que viu os seus negócios e resultados crescerem sem problemas de ajustamento e com isenção de ribcos e provações que de outra forma perturbariam e semeariam inquietação nos seus exercícios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - À estabilidade monetária significa uma ordem de valores, uma fase de equilíbrio, uma consolidação de critérios e de bases de apreciação que esclarecem os horizontes económicos, tornam firmes os caminhos e reforçam a tranquilidade geral quanto a problemas e perplexidades.
Como não há vertigens, nem angústias, assim não existem inflações nem deflações E, por consequência, não tem de haver desvalorizações nem revalorizações

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - O público aprecia com justeza a magia de acumulação de ouro e valores no nosso primeiro estabelecimento bancário, estabelecendo contraste com um passado de limitação e carência.
À estabilidade impede a conscrição dos rendimentos rígidos em proveito de favorecidos, as dificuldades crescentes e as perdas funestas dos rentistas, dos pensionistas e das famílias numerosas.
Ela evita mesmo o confisco do maior número pelos praticantes da alta.
Como evita os câmbios loucos.
O escudo, de moeda trémula e enfezada que era, viu-se, nestes 37 anos, convertível em ouro, em dólares e em lábias, não valendo a pena encarecer tal facto para os que recorrem à banca, compram e viajam no exterior ou rematam os seus negócios este clima de acalmia e de perfeita viabilidade em que temos vivido.
Se a inflação representa o empobrecimento, o confisco, o atraso e o prejuízo de credores, e portanto da banca, a deflação também não se antolha menos isenta de mácula, pois que engrandecerá as dívidas, arrastará muitos para a falência e melhorará apenas certos réditos, melhoria fictícia e curta, aliás, além de restrita.
Os Brasileiros, arrastados por uma inflação astronómica, dizem ser ela o preço da civilização e o custo usual de um rápido crescimento.
Mas tem de ver-se a estatística do rendimento nacional por andares, como se sobe sem dar por isso e tantas vezes se cai e tropeça.
Na medida em que os rendimentos declinam ou baixam, a estabilidade não pode fazer todos os milagres Desta sorte, o convívio social, os indicadores de civilização, esta última aliada à técnica e à apresentação e embalagem e à melhoria dos transportes, impelem o nível geral e querem mais de tantos - é certo - e arrancam mais, obrigando a esforço porfiado para que a estabilidade se mantenha ainda.
Em óptica de grande ângulo, a estabilidade propicia a alta dos salários sem arrastamento de preços, favorece a entrada de invisíveis e de viajantes estrangeiros e faculta terreno sólido ao crescimento do potencial expresso em depósitos.
Também, a despeito das finanças de guerra, que representam um peso enorme tomado como dever consciente e vigoroso de lídimo patriotismo, o investimento público cresce aqui e cresce no ultramar e as aplicações particulares não abrandaram tanto como poderia esperar-se.
Assim, a estabilidade, seriamente mantida, não representa apenas um brasão, e um clima, uma ordem de valores isenta de colapsos e um terreno firme, onde se pode descortinar um caminho direito, para a frente.
Sobretudo sem estabilidade assim como não pode haver grandes realizações também não faltaria o rigor e pontualidade que tornam possíveis o nosso crédito e a segurança dos contratos.
Porém, a estabilidade baseia-se num esforço perseverante que não conhece repouso nem tréguas, como a saúde, e às autoridades monetárias e financeiras se deve o aturado serviço de vigiarem e defenderem, e sobre o terreno tomarem prontas medidas.
Segue-se agora falar da política de juro barato.
Muito rapidamente um esboço da política de juro.
A política do juro barato suscita análises tão embaraçosas que as páginas de Joan Bobinson e Wicksel se revestem de verdadeiros quebra-cabeças paia desafiar os mais pacientes leitores.
A política de juro baixo torna-se indispensável ao trabalho de um governo construtivo voltado para realizações públicas imponentes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem ela não há programas capazes e amplitude de execução.
Se os empresários, como o Estado, se lançam em empreendimentos de larga escala, passando de uns para outros, só isto será possível trabalhando também com um juro baixo.
Já não falo na conveniência de os financiamentos à lavoura e à indústria se fazerem sem grande ónus.
Desiludem-se negociatas arriscadas talvez.
Claro que há hipóteses difíceis, como a de passar da alta para a baixa Mas isso, historicamente, disse respeito aos trabalhos formidáveis que se depararam ao Sr Presidente do Conselho, no começo da sua ingente carreira.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A política do juro caro, em contrapartida, conduz à asfixia do devedor, à verdadeira usura que reveste aspectos de servidão pesscal.