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23 DE ABRIL DE 1965 4817

Pertence-lhe analisar o movimento de fundos, a cascata de valores e a elevação de situações ao serviço da economia nacional
Pertence-lhe prover a vida sectorial e dar, por isso, cooperação rasgada ao Tesouro.
Tem de prever os maus tempos, as contracções e recessões dos negócios e, depois, ajudar a amortecer ou a desviar dos seus efeitos.
Tem de dar consistência às iniciativas e à renovação económica.
Tem de fornecer um abrigo contra as tempestades.
Tem de abarcar a vida do crédito, vigiando e mudando de táctica com as alterações da liquidez.
Tem de ver a eficiência marginal dos capitai e não somente esta, mas a eficiência global.
Tem de analisar a propensão ao consumo e as zonas disponíveis pela sua trajectória e possível destino.
Tem de ser corajosa, tomando riscos que outros enjeitam, de modo a favorecer o investimento e a produção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta tomada de riscos há-de fazer-se se sem perda do equilíbrio, da estabilidade institucional e da constância dos mercados.
Tem de suspeitar sem mostrar, de descobrir sem se dar por isso, de rematar em segredo.
E a lei?
A lei aperta, disciplina, constrange, controla, fiscaliza, traça uma trajectória firme e não perdoa pela eficácia das sanções.
Define as operações, limita os haveres de caixa, segue os movimentos de tesouraria.
Enfim, pela sua revolução silenciosa, a banca dispõe de um potencial incrível que todos os dias se acrescenta. Ela passou do ar livre ao balcão do estabelecimento, deste ao guichet, do último ao nobre edifício e, por fim, aos conjuntos e organizações tentaculares, às lanças, às organizações complexas do nosso tempo.
Tem de ver o movimento da taxa do juro, não só como expressão de um dado equilíbrio, mas como o resultado de um complexo de forças em presença.
Tem de descobrir assim rasgadas equações de troca que flutuam ou cristalizam e na sua maior latitude entram pelas fronteiras.
Sob o verniz da alta geral e da expansão e contínua, há-de descobrir o real no meio de aparências e levantar as ameaças acasteladas no horizonte longínquo.
Recessão, inflações, movimentos não sincronizados, eis os perigos mortais da economia de alta dimensão.
Assim, tem de denunciar os perigos, as viragens, os desvios bruscos, não só para prevenir e defender, como para renovar as garantias, rever e reformar as posições, liquidar rapidamente quando for caso.
E no meio de toda esta pujança, desta riqueza sem par, os factores aleatórios, as velocidades, as transformações monetárias, as incertezas, os riscos sérios e as lutas concorrenciais ou a zona de tufões e desvios sempre no esforço de multiplicar os capitais e de melhorar a sua eficiência, atrair a liquidez e dar ao País uma alavanca construtora e de melhoria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E os banqueiros? Falando da banca, falemos dos banqueiros.
Referimo-nos ao mundo da banca e, portanto ao seu quadro superior, aos que são dignos do título de banqueiros.
Portanto, quando se fala da banca como colectividade responsável, temos de entender o estado-maior que, de facto, dirige as operações.
Eles são transformadores, especializados, conselheiros, médicos sociais de tranquilidade e guias, mas, pelo jogo de operações, dirigem e impõem.
Quando frequentava a Universidade, tínhamos presentes as atitudes críticas dos escritores e a resistência das opiniões, eivadas de cepticismo.
Balzac, Eça, Silva Cordeiro, Schwalbach, brincaram irreverentemente com os Nuncingen, os Castios e Cohens, os invictos da Salamancada e o velho Gomes Neto, que reduzia as coisas às possibilidades de aquisição.
Dos Templários aos Fuggers e aos Rothschilds teceu-se a lenda em volta destes oportunistas singulares que faziam a jongleric de milhões e até emprestavam aos reis.
A sua tremenda responsabilidade não tolerava atenuantes perante o público
Realidade nacional, não lograva atrair os intelectuais e desencadeava tempestades.
A revisão das concepções libei ais da política e da administração deixou-os malferidos, não pelo desrespeito, pelo segredo, pelos deslizes, mas pelo potencial de influência e de opinião que lhes foi parar às mãos.
Submetiam e contaminavam.
Não tinham limites na invasão de outros compartimentos sociais.
Mas a banca profissionalizou-se, afinou-se, ganhou em tecnicidade e pelas injunções da lei ficou a coberto de muita suspeita infundada e de algumas injúrias.
Além de confessores de situações angustiosas e de guardas avançadas dos negócios, os banqueiros são hoje animadores e construtores indirectos, mais respeitados do que ontem, dada a fase em que vivemos de aceleração do desenvolvimento, de promoção social e de justiça indistinta.
Ligados à poupança e à produção, a sua posição, fortemente útil, impressiona, convence, guarnece-se, e o plano da opinião mudou os seus conceitos aguçados

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E então é ver, hoje em dia, com as nonias cáusticas da literatura e o desprezo das reacções, ela possui o condão mais maravilhoso da lua de Orfeu, de adormentar, em nome do crescimento económico, os avançados e revulsivos de ontem.
Em vez da ironia queirosiana, o servilismo dos antigos combatentes
Mas a banca torna-se um mister notável pelas disparidades e especializações, pela técnica, pelo segredo, pela auscultação da meteorologia dos negócios, com a qual os outros observatórios raramente poderão competir.
Até os políticos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A banca está subordinada a deveres gerais, a obrigações de carácter nacional, e, portanto, não é só um negócio, uma actividade, um sentido, é um instrumento de promoção e desenvolvimento, mesmo quando privada.
E as suas relações com os grandes negócios?
Reporto-me às relações com os grandes negócios.
Numa compilação de leis foi posto à entrada um trecho famoso de 1934, da nossa melhor literatura política, sobre plutocracia.
Não sei se para inculcar, se para distinguir.
Ainda que a plutocracia também recrute banqueiros poderosos, a verdade é que nem toda a banca se compõe