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4820 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 202

A fórmula possui amplo condão, porque não se restringe ao facto eventual de o devedor deixar no seu banco os fundos a que não dá aplicação imediata.
Não, a ideia é outra.
Em vez dessa alta caseira, os bancos que prestam crédito criam ambiente de intimidade com os devedores, atraem clientela, criam novas relações, desenvolvem negócios e- tornam-se um banco distinguido e preferido pelas razões de corresponder aos que o procuram.
Assim tem de ser entendida a observação proveniente da Caixa Geral em 1953.
E assim tem de entender-se a ascensão prodigiosa de alguns dos nossos estabelecimentos, onde as possibilidades de fechar o negócio e de obter uma assistência atraem as atenções, melhoram as relações e acabam por atrair de forma efectiva.
Quais as categorias de depósitos segundo o famoso Treatiac, de Keynes?
Segundo o famoso Treatisc, de Keynes, encontram-se, para além do longo prazo e do curto prazo, à vista, três categorias de depósitos bancários.
1.º Depósitos à vista de rendimentos habituais, servindo para amontoar ganhos e permitir despesas - tais como poupança da classe média, acumulação de ganhos profissionais, sobras de pequenas casas agrícolas, etc ,
2.º Depósitos para negócio dos empresários destinados a acudir a desencaixes e pagamentos previsíveis, de industriais, capitalistas e empresários ,
3.º Depósitos de poupança por acumulação de fundos, postos, pois, em reserva particularmente sob a atracção de um juro conhecido.

Podem fazer-se outras discriminações, mas na medida geral esta separação corresponde a categorias firmes, perfeitamente definidas.
Os especialistas acrescentam um novo capítulo ao referirem-se a depósitos baseados em previsões largas e dilatadas sobre a marcha da taxa de juro
Donde provém a grande massa de poupança portuguesa, a qual, através dos cansas da banca, assenta nos depósitos?
Onde se amassa, leveda e coze essa massa imponente?
Se os banqueiros não fossem limitados pelo segredo profissional, se os capitalistas não reservassem os seus negócios, se os financeiros em vez de hipóteses possuíssem dados analíticos, talvez se pudesse dar franca resposta a algumas perguntas.
Como se forma a poupança portuguesa?
Onde se forma?
Como tomou o caminho da banca?
E por onde fica às vezes sem chegar a esta?
Problemas aos quais os relatórios, estatísticas bancárias e financeiras e os depoimentos não podem responder.
Entramos no domínio das hipóteses, nas ogivas da teoria pura, ou ficamo-nos pelo segredo dos práticos recolhidos no guichet e no balcão?
Pela ordem de classificação atrás mencionada - serão, como em França, os infinitamente pequenos da classe média que realizam na maioria do conjunto aquele milagre quantitativo?
Serão as tiradas de cortiça e os anos de vinho, servidos por grandes colheitas e preços compensadores?
Serão os frutos das iniciativas e grandes empreendimentos industriais, depois de vencida a adolescência e já na plena posse de um mercado largo e remunerador?
Serão as empresas majestáticas com o seu cortejo de afilhadas, de desdobramentos, de íntimas e às vezes clamorosas fornecedoras, quando concentradas e dirigidas por poderosos administradores?
Ou as grandes sociedades anónimas com as suas integrações de reservas, partes de capital, multiplicidade de provisões e acumulação de poder económico?
Ou os capitalistas de vulto - dominando a banca, os seguros e os grandes negócios que, pelos financiamentos, participações, avanços, novas casas e firmas, dispõem de imponentes sobras renováveis e acrescentadas?
Serão os exportadores que manobram partidas imponentes e que, em moeda estrangeira, obtêm fartos resultados da sua sagacidade e conhecimentos especializados?
Serão os capitalistas e detentores de sobras, adquirentes de prédios, construtores de imóveis de muitos andares, de rendas elevadas?
Serão os comerciantes felizes que por estabelecimentos, fumas e casas, estadeando despesas, ainda obtêm resultados disponíveis para novas dimensões do comércio?
Não se sabe bem e a estatística bancária e financeira não pode responder-nos
Um dia virá em que um imposto de rendimento justo, sistemático, de repartição equitativa, fornecerá uma estatística fiscal, capaz de desvendar os segredos.
Nem tudo quanto luz às vezes é ouro e a propensão ao consumo, estendendo-se, também limita a poupança.
Primeiro existe abstenção sem privar-se, depois o excedente é detido, começa a acumular e a entesourar-se, toma por fim o caminho de alguns bancos.
O grande público, nisto de poupar e acrescer, vê sempre a sombra de alguns poucos, mas os economistas, de há um século para cá, vão calculando como peso esmagador uma zona crescente que vai descendo para meio da pirâmide.
O problema é bastante semelhante ao dos portadores da dívida pública, e aqui o Estado, pelos seus órgãos de serviço, pode saber o bastante.
Mas o mistério e o desconhecimento, a surpresa, também não faltam.
A análise dos depósitos relativa à sua formação não deve parar por aqui. Hão-de estudar-se os levantamentos, a evaporação deles, o seu eclipse à medida de certas exigências hodiernas, das lacunas de emprego e do descaimento de algumas classes sociais.
Estas hipóteses são mais difíceis de estabelecei, mas tornam mais saliente o engrandecimento dos depósitos como correspondentes a uma alta do dividendo nacional.
Quando os depósitos se mobilizam pelo cheque.
Os depósitos tornam-se mobilizáveis por cheques e estes fazem uma classe especial de moeda e uma modalidade extensa da circulação do crédito do nosso tempo.
Primeiro, na Inglaterra, fez a sua aparição quando o seu banco começou a pagar 4 por cento aos depositantes, abriu-lhes uma conta e permitiu por um documento sui genéris os levantamentos.
Para economizar notas os cheques foram desenvolvidos, utilizados e aceites, postos até em circulação - endossável, compensável e substituível por numerário.
Chegou-se à vulgaridade, frequência e elasticidade, contida nos poderes criadores conferidos a qualquer banco.
Sr Presidente!
E V. Exa. mestre abalizado do direito mercantil para quem, desde os primórdios da carreira universitária, os títulos de crédito não possuem segredo. Só depois de tão grata lembrança me atrevo e, continuar.
No tempo de Fisher, aí por 1910 a 1920, 50 por cento das famílias dos Estados Unidos serviam-se de cheques, deixando às moedas as miúdos liquidações.