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4822 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 202

A Inglaterra, não obstante a sua potencialidade, adopta taxas de 4 a 5 por cento.
E o Banco Europeu de Investimento socorre-se de 5 7/8 a 6 1/4.
Portanto, as altas taxas são um atractivo inigualável onde os capitais escasseiam e os desejos de investir se mostram intensos e não representam quebra do valor capital.
Em segundo lugar, empreendimentos inteiramente novos, de grande risco, inovações produtivas, reequipamentos como que reformas totais devem pagar mais pelas dificuldades e problemas que os enfeixam.
Falemos ainda da letra de câmbio.
A letra de câmbio vem desempenhando uma função complexiva e eminente que não tem rival, ao que vemos.
Além ao desconto e redesconto de efeitos comerciais, a letra documenta e concretiza grande número de empréstimos, particularmente de pequenos capitalistas e de movimento dos mercados.
Está ao serviço dos organismos corporativos para vultosas operações
Permite, com dilatações de prazo, reformas e inovações, operações inúmeras de comércio exterior, reapetrechamento agrícola e industrial e até as aquisições de materiais e o financiamento da construção civil, sem contar as letras de favor que acodem aos mais diversos destinos.
Portanto, quando lemos e nos admiramos com a enormidade dos números não podemos pensar só nos 90 dias de desconto, mas devemos considerar casos obscuros de médio prazo que ocupam patente margem de crédito.
E porquê?
Pela falta de uma banca especializada em certas classes de operações ou, quando esta existe, pelo limitativo dos seus contingentes e pelo compreensivo recurso a um instrumento despachado e predominante em vez do ré curso a outros tipos de ajuda financeira.
Portanto, grande parte de uma poupança reservada e confidencial busca na letra uma síntese de negócios e uma pronta documentação.
Desta sorte, o desconto pelo número de operações oferece totais impressionantes, particularmente a seguir à reforma bancária de Novembro de 1957.
Eis alguns deles:

[ver tabela na imagem]

Quase todo este movimento tão dilatado se concentra em Lisboa e no Porto e na sede dos bancos.
Pertencem a estas duas cidades

[ver tabela na imagem]

o que revela concentração excessiva.
A estatística das letras superiores a 1000 contos é que acentua grandemente os números sem acusar nivelados valores, sinal certo de que as liquidações de grandes importâncias não apresentam dificuldade saliente.
Assim

[ver tabela na imagem]

1000 contos é o preço de um casal de múltipla produção, é o preço de uma vivenda numa praia elegante, é um património garantindo independência, uma pequena fortuna, onde dificilmente se chega amealhando e, todavia, é um desconto já agora mais que frequente.
E certo que o valor médio do desconto destas letras milionárias não tem progredido, o que causa estranheza, nesta categoria de milhares de contos
Contos
1957............................... 3 216
1963................................3 143

Estes dados surpreendem.
Os protestos constam do apanhado seguinte

[ver tabela na imagem]

sendo destes superiores a 250 contos.

[ver tabela na imagem]

Inversamente do que às vezes corre, os tempos não vão maus para os negócios.
Guiados pelo Banco de Portugal nas suas taxas iluminantes de
Percentagens
Taxa de desconto.........................2,5
Taxa de redesconto.......................2

o desconto de efeitos comerciais referido a Janeiro processava-se por estas médias.
Percentagens
1954...................................... 3,727
1964...................................... 3,864

A seguir à lei bancária, alargados os limites de caixa e as possibilidades de prestação de créditos, os bancos comerciais durante anos levaram até ao máximo as operações de desconto, o que começa a corrigir-se, segundo creio.
Só em dois anos o volume do crédito global subiu 50 por cento.
Claro que os números avultam porque as águas Suem e refluem e, sobretudo, circulam pelo milagre do título de crédito, dando três e quatro voltas na roda do ano.
Quem desconta?
Quem desconta para além dos comerciantes?
Quem concretiza empréstimos por letras?
Quem paga e liquida?
Quem reforma?
Quem é protestado?