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1242 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 69

Douro é uma unidade económica valiosa. Tem condições de clima e de terreno que, com rega, o tornam apto para a produção, em algumas manchas, de culturas frutícolas ricas. Com a criação da cascata de barragens que está a ser levada a efeito pelo aproveitamento do troço nacional do rio Douro, já em curso no Carrapatelo e iniciado no escalão da Régua, conta-se até beneficiar de certa maneira o próprio clima do vale do Douro. Para a criação da fruticultura, onde foi indicado, é, de facto, indispensável havia a possibilidade de regar. A água, temo-la nas albufeiras Energia, temo-la também em grande quantidade. Tudo isso depende de uma política tarifária que facilite a rega do que estiver indicado.

O Sr Pinto de Mesquita: - Era esse o ponto para que eu tendia.

O Orador: - Em relação ao Sr Deputado Manuel João Correia, eu queria dizer que, na designação poética de Guerra Junqueira, a vinha no Douro «come pedras e bebe sol».

O Sr Manuel João Correia: - Eu ouvi que era uma citação de Guerra Junqueiro.

O Orador: - Mas eu queria explicar a razão por que é que Guerra Junqueiro disse isso. No vinho, especialmente no do Douro, a quantidade é inimiga da qualidade. Os vinhos mais selectos são precisamente os das zonas não regadas.
A criação das infra-estruturas e meios necessários, e principalmente a organização da motomecanização de grupos das pequenas e médias propriedades em moldes realistas, económicos e de bom rendimento, terá de passar a ser uma das tarefas de grande importância na política agrária contemporânea. Uma organização assente em núcleos de mecanização virá salvar o Douro da grande escassez e carestia de mão-de-obra, garantindo assim, pela mecanização daquilo que foi possível nas operações de cultivo e fabrico, o presente da vitivinicultura do Douro e a preparação do futuro.
Nesses núcleos de mecanização para uso de todos, dos pequenos, dos médios e até dos grandes proprietários, o lavrador deverá encontrar para o servir, no que respeita a instalações de fabrico de vinho, a mecanização da esmaga, da prensagem, do transporte dos mostos fermentados, as cubas automáticas de armazenamento do vinho, etc. , o que é proporcionado já aos sócios nas 24 adegas cooperativas em actividade. As soluções encontradas são de boa técnica, libertam o lavrador das preocupações e encargos imediatos da vinificação e estão em plena divulgação, o que será obtido através do aumento em número e capacidade das adegas cooperativas.
Através desta via consegue-se já uma redução superior a 50 por cento do volume de mão-de-obra tradicionalmente utilizado no período de vindima.
No que diz respeito ao equipamento vitícola, o lavrador deverá encontrar no núcleo de mecanização, e para o servir, além do tractor, da charrua e do atrelado, também as alfaias especializadas, tais como distribuidores de adubo, pulverizadores, atomizadores, etc. , tudo isto além do tractorista e da indispensável assistência técnica.
Dada a urgência em concretizar soluções, indispensável se torna que os serviços oficiais passem a uma actuação rápida e eficiente definindo e indicando quais as máquinas e as melhores soluções a seguir para poderem ser confiadas à estrutura administrativa e técnica (já experimentada) da Federação dos Vinicultores da Região do Douro - Casa do Douro - as tarefas de organizar os serviços de mecanização da vitivinicultura duriense e de, à margem da sua actividade normal, pôr em funcionamento núcleos de mecanização estrategicamente localizados nesta região demarcada.
O lançamento da obra e o seu funcionamento exigem técnicos e créditos suficientes.
Se esta orientação for julgada conveniente, a Casa do Douro adquirirá as máquinas e equipamento à medida que isso se for justificando, assegurará a orientação das campanhas e a assistência técnica às máquinas em termos económicos, através de oficinas próprias ou oficinas de confiança já existentes, e entregai á às direcções dos grémios ou das cooperativas agrícolas as máquinas e o equipamento, para serem utilizados em boas condições e nas tarefas a que se destinam.
As direcções dos grémios e das cooperativas assumirão a responsabilidade pelo equipamento que recebem, pela sua boa utilização e pelo pagamento de todas as importâncias devidas pelo trabalho feito aos associados que utilizam as máquinas, o equipamento e o pessoal especializado.
A unidade de orientação e coordenação da obra dos técnicos caberia à Federação dos Vinicultores, devendo esta conseguir que os técnicos e lavradores se sintam sempre autênticos colaboradores. Quer-nos parecer que na zona da região demarcada do Douro abrangida pela Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano as coisas se encontram facilitadas pelo facto de aquela Federação estar a executar já em larga escala a mecanização da sua agricultura.

O Sr António Santos da Cunha: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr António Santos da Cunha: - O problema que V. Exa. está tratando tem o maior interesse, mas não é um problema restrito do Douro. O problema da mecanização da lavoura -eu gosto deste termo- é um problema geral, e posso dizer a V. Ex. que, no Minho, a lavoura, fazendo das tripas coração, como se costuma dizer, está realizando um grande esforço para se mecanizar. Nesse seu esforço tem encontrado uma grande ajuda na Junta de Colonização Interna. É justo que se ponha aqui em destaque o esforço deste organismo. Todavia, temo muito que esse esforço de mecanização, quer no Minho, quer no Douto, ou em qualquer outra região do Norte, não esteja a sor realizado como deve ser, por falta de conselhos técnicos como V. Exa. diz, e muito bom. A lavoura teve grande esperança quando ouviu o Si Ministro da Economia, na Feira de Santarém creio que no ano passado, dizer que mandaria os agrónomos para a província, quer dizer, faria que os agrónomos tirassem os sapatos de verniz e calçassem as velhas botas cardadas, como é próprio da profissão. Eu faço votos por que as palavras do Sr. Ministro, que tanta esperança deram à lavoura, se traduzam em realidades. A lavoura do que acima de tudo precisa é de técnicos que a orientem.

O Sr Presidente: -Quero lembrar a V. Exa. a seguinte disposição do Regimento «Os oradores usarão da palavra dirigindo-se à presidência »

O Sr António Santos da Cunha: - Peço desculpa, ou, melhor, peço perdão a V. Exa.
Retomando as minhas considerações, quero pedir ao Sr. Ministro da Economia que objective a afirmação que