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17 DE FEVEREIRO DE 1967 1245

marítimas ela detém o exclusivo, terá de conseguir mais um navio de carga, mais lapido do que os cargueiros actuais e especialmente constituído para o transporte de gado, o que não quer dizer que não seja também adaptável ao transporte de outras mercadorias. Sabido, como é, que, infelizmente, durante os anos mais próximos não se vê possibilidade do transporte de carne frigorificada, há que ter um navio em que o gado seja ràpidamente escoado- e não, como agora -, que o lavrador chega a aguardar dois, três e quatro meses, por praça- e, ao mesmo tempo, os animais cheguem a Lisboa em condições de não causarem maiores prejuízos à lavoura. Basta aqui referir que a despesa feita por uma, junta de bois no valor de 20 600$, desde que sai de Angra até à capital (despesa com frete, despachos, comidas, seguros prémios, etc ), é de 3041$40, o que ocasiona um agravamento por quilo de 5$ o que é, na realidade, demasiado para as fracas possibilidades da lavoura. Junte-se a isso que cada bovino perde, em média, 12 a 15 kg de carne por viagem, devido às péssimas e mais que antiquadas condições em que é transportado, e ver-se-á o quanto isto se vai repercutir num campo que é uma das maiores fontes de riqueza daquelas ilhas O problema do transporte de gado é daqueles que urge estruturar e resolvei sem demora, para não sacrificai mais a depauperada economia açoriana.
Sr. Presidente: Quando nos debruçamos sobre este grave problema das comunicações no Açores, não podemos esquecer a importância que para todos nós representam as comunicações rápidas. Situadas a 1600 km da capital, aquelas ilhas têm urgente necessidade, para o seu desenvolvimento e progresso, de comunicações rápidas, efectivas e a preços correntes, ou seja a preços normais praticados no resto do Mundo.
Ora, nós, infelizmente, não temos comunicações rápidas (e mesmo assim não são diárias) a não sei Santa Maria-Lisboa e Lisboa-Santa Maria - a mais oriental de todas as ilhas e, por consequência, a mais afastada das demais, nem efectivas, pois as comunicações entre ilhas falham por completo, devido, sobretudo, ao tamanho diminuto dos aviões em sei viço e também à falta de um aeroporto decente na ilha de S Miguel nem a preços normais, pois a Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos (S A T A) cobra os mais altos que se conhecem nas tarifas aéreas Basta dizer-se que nas carreiras Lisboa-Porto (337 km) Lisboa-Faro (300 km) e Lisboa-Madeira (980 km) o custo por quilometro é respectivamente, de $98, l$06 e l$3l, ao passo que nas carreiras Terceira-Santa Maria (260 km), Terceira-S. Miguel (170 km) e S. Miguel-Santa Maria (100 km) esses custos ascendem a 2$30, 2$34 e 3$03 também respectivamente. Como se vê, muito mais do dobro, sem nada que, aparentemente, o justifique. Além disso a S A T A encontra-se há vinte anos, como já aqui tive ocasião de acentuar, em regime experimental, com muitas regalias e poucos ou nenhuns deveres. Entretanto, o número de passageiros, a carga e a mala aérea aumentam substancialmente de ano para ano, e esse aumento sem anula maior se fôssemos servidos em condições normais.
Ora as companhias que fazem as ligações continentais com os Açores são quase todas estrangeiras, excepção feita à T A P. Mas nós naquelas ilhas, ainda não compreendemos nem descortinamos o motivo por que a T A P não desenvolve, ou, melhor, não aumenta, aquela carreira e por que não usa o mais central aeródromo dos Açores- as Lajes - e que é, simultaneamente, um dos maiores e mais bem apetrechados do Mundo Uma alta entidade da Aeronáutica já me apontou como um dos motivos o facto de as Lajes sei em essencialmente uma base militar. E eu pergunto acaso o aeroporto das Bermudas não é simultaneamente militar e civil. E esse glande aeroporto que é Saigão não é cumulativamente militar e civil. E a S A T A , que nas Lajes faz serviço regular, e os outros aviões da P A M , Canadian etc , quando ali vão, também não são de companhias civis? Fraco e muito pouco convincente argumento.
Os Transportes Aéreos Portugueses (T A P ) têm-se imposto à consideração de todos os portugueses, têm levado a toda a parte o prestígio e o bom nome de Portugal e têm sido um elo fundamental de união e de ligação de todas os parcelas do mundo português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Daqui lhe presto a minha modesta, mas sincera, homenagem e a todos aqueles que têm contribuído de maneira decisiva para o grandioso desenvolvimento dessa Companhia.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Este impulso tem sido de tal ordem que a T A P foi incluída entre as oito companhias internacionais membros da I A T A que mostraram -de 19060 a 1965 - maior coeficiente de desenvolvimento tanto como 249 por cento. Só com uma administração criteriosa, cautelosa, mas dinâmica, isso terá sido possível, à qual não tem sido estranha a personalidade de excepcional administrador que é o Eng. º Alfredo Vaz Pinto.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A T A P é uma companhia que nos honra sobremaneira e que prestigia o País, aonde quer que cheguem os seus ofícios. Pois bem à T A P que tem sido aquele magnífico elo de ligarão e de união entre todas as parcelas do território português, eu apoio a fim de que também o seja mais efectivamente entre os Açores e o continente, servindo-nos como tem sei vido em toda a parte, isto é, olhando aos legítimos interesses da região.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eu tenho a ousadia do apelar, pelo menos em nome das sete ilhas do arquipélago paia que se estude o nosso problema, mas fazendo. Uso desse enorme aeroporto que é o das Lajes, cientes de que, sei vindo assim, está servindo verdadeiros interesses açorianos, e também ciente de que essas carreiras serão, para a companhia, cada vez de maior rentabilidade. Bastará para isso verificar um mapa estatístico com os números do tráfego aéreo nos últimos anos, tráfego de e para aquelas ilhas - e nas piores condições possíveis-, para se chegar a essa conclusão.
Aqui fica, pois o apelo, certo de que ele vai encontrar na atenta e firme administração da T A P a resolução desejada e nas autoridades intervenientes a melhor boa vontade e compreensão para este problema.
Já que tenho estado a falar de portos, barcos e aviões, não quero perder a oportunidade de apoiar e de me fazer eco das judiciosas considerações do ilustre Deputado Dr. Agostinho Cardoso, que, nesta Assembleia, e por mais de uma vez, levantou o problema das passagens de estudantes das ilhas. Na verdade, os pais que têm filhos a estudai vêem-se em sérios embaraços para os poderem mandar prosseguir estudos no continente Muitos