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6 DE DEZEMBRO DE 1967 1955

mós nisso muita honra, remir uma dívida, melhor, uma fracção de uma dívida, porque ela é de tal natureza que a maior parte não pode saldar-se. E que, meus senhores, Moçambique, mais, a Nação toda, deve a Salazar a sobrevivência. Isso pode pagar-se? Nunca! Mas nem assim deixamos de ficar constituídos numa obrigação que é a de nos unirmos em torno deste português enorme, que simboliza a Pátria, em torno deste homem, íntegro por excelência, que não conhece outro interesse que não seja servir a Nação, em torno deste cristão que há dezenas de anos vem a indicar ao Ocidente o caminho certo, o único que pode salvar a sua civilização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Salvar a civilização ocidental. Esta deve ser a maior preocupação do Ocidente. Mas será assim? Parece que não, tal a obstinação em cometer os mesmos erros, tal a pertinácia em não querer ver a clara evidência da verdade.
A que assistimos? Que se nos depara?
Estamos perante um mundo dividido e doente.
De um lado, pretende-se o homem-animal. Age-se friamente, calculadamente, separa-se o trigo duo joio e destrói-se o trigo. Com a promessa utópica de um paraíso terrestre, semeia-se o ódio, usa-se o ardil, corrompe-se, destrói-se, tudo com justificação no materialismo dialéctico. Mas nesse lado sabe-se para onde se vai. Vai-se conscientemente, determinadamente, para a autodestruição do homem-pessoa.
Do outro lado, com a preocupação igualmente materialista, que, à falta de outro termo, me parece poder designar-se por materialismo argentário, embora se fale em repúblicas e democracias, reina e governa o cifrão. Vive-se para os cifrões, morre-se pelos cifrões e são eles que comandam as guerras. Consideram-se os povos mais como números de uma conta bancária do que como homens. O dólar - e nisto não quero atingir particularmente a pródiga e generosa pátria-mãe dessa medida - justifica tudo.
Porque é dinheiro, o tempo não sobeja para que possa haver uma tomada de consciência à luz dos valores cristãos que serviram de esteio a essas sociedades e que. apesar de tudo e contra tudo, ainda subsistem de modo a poder salvá-las. Neste alheamento das consciências, caminha-se igualmente para uma autodestruição.
Entre estes dois pólos vai vivendo - estava tentado a dizer, vai vegetando - o terceiro mundo, ainda imaturo. Tal como as pessoas, as nações passam pela infância, e, deste modo, as que constituem esse terceiro mundo, se é que neste caso se pode falar em nações, subsistem tuteladas, embora se queiram convencer a si e às demais de que são independentes. Como não faltam tutores, servindo as instruções de uns servem de instrumento ao ódio e, de harmonia com os conselhos de outros, vão consumindo dólares sem qualquer benefício para os seus povos. E lá vão, empurradas por uns que sabem o que querem e por outros que não querem ter tempo para saber, caminhando, também inconscientemente, para a autodestruição.
Assiste-se deste modo a um suicídio colectivo da humanidade, apenas porque parte dela quer que assim seja e porque outra parte não quer ou não tem tempo de ver que assim é.
Qual a solução? Aponta-a Salazar há dezenas de anos. com uma firmeza, com uma coerência, com uma tenacidade verdadeiramente heróicas. É nas batatas que se conhecem os heróis, e Salazar é, sem dúvida, o maior herói da batalha de Portugal, o maior herói desta nova cruzada, que, por ser cruzada, terá bom termo. Salazar aponta a solução, mas não em abstracto. A solução é a solução portuguesa, histórica, amadurecida, experimentada, real, vivida e viva. E, porque viva, pode ser vista e auscultada por quem estiver honestamente interessado em descobrir a verdade. O que se verifica, porém, é que os responsáveis, ou tidos como tal, pela condução do mundo, porque a verdade prejudicaria os seus interesses imediatos, não estuo interessados em aprender como se pode viver em paz numa nação multirracial.
Naquela inolvidável quinta-feira a que já me referi, Salazar mais uma vez indicou o caminho, apontou erros cometidos e definiu a posição portuguesa. Discurso notável, do qual, achando que mais se não pode dizer, apenas direi: não há, com certeza, um português de boa fé que não lhe dê o seu apoio.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esse discurso foi para nós, Moçambicanos, a cúpula mais digna da cerimónia em que participámos e mais uma razão de acréscimo da nossa gratidão.
Salazar, no termo do seu discurso, faz uma afirmação, que é, simultaneamente, um apelo. Diz:

Penso que deve ser-se optimista quando se está seguro de fazer durar indefinidamente a resistência. Essa possibilidade é que é a prova da força e o sinal seguro da vitória, através da qual não queremos senão continuar na paz a Nação Portuguesa.

É a esse apelo que Moçambique se apressa a corresponder, embora pela voz do seu representante de menos méritos nesta Assembleia.
Com a solenidade que o momento e esta Casa impõem, com a certeza do total apoio dos meus colegas de círculo e das populações que aqui temos a honra de representar e com a plenitude de consciência que o meu mandato exige, afirmo bem alto que todos os moçambicanos estão dispostos a fazer durar indefinidamente a resistência. Todos os moçambicanos nascidos lá e cá, e, nestes últimos, é com a maior honra que destaco os bravos militares que defendem Portugal em África com o mesmo ardor, com a mesma coragem e desapego pela vida com que defenderiam o torrão em que nasceram.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vi-os em Cabo Delgado, vi-os no Niassa. Vi-os morrer pela Pátria, vi-os viver para a Pátria. Por isso, por saber o que lhes vai no ânimo, volto a afirmar com eles que em Moçambique todos estamos dispostos a fazer durar indefinidamente a resistência. Numa palavra: estamos dispostos a tudo dar à Pátria.
É esta a prova da nossa força. Com ela, pela mão de Salazar e com o auxílio de Deus, alcançaremos a vitória e continuaremos na paz da Nação Portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa à elaboração e execução, do III Plano de Fomento.
Tem a palavra o Sr. Deputado Elmano Alves.