20 DE DEZEMBRO DE 1968 2867
a todos mantinha,, pelo exemplo, firmes nos seus postos de combate. Quis a crueza da vida que ele dela se apartasse no exacto momento da nossa vivificação, por que tanto almejava. Contudo, a sua chama de génio continua bem acesa nos nossos corações, a iluminar-nos, pela vida fora, o caminhar seguro para cometimentos maiores. Que Deus tenha em paz o Prof. Eugênio Tropa, que foi um grande da classe, a que t auto queria e esta tanto lhe devia.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Sem infra-estruturas perfeitas todas as conjunturas são falhas. Não podia o exercício veterinário, que, diga-se em abono da verdade, tem sido, apesar de tudo, de extremo valimento para o País, fugir a essa regra incontroversa.
Para uma conjuntura francamente depressionada, no entanto, muito se tem feito. Mas mais para além da meta atingida é que já não se podia ir.
O tempo adiante, com a infra-estrutura em perfectibilidade, demonstrará a nossa razão, largamente patenteada, de que podemos ser mais válidos, assim o queiramos e saibamos, e é que havemos de querer e de saber.
Também o Sr. Secretário de Estado da Agricultura, Prof. Vitória Pires, que tudo fez para o vingar da reforma, tal qual o compreendeu e deseja, e por isso, -e na expressão do seu perfeito entendimento pelo interesse nacional, e de quanto poderá valer em seu favor a classe veterinária bem estruturada, tem aqui a nossa palavra de homenagem muito sincera, inteiramente justa por inteiramente merecida. Foi S. Ex.ª que, na arrancada final, deu o melhor e o maior do seu esforço, para o pleno êxito otbido. A tão digno membro do Governo o nosso caloroso muito obrigado.
Manisfestamos ainda o maior reconhecimento ao tão prestigioso jornal O Século, que sempre foi grande paladino da justiça devida aos prestantes veterinários municipais, querendo-os operosos, mas dignificados.
Os veterinários portugueses, que, no futuro, por mor desta dignação, serão mais e mais dinamizados, igualmente, como os do mundo inteiro, no dizer dê técnico destacado da F. A. O., «hão-de ser capazes de desempenhar papel de importância vital na campanha contra a escassez de alimentos», avolumando uma animalicultura, como é a nossa, ainda bastante empobrecida.
E é que estamos absolutamente confiantes na acção dedicada e proficiente dos nossos veterinários municipais. Saibamos conjugar os seus esforços e encaminhá-los para um Portugal melhor e maior.
Disse.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Gutileiro Ferreira: - Sr. Presidente: Quando, no século passado, se iniciou a construção dos caminhos de ferro em Portugal, várias foram as reacções a tão relevante instrumento do progresso. Como sempre, as opiniões ou eram extremamente contra ou a favor. Os que se situavam no meio termo eram uma escassa minoria. De entre os testemunhos sérios e irónicos há, ainda hoje vista com agrado, uma peça teatral, da autoria de um ilustre engenheiro, intitulada Os Velhos, que bem pertinentemente foca aspectos, além de curiosos, verídicos. Nessa época imperava um caciquismo, ainda não totalmente extinto, que impunha os seus desejos de interesse particular aos interesses gerais. Esse caciquismo, hoje cognominado de «grupos de pressão», impunha traçados, localização de estações e, até, a ordem de prioridade nas construções.
Do facto há exemplos flagrantes e visíveis.
O meu distrito, Sr. Presidente, não fugiu à regra, até mesmo neste nosso luminoso século XX. Construíram-se linhas com terminais absurdos, outras não tiveram as ligações previstas e muitas outras tiveram traçados de exploração antieconómica. Está neste último caso a linha do Barreiro a Vila Viçosa. Esta via, especialmente entre Vendas Novas e Évora, foi criar artificialmente um nó de ligação para o Sul do País - Beja e Algarve - em Casa Branca.
udo o que impera em caminhos de ferro a orografia, os rios, a rentabilidade, a distância e os centros populacionais - indicava que o traçado deveria ter sido do Vendas Novas, com a sua ligação ao Norte do País, pelo Setil, por Montemor-o-Novo a Évora e daqui para Beja e Algarve. Isto, pelo tal caciquismo de antanho, não se fez. Para servir a importante vila de Montemor construiu-se, passados largos anos, um ramal de Torre da Gadanha até essa vila. Ridículo ramal, sem rentabilidade e, pior ainda, sem continuidade de Montemor-o-Novo para a zona de Mora. Quanto à linha do Barreiro a Vila Viçosa, não teve, como era natural, uma ligação com Eivas, limite geográfico de Portugal continental. No que diz respeito à linha de Évora a Mora, ficou para fazer, mas em projecto, a sua ligação a Ponte de Sor, passagem da linha do Leste. Imperava, então, uma política que contrariava as chamadas linhas de penetração. Hoje, e no futuro mais ainda, essas são as vias indispensáveis. Por elas se escoam os produtos nacionais, se recebem os produtos estrangeiros e, mais ainda, entram os turistas gastadores das sempre desejáveis divisas estrangeiras.
Quanto ao ramal de Évora a Reguengos de Monsaraz, não se estendeu o mesmo até Mourão, onde se ligaria à rede espanhola, em Vila Nueva del Fresno, com consequente ligação a uma vasta zona que acarretaria para Lisboa, tanto porto de mar como centro de consumo, uma vastíssima quantidade de produtos agrícolas, pecuários e minerais. A ligação de Reguengos de Monsaraz a Moura também foi esquecida. Tudo o que acabo de referir muito sucintamente, Sr. Presidente, são meras achegas ao problema ferroviário do distrito de Évora. Mas, como sempre, os problemas regionais são apenas uma parte do problema nacional. Razões de aspecto militar há anos pertinente são hoje obsoletas. Quando existem aviação do tipo convencional e helicópteros e infantaria aerotransportada não existe razão válida que obste às chamadas linhas de penetração.
A guerra clássica de 1939 provou, e também à saciedade, que esses conceitos estão inteiramente ultrapassados. As vias tanto rodoviárias como ferroviárias ou se defendem ou se destroem. Como, porém, já não são possíveis guerras dos cem anos, mas sim guerras atómicas de duração de escassas horas ou até minutos, não se compreendem defesas inexistentes de vias de comunicação entre nações. Hoje há que programar para a paz e, sobretudo, para a interligação entre os povos no decorrer inevitável dos seus mútuos interesses de todo o aspecto. Sendo assim,, e assim será, há que ligar tudo e todos pelas vias mais fáceis, mais económicas e mais práticas.
Nesta ordem de ideias, Sr. Presidente, e sem deixar de ser, como sempre tenho sido, um defensor dos interesses de Portugal, tenho de ser, e sou firmemente, um defensor dos interesses da interligação das nossas vias de qualquer espécie ao nosso único vizinho terrestre, a Espanha.
Peço, pois, Sr. Presidente, que na revisão que julgo estar em curso e se impõe da linha do Barreiro a Vila Viçosa esta tenha, sem prejuízo da que já existe - a li-