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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178 3182

corda com esta mão-cheia de poeira - de todas as origens - que se pretendo atirar aos olhos do bom povo português, e de quem o dirige e governa, deve ter o tratamento que se impõe aos que traem o País no preciso momento em que ele se defende - defende, note-se em - numa guerra que lhe foi imposta do estrangeiro e visa interesses inconfessáveis: talvez cm macabra parceria com aqueles que já em 1891 queriam a sua ruína e a sua, perda ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E o erro praticado pelos monárquicos em 1891, talvez pela sua magnanimidade, certamente por destrutivas lutas partidárias, repetido posteriormente em 1910, ainda pela sua manifesta divisão c lamentável falta de combatividade, não pode ser repetido - e não o será certamente - pelos responsáveis do regime que redimiu a Pátria dos urros acumulados por republicanos e monárquicos, polo monos de 1891 a 1920. Se foi intenção dos revoltosos do 31 de Janeiro aproveitarem-se da pressão estrangeira contra o seu próprio país para vencerem a sua luta partidária, não poderá consentir-se agora, a quem comemora o feito, igual oportunidade! Os tempos mudaram, e hoje não há a luta de partidos políticos n permitir dissidências que justifiquem o abandono que em torno do Chefe do Estado se verificou em 1910. E se há alguns que o queiram, impõe-se que sejam imediatamente denunciados e neutralizados! Não sejamos nós, também, a confundir força com autoridade; não se deturpem os anseios políticos de uma minoria, considerando-os como os anseios mais legítimos do povo; não se chame surdez à voz da Nação, a objectividade com que não se escutam vozes e atendem intenções que apenas negam ao povo ao verdadeiro e laborioso povo da nossa terra o direito de ser livre de conluios internacionais que visam a sua própria destruição.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - "Explosões", no sentido de "crime", sempre as houve, infelizmente, embora localizadas e de inspiração bem conhecida: a da maçonaria; o que ó necessário é não as temer o fazer diminuir os seus efeitos, alertando-nos e tirando assim a iniciativa a quem as possa forjar! E não deve realmente esperar-se que seja tarde de mais - nisso estamos todos de acordo - o efeito da mentira que se proclama o a demagógica com que se pretende enganar a Nação, habituada ao sossego de quatro décadas, apenas interrompido por Lamentos periódicos da chamada oposição, sem força e sem génio para se impor verdadeiramente àqueles cujo sufrágio se pretende conquistar! Para os chamados "ventos da história", esta velha c rija Nação Portuguesa tem amarras c marinheiros que não a deixarão garrar. Isso não obsta, porém, a que se desconheça o quadrante de onde elos sopram - julgo, todavia, que não haverá esse perigo, pois os nossos inimigos não o permitem, de tal forma são evidentes os seus manejos, as suas ligações, os seus compromissos!
Quarenta anos de enfadonho monólogo! É assim que, objectivamente, se refere um largo período de paz, do ordem nas ruas, de progresso e de realizações: de prestígio e da força, que esse mesmo prestígio impõe, mesmo a alguns dos nossos inimigos! No balanço da situação esquece-se, maldosamente, todo o enorme saldo positivo do regime, para se criticar, impiedosamente, e apenas, aquilo que se não fez ou não foi possível fazer melhor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Registamos, contudo, que a principal vedeta da noite de 31 de Janeiro findo, no Coliseu do Porto, não quer comprar a sua entrada na Assembleia Nacional á custa, de discriminações aviltantes, nem tão-pouco terá conversações secretas! Com quem, pergunto eu?
Não pretendo, Srs. Deputados, repito, iludir-me a mim próprio, defendendo a opinião, aliás indefensável, de que a razão está sempre do nosso lado; que tudo quanto não seja o nosso rumo está errado; e finalmente, de que não terão cabimento entre nós aqueles que não discutam a Pátria naquilo que ela tem de essencial e de comum para todos os seus filhos: a sua própria grandeza e integridade territorial.
Apesar de intransigente, como alguns me chamam, talvez também admita uma abertura, mas devidamente ponderada e dimensionada, oportunidade enunciada, e condicionada apenas àqueles que não vejam nela uma maneira do penetrarem e destruírem. Em qualquer caso, nunca uma- solução resultante da quebra de princípios que devemos manter intactos. Mas assim não: a imagem é velha, mas "cavalos de Tróia" existem por esse mundo fora aos montes.

Vozes: - Muito bem!

Orador: - Também em política, a vacina, e em alguns casos a quarentena, se impõem; senão, ai de nós!
A humanidade evolui constantemente, e várias concepções que se ligam com a própria vida dos povos têm de se adaptar às circunstâncias internas e externas que a rodeiam. Desconhecê-lo, ou desprezar o conceito, constitui um perigo grave, quase tão grave como recusar sistematicamente o facto, quer quanto ao seu equacionamento, quer quanto a solução mais adaptável aos superiores interesses da Nação.
Mas tudo tem os seus limites, e o Sr. Presidente do Conselho, lapidarmente, quer no seu acto de posse, quer mais tarde nesta Assembleia, que ainda há escassas horas, foi bem claro nas suas afirmações. Tal como S. Ex.ª o fez, ninguém pretenderá ignorar que, em política, nada se improvisa com estabilidade e acerto; e por isso mesmo não aceitamos aventuras para onde queiram eventualmente lançar-nos aqueles que não têm a responsabilidade de governar e apenas se entretém a agitar a opinião pública com figurinos que têm como modelo a revolução anarquista de Maio passado em França! Não haverá, conforme foi dito, maus portugueses, mas, segundo aquilo que a defesa da referida amostra francesa nos deu a conhecer, existem entre nós anarquistas em embrião, ou, o que é pior, já em rodagem!
Eles constituem um movimento que, em qualquer instante, pode destruir toda uma sociedade, reportando-a àquilo de que saiu com o aplauso unânime da Nação, cansada da desordem, desiludida das promessas e farta da liberdade que lhe haviam prometido alguns monárquicos liberais e alguns democratas republicanos.
E então tudo se fez sem tiros, nem ameaças, nem crimes, nem execuções!
Aquilo que cm 31 de Janeiro saiu do Coliseu do Porto - essa nobre e laboriosa cidade que se pretende confundir no sarrabulho demagógico de uma sessão política de autêntica propaganda eleitoral - não foi mais do que um gigantesco número de ilusionismo, como aliás o justifica o local onde se realizou, transformando a anarquia - por agora de ideias - numa revolução redentora onde coubessem todos os portugueses, cansados ou não de um longo e enfadonho monólogo, como foi referido o abençoado pé-