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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178 3188

encravados dentro de zonas citadinas, onde, próximo de gente de outras idades, os velhos se lhes misturam, partilhando da vida colectiva e obtendo empregos por vezes;
2.° As residências (maisons de retraite), de que a de Emery-Lar e as da A. R. E. P. A., nos arredores de Paris, se podem considerar piloto, em regra com apartamentos de dois quartos e casa de banho, têm restaurante, sala de convívio, assistência médica periódica (curativa e profiláctica), clinica de dietética, terapêutica ocupacional c biblioteca. Algumas têm enfermarias e noutras enviam-se os doentes para os serviços de geriatria.
Por exemplo, a Residência João XXIII, de L'Haig des Roses, das Irmãs de S. Vicente de Paulo, só recebe válidos, mas deixa-os ficar, quando inválidos, na enfermaria;
3.º Os lares (foyers-logenients) distinguem-se das primeiras por uma maior independência dos pensionistas quanto à sua manutenção e ocupação. O apartamento tem grandes armários-arrecadações e uma kitchenette. Não há restaurantes, mas encontram-nos facilmente perto do foyer, na povoação. Perto do edifício central há, por vezes, um pequeno supermercado, um café-bar, o cabeleireiro e o pedicuro, elemento indispensável a considerar na assistência aos idosos, que não podem curvar facilmente o tronco. Pode trazer-se de casa algumas peças de mobília, que dão um tom pessoal ao apartamento. Tem de ir-se ao café para comprar os cigarros ou o jornal. Ninguém os traz ao apartamento, salvo em casos de alistamento acidental.
Entre, estes dois últimos tipos há muitos estabelecimentos de transição. Em todos se observa um conjunto de dispositivos destinados a obter o máximo de rendimento quanto à ocupação, comodidade e convívio.
Quanto à segunda velhice, o Hôpital-Hospice d'Ivry, nos arredores de Paris, com as suas 2900 camas, é um tipo curioso do grande estabelecimento e um exemplo frisante de como se pode transformar um velho asilo numa unidade gerontológica eficiente e moderna. Construído no Segundo Império para asilo de incuráveis indigentes, recebe hoje inválidos vindos de hospitais, residências colectivas e directamente da cidade. Compreende actualmente: serviços de medicina (100 camas), cirurgia (57 camas) e doentes crónicos (350 camas); várias residências (maisons de retraite) para 140 pessoas, creches para filhos do pessoal (66 lugares) e asilo (2150 camas).
Os pensionistas são pagos pela Aide Sociale, por eles próprios ou por benfeitores.
Em Ivry há consultas abertas e doentes idosos internos e externos, de medicina geral, cardiologia, endocrinologia, cirurgia geral e especial, estomatologia, otorrinolaringologia, psiquiatria e oftalmologia. Possui radiologia, farmácia e laboratórios. Tem os serviços gerais e de administração correspondentes a um grande hospital, uma escola de enfermagem, um centro de produção de flores, um serviço de recuperação e agentes físicos.
Os seus serviços sociais incluem uma sala de espectáculos e emprego de pensionistas em serviço remunerado, além de serviço social organizado para validos, doentes acamados e para o próprio pessoal que ali possui alojamentos.
Quarenta e dois médicos constituem o corpo clínico. Em Ivry a idade média de entrada é aos 80 anos; procura-se recuperar, total ou parcialmente, a invalidez e tratar regularmente todas as doenças. Insiste-se na ideia de que não se vai para lá para ficar definitivamente, mas que se regressará a casa, o que acontece muitas vezes. Ivry funciona para alguns doentes como hospital de dia.
Em cada sala há válidos, semiválidos e inválidos. São tratados no lugar onde estão; pensa-se que não se deve mudá-los porque isso os prejudica psiquicamente.
Nota-se uma certa percentagem de alcoólicos entre os pensionistas. Há cerca de sete estabelecimentos de bebidas em volta do Hôpital-Hospice.
O Hospital-Asilo de Ivry poderia fornecer motivos importantes de estudo para a modernização dos nossos grandes estabelecimentos asilares.
Ouso sugerir este estudo por uma equipa de técnicos assistenciais, que os temos em tão grande nível estão interessados no fomento assistêncial, por exemplo no departamento da Direcção-Geral da Assistência.
Quando, há dias, percorri minuciosamente o Asilo de Marvila, pensei que talvez se pudesse fazer dele uma unidade modesta, mas no estilo de Ivry.
Quem observar objectivamente Marvila, com as suas más e velhas instalações, onde se aglomeram 700 idosos, rio grande predomínio feminino, com os seus grandes e frios dormitórios e a promiscuidade entre psicopatas e outros semi-inválidos, pressente um enorme e inteligente esforço feito para com verbas insuficientes atenuar a situação anterior, melhorar e actualizar o que se pode. Verifiquei ali que os internados não têm, em regra, semblante angustiado e triste, como em alguns velhos asilos que conheço. Trabalham descoordenadamente, mas por toda a parte, ajudando as vigilantes nos banhos as inválidas, na limpeza das camaratas, na lavandaria. Há, nos numerosos pátios, gente a ocupar-se nos trabalhos da casa. Estes numerosos pátios e a ocupação que facultam aos internados, o facto de estes saírem e receberem visitas, constituem factores que atenuam a sensação de clausura c de segregação.
O custo da construção e manutenção dos alojamentos colectivos para idosos válidos ou inválidos, com o seu equipamento e numeroso pessoal, tornará este sistema impraticável de futuro, dado o volume crescente de gente da- terceira idade que se prevê, se não for contrabalançado pela permanência de um grande número nos seus lares ou nos lares dos filhos. Um sistema de apoio domiciliário pode estimular esta política de alojamento, num século em que os filhos começam, em certos países e em certos meios, a querer desembaraçar-se dos pais, como encargos incómodos.
Ocupação e actividades compensadoras:
Já disse que a inactividade e a solidão na terceira idade são factores importantes de doença, invalidez e encurtamento da vida. A ociosidade, disse Garrei, é ainda mais nefasta à velhice do que à juventude.
A desocupação, o afastamento do ambiente profissional e a insuficiência económica, que muitas vezes acompanham a velhice, geram um perigoso síndroma de insegurança e desadaptação, constituem causas de aceleração do envelhecimento e até da morte precoce do homem da terceira idade.
Daí nas maisons de retraite e nos foyers-logements franceses, a que já me referi, haver uma complexa orgânica que os transforma em comunidade, com suas actividades e lazeres, onde a ocupação surge como uma necessidade organizada.
Numa época do mundo cm que a velhice se vai biologicamente retardando em vez de se diminuir a idade para aposentação obrigatória, devo promover-se a ocupação condicionada e voluntária para o homem válido da terceira