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14 DE FEVEREIRO DE 1969 3189

idade e tornar a este, como ao adulto, cada vez mais agradável a vida de trabalho, com seus lazeres, férias e redução das horas de trabalho, à medida que a produtividade aumente e a economia social o permita.
O trabalho protegido ou em tempo parcial, em determinados tipos profissionais, com o tríplice objectivo de ocupação, aumento da produtividade colectiva e de cobertura económica, é ainda um dos mais importantes factores da promoção da gente da terceira idade, tornando-a menos onerosa para os activos ...
Adentro da própria família é possível a ocupação no acompanhamento das crianças, nos pequenos artesanatos, etc., mesmo para os económicamente suficientes. E preferível ocupá-lo - diz o Dr. Vítor Santana Carlos - num trabalho proporcionado às suas forças do que condená-lo a um repouso forçado.
Um inquérito feito por Perez e Lumia, em Itália, junto de 500 aposentados, confirma a necessidade, em virtude da insuficiência das pensões, de procurar trabalho complementar, em regra diferente do que antes se executava, menos qualificado e menos remunerado, mas nem sempre menos fatigante (travail noir). Nesse inquérito, os aposentados que não trabalhavam, por possuírem cobertura económica suficiente, tinham pouca consciência da importância psicológica do trabalho. Esta verificava-se mais nas profissões não manuais. Os autores referidos acentuam, todavia, a influência negativa da interrupção do trabalho na eficiência profissional e a saúde, provocando envelhecimento precoce. Afirmam, pelo contrário, que uma certa actividade em condições favoráveis é biològicamente benéfica. As comunidades deviam criar possibilidade e tipos de trabalho para as pessoas idosas. Há experiência em certos países no sentido de haver determinada percentagem de lugares para os trabalhadores idosos nas empresas e serviços públicos, em certas categorias profissionais. Um esforço notável tem sido feito em Inglaterra para reclassificar e dar trabalho aos operários idosos, trabalho protegido ou a tempo parcial, realizável por tarefa, mesmo na residência para os que voluntariamente o desejarem. Este tipo de soluções tem todavia os seus contraditores: acusa-se-o de barrar e atrasar o acesso dos jovens aos diversos escalões profissionais, pela concorrência dos velhos aos homens novos que procuram ocupação.
Conseguir, por meio de legislação apropriada, criar emprego mediante trabalho condicionado e voluntário para certos tipos de pessoas idosas, obter, por uma educação colectiva, atitude colaborante das entidades patronais e serviços públicos - eis um objectivo importante neste sector da política da velhice.

Ambiente familiar ou sua substituição; convívio; lazeres:

Há uma tendência natural para a segregação e o isolamento da gente da terceira idade, pelo menos em certas classes sociais.
Perdendo pouco a pouco a acuidade psicomotora e sensorial, voltado para a recordação do passado, tendente ao imobilismo e à lentidão, e a caminho da invalidez, o homem idoso, com os seus achaques e lamentações, vê reduzir-se, pouco a pouco, o pequeno número dos seus interesses e aumentar, também pouco a pouco, o risco, no ambiente familiar, de ser o hóspede cada vez menos tolerado, cujas atitudes são incompreendidas pelos outros. Mas o homem e a mulher idosos, se mantiverem a independência económica e certa autonomia no seu apartamento, se contribuírem para custear a manutenção do agregado familiar, se tiverem o seu dinheiro de algibeira, podem ser ponto de encontro nas relações familiares, prestar serviço com a sua experiência e a sua sabedoria, qualidades independentes da cultura geral.
A integração da terceira idade na sociedade contemporânea, com os seus problemas de relação e comunicação, ou seja do anti-isolamento, só a partir do ambiente familiar e com o seu apoio pode efectuar-se. A gente da terceira idade entende-se mais com os jovens de que com os adultos ou outros idosos, porque eles trazem-lhe uma imagem e uma nova vivência da sua própria juventude. E os jovens entendem-nos também melhor do que os outros, em certas formas de diálogo a fomentar, e onde os velhos se sentem um pouco ligados à competição e à problemática do tempo em que estão vivendo, ao transmitir a sua experiência aos mais novos.
É de desenvolver a sua vida associativa, porque contribui para manter a personalidade do homem idoso, com tendências a perdê-la, mas sofrendo com isso. Em França há, entre outras associações, a Confédération des Vieux Travailleurs e L'Union des Vieux de France e jornais como La Troisième Age, Notre Temps e Le Fils des Ans e jornal trimestral da C. N. R. O. (Caísse Nationale de Retraite des Ouvriers du Bâtiment e des Travaux Publics), enviado gratuitamente às pessoas idosas e onde estas encontram indicados os seus direitos, legislação útil, sugestões para actividades ocupacionais, conselhos médicos, etc.
De resto, os políticos franceses sabem que os velhos representam uma importante força eleitoral. O jornal diário o rádio e, quando possível, a televisão, além do aspecto recreativo, importante na monotonia do quotidiano da terceira idade, interessam muito no aspecto de informação, de ligação com o mundo exterior. E incalculável o valor que constitui o poder oferecer-se ao velho pobre a assinatura do jornal diário da sua cidade. Como seria útil que os jornais destinassem uma pequena parte da sua tiragem para os velhos dos asilos e estabelecimentos colectivos! Um inquérito feito pela C. N. R. O. num grupo de reformados em França mostrou como recreios predominantes, por ordem decrescente:

Nos homens: pesca, passeio, rádio e televisão, jogos; Nas mulheres: costura e tricot, rádio e televisão, passeio, leitura.

Ao longo deste trabalho referi-me várias vezes à valorização de tudo o que possa contribuir para um ambiente familiar com condições de estabilidade psicológica e doméstica, em ordem a tornar possíveis as relações mútuas do elemento idoso e dos seus conviventes e permitir o fomento de uma política de velhice que venho preconizando: a de permanência da gente da terceira idade no seu ou em lar familiar, contrariando-se a política, a considerar de excepção, do alojamento colectivo extrafamiliar, no qual todavia se deve individualizar o apartamento. Alguns autores começam não só por bater-se contra a extinção dos asilos, mas por preconizar a redução e futuro encerramento das maisons de retraite e dos foyers-logements, insistindo numa política firme de valorização do lar individual e familiar da gente idosa, através de uma gigantesca e integral organização de apoio domiciliário.
Consideram um tal sistema mais económico e mais humano.

A ajuda domiciliária:

1) Ajuda doméstica;
2) Ajuda social;
3) Vigilância e assistência médico-sanitária.