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1814 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 95

habitantes», e a Guiné fatalmente que os havia de ter bons, compreensivos, dignos e perfeitamente integrados na sã política de valorização da -sua terra, à .sombra da bandeira, a -de Portugal, que é a sua pátria velha de séculos.

Só meia dúzia, de transviados por ideias mais ã s não o compreendem .assim. Muitos já se têm arrependido e regressam. E os outros hão-de voltar em breve, tenhamos fé em Deus.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Muito naturalmente que a minha condição de técnico agrário me empurra rnais no -rumo das coisas da terra, aliás o esteio primeiro e maior da economia da Guiné.. ÏÏ sobretudo a esta luz — que se pretende bem acesa, para o seu viver melhor iluminado, que por ora ainda tem largo manto a obscurecê-lo e a precisar de rnuita clarificação— que vamos observar as contas gerais da província relativas a 1969, conjugando-as na sua apreciação com o que tivemos ^oportunidade de ver no seu favor e desfavor na caminhada curta em que recentemente a cruzámos.

Às coisas agrárias da Guiné, como não podia deixar fle ser, estão ainda grandemente perturbadas pelo desassossego em que se encontra o território, mas já não tanto quanto estiveram há tempos atrás.

E é que a agricultura, com o seu peso maciço na vida da província, uma vez que foi sujeita a forte encontrão, tudo o mais se ressente, visto não haver com ela paralelo algum dos outros sectores do contexto económico, nem sequer se vê jeito de os tornar num momento suple-tivos da maior debilidade que lhe foi imposta.

Também nós estamos em crer que, hoje como ontem e tail qual no» dias futuros, a Guiné há-de moveir-se sobretudo na órbita» da sua agricultura, havendo, portanto, que a aperfeiçoar e racionalizar o mais possível, por forma a ser maximamente útil na acção motora que lhe é exigida.

A culpa maior da não melhoria das Condições econó-mifoas da província, apontada a traços muito carregados, deve-se íi agricultura, -tiraidácional .e primàriamenite trabalhada.

No cômputo das exportações de 1969. tal como sempre nos anos anteriores, é o amendoim o produto que mais mele pesa em tonelagem e. vailor, e a grande distância do coconote, "que vem logo a .seguir, com 65 994 contos e 23 962 contos, respecitivnmeinfce. Estes dois produtos somados preenicheím em valor 85,6 por cento do tota] da >expoïita.ção. Estamos, pois. perante uma estruturação económica, dê monocultura, sempre empobrecedora, que urge" reformar, e quanto antes, pois só a diversificação cultural é capa/dei gerar (riqueza.

E o pior é que,, para- além desse-deieito grave de estrutura .errada, a produtividade dessas culturas, por técnicas imperfeitas, é extraordinariamente baixa, e são elas as únicas ao serviço d-a agricultura de mercado, pois tudo o resto se resume à subsistência das populações., e miesmo assim bastando-lhe mai, por acentuada depressão.

Contudo, um sinal de grande favor, que ao mesmo tem-po o é de mais interesse dos agricultores, pela sua cultura fundamental, como ainda mostra mais sossego na província, logo mais ocnifiain.ç.a, foi a exportação de a mancarra subir, neste ano de 1969, a 15 053,2 t, um dos mads altos volumes de produção do último quinquénio. E assina também o coconote, com 9339,4 t, a madeira, com 3632,9t, e os couros e peles, com 286,61.

Tudo isto é índice de uma política bem conduzida pelos caminhos da verdade e da razão e .em certeza.

No entanto, mantém-se em exagero de desequilíbrio o comércio externo, co-m, .relativamente a 1968, 20 419 t de importação a mais, no valor acrescido de 163 750 con-

tos, isto apesar da exportação acrescentada .em mais 17 504 contos.

O desequilíbrio é bem notório na diferença entre a importação e a exportação, em 1969, .expressada em 565 429 contos.

Mas outro índice o temos por bem — o valor unitário da mercadoria exportada, que subiu, ainda que modestamente, de 3350$, em 1968, para 3454$, em 1969, e baixado o da tonelada de importação em 454$, entoe os dois anos referenciados.

A situação piorou, sim, na origem das importações, pois rsubiu bastante o vailor das vindas do estrangeiro, elevado a 254 331 conitos, e na diferençai entoe importação e exportação, de e para a mesma origem, que subiu muito alto,- a 225 200 contos.

Contudo, é de considerar que o estrangeiro comprou u Guiné, em 1969, 27,6 por cento do .seu total de- exportação, quando no ano anterior essa percentagem foi apenas de 22,,5 por cento. A metrópole comprou 70,7 por cento das mercadorias produzidas.

A marcada falta de liga-ções marítimas regulares, devido a uma frota mercante, como é a nossa, que precisa com celeridade de ser aumentada .substancialmente, pela responsabilidade que lhe é imposta por um país uLtra-mapino extenso e disperso, que urge servir, e bem, fez com que o comércio da Guiné com as restantes províncias do ultramar não tenha chegado a 10 por cento do da metrópole.

Enquanto não tivermos a infra-estrutura de transportes devidamente assegurada com a arqueação bruto suficiente e adaptada ao nosso espaço dilatado — temos esperança de que a vigência desite III Plano de Fomento reforme muita da velharia que mal nos serve —, não teremos possibilidades competitivas, e consequentemente um comércio ultramarino promovido, com o gravame de sofrermos a dureza de preços extremamente alteados.

E afinal a esperança, felizmente, vai tomando forma de franca realidade. Logo após o traçado destas linhas, que só mantemos por ansiarmos por essa realidade tão inteira quanto necessária, tivemos anteontem o grato prazer de vermos a nossa marinha mercante enriquecida com mais um cargueiro, o Malanje, prazer esse multiplicado por o .sabermos construído em estaleiros nacionais e aparelhado com a modernadade de condições óptimas de utilização. O Sr. Presidente da Kepública, no aoto. da visita à nova unidade, fez a declaração, que deve ser constantemente recordada, «que o seu desejo é que as empresas de navegação possam aumentar o seu material, os seus instrumentos de trabalho, para poderem servir bem o território nacional».

Com essa infra-estrutura e outias — um matadouro industrial com o frio acopulado e harmónico com o alto valimento que pode vir a ter a pecuária da província, sobretudo a massa bovina que gostámos de ver na sua capitação para franco alargamento e melhoria; um laboratório de investigação veterinária, em Bissau, perfeitamente instalado e equipado, como já houve há muitos anos em plena eficiência, .louvor seja dado ao técnico que tão proficientemente o teve ao serviço da província, o nosso colega, investigador de alta qualificarão e hoje catedrático na Universidade de Moçambique, o Doutor João Tendeiro, a quem um inspector superior do ultramar, em relatório que lemos, apelidou de «preforutador dos mistérios da vida, para, no âmbito da. sua actividade, a defender e valorizar», e tão justamente; uma fábrica de rações tão necessária à racionalização da dieta alimentar das espécies pecuárias que à margem dela pouco préstimo têm; um equipamento industrial para o melhor trabalho dos couros e peles, hoje com curtimenta rudimentar; e mais as duas