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4234 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 213

fesa de vidas e de territórios que são património comum.
Não podemos esquecer, em momento algum, as mães, os pais e toda. essa heróica juventude de brancos, pretos e mestiços que vem dando o melhor que possui, as suas próprias vidas, em defesa do ultramar. É que a razão da guerra não está na opressão de povos, mas sim na defesa de povoações inteiras, que bandos de terroristas, vindos de fora, fortemente apoiados por determinadas potências mundiais, vêm flagelando, matando indiscriminadamente velhos, crianças, mulheres e homens.
Não queremos, decerto, a guerra, mas não podemos permitir que sejam abandonadas à sua triste sorte, dentro do nosso território, populações indefesas, na maioria africanas, que são, afinal, as principais vítimas dos que se apelidam de "libertadores".
Além de as defendermos, estamos procurando, no ultramar, elevar o seu nível de vida, através de empreendimentos, alguns dos quais de tal maneira grandiosos que surpreendem quem quer que seja, como é o caso da barragem de Cabora Bassa, integrada no vasto plano do Zambeze, na região de Tete, onde a luta se tornou mais acesa, precisamente porque tal plano não convém aos nossos inimigos, pois que contribuirá para o bem-estar e estabilidade de populações que procuram aliciar.
Esta é a verdade que alguns não querem entender ou fingem ignorar.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Contudo, a própria imprensa estrangeira vem trazendo a lume, esclarecendo deste modo a opinião mundial, declarações e comentários de pessoas responsáveis, políticos, jornalistas, homens de ciências e outros que têm visitado ultimamente o ultramar português e observado nos próprios locais como se passam as coisas, e o que acontece é ficarem surpreendidos com o ambiente que encontram, com a obra realizada e com a nossa maneira de conviver, tão diversa daquela que pensavam, levados pela intensa e persistente propaganda contrária ao nosso país.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Assim, a jornalista norueguesa Ingegord Galtung, que visitou demoradamente Angola e Moçambique, terminava um extenso artigo sobre o ultramar, inserto no jornal diário de Oslo Morgenbladet, fazendo esta pertinente pergunta:

Porque é que tão escassamente se conhece no mundo aquilo que na África os Portugueses fizeram e estão a fazer?

E acrescenta:

Quando chegámos a Angola e Moçambique, com uma imagem falsa da situação, sofremos um choque ao descobrirmos essas sociedades vibrantes de actividade, que se desenvolvem a ritmo vertiginoso, em vez de terras primitivas, paralisadas pela guerra, tal como a propaganda comunista as descreve.

Tem razão a jornalista norueguesa em se admirar aã nossa prejudicial discrição, que vai até mesmo a lugares onde os elementos de informação sobre o ultramar deviam ser abundantes, objectivos e actualizados, para nos podermos contrapor à propaganda adversa, como é o caso nas Nações Unidas.
Mas não se trata apenas de informar e esclarecer no estrangeiro. E no nosso país?
Estão os Portugueses suficientemente esclarecidos sobre o ultramar e conscientemente preparados para as actuais circunstâncias da política ultramarina portuguesa, que exige de cada um de nós doação e sacrifício e de todos união e firmeza, e isto a despeito das repetidas comunicações feitas à Nação, com toda a clareza, pelo Sr. Presidente do Conselho?
Bastarão para tal os escassos documentários de cinema, os programas de televisão que, ultimamente, diga-se em abono da verdade, têm feito progressos, uma ou outra conferência e algumas notícias dos jornais e da rádio?
Não raras vezes me tenho apercebido, e com que mágoa o digo, de uma certa descrença ou tibieza, por parte de pessoas com alguma responsabilidade, ao falar-se do problema ultramarino. É que ele se torna, por vezes, incómodo para quem, usufruindo bem-estar, ouve referir constantes sacrifícios e trabalhos. Há mesmo quem não acredite que as populações sejam capazes de entender tais sacrifícios. São os cépticos e os derrotistas.
Uns, pensando nos seus próprios interesses, vêem na actual política ultramarina um estorvo para as suas ambições.
Outros, cultivando vaidades, vivem, por comodismo ou individualismo, completamente alheados dos acontecimentos, e procedem na vida quotidiana como se tudo corresse em maré de rosas e o País não estivesse suportando uma guerra. E não se pense que estes se encontram apenas na metrópole, há-os também no ultramar, em certos locais, mais ou menos distantes das regiões onde se luta.

O Sr. Carlos Ivo: - V. Ex.ª dá-me licença?

A Oradora: - Faça favor.

O Sr. Carlos Ivo: - Eu tenho estado a ouvir V. Ex.ª com toda a atenção e permito-me interrompê-la porque as dúvidas que V. Ex.ª tem tido quanto à eficácia e à extensão da informação no nosso país também eu as tenho tido. E, sempre que há uma dúvida, evidentemente que se segue um período de meditação. Dentro dessa meditação eu chego a esta conclusão: é que, na nossa informação para o estrangeiro, que tem sido lançada nos pontos nevrálgicos onde ela deve incidir para um maior conhecimento das nossas coisas, quer dizer, entre os diplomatas e os jornalistas, os nossos sistemas de informação têm tido realmente resultados positivos; ao passo que, no nosso país, isto temos de dizê-lo, tenho a impressão que nem na extensão nem na qualidade a informação tem alcançado os resultados que deve alcançar.
Nós vemos aqui na metrópole, como V. Ex.ª acabou de apontar, pessoas que falam em guerras coloniais e outras coisas, com desconhecimento absoluto do que se está a passar. Eu sei que à distância é um bocadinho difícil.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Com desconhecimento, Sr. Deputado? Por amor de Deus!

O Sr. Carlos Ivo: - Em alguns casos.