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4236 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 213

ou tomar posições que contrariem o interesse que ao Governo de todos nós cumpre defender em todas as circunstâncias.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Sr. Camilo de Mendonça: - Portanto, nesse aspecto, permito-me acentuar que para aqueles os esclarecimentos não são já precisos, quando os caminhos que têm sido percorridos, os esforços que têm sido feitos, excedem largamente toda uma orientação anterior que podia, embora injustamente, ser acusada de algum imobilismo. Se ainda nem assim conseguimos que alguns naturais desta terra o entendam, temos de lamentar, temos de ter pena, mas temos de continuar.

A Oradora: - Sr. Deputado: Eu ouvi-o com muita atenção, mas também eu não compreendo as palavras de V. Ex.ª Talvez não me tivesse explicado bem ou V. Ex.ª tivesse interpretado mal as minhas palavras.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Não, minha Senhora, eu referia-me a atitudes recentes de alguns e em concordância com as afirmações de V. Ex.ª

A Oradora: - Então está esclarecido!

Sr. Presidente: Tinha já escrito estas breves considerações quando ouvi, atentamente, a magistral e esclarecedora comunicação que o Sr. Presidente do Conselho, Prof. Marcelo Caetano, acaba de fazer à Nação, sobre a política ultramarina portuguesa, e na qual reafirmou os propósitos do Governo quanto à sua manutenção e defesa.
Para além do brilho da exposição, foi o comunicado uma notável lição de política ultramarina, um esclarecimento minucioso da conjuntura actual e do caminho traçado pelo Governo para a enfrentar, ao mesmo tempo que uma séria advertência à Nação, sobretudo aos que não estão atentos ou se alheiam das realidades.
É de desejar que os Portugueses meditem seriamente nas palavras que o Chefe do Governo acaba de dirigir ao País.
Como Deputada por Moçambique, terra onde gentes de variadas raças e credos lutam, conjuntamente, pela paz e pelo progresso, sinto ser meu dever manifestar, em nome de quantos me deram o honroso mandato de os representar nesta Assembleia, a satisfação pela firmeza com que a política ultramarina continua a ser encarada pelo Governo.

O Sr. Salazar Leite: - V. Ex.ª dá-me licença?

A Oradora: - Faça favor.

O Sr. Salazar Leite: - Muito obrigado. Eu preciso interrompê-la mais uma vez para reflectir sobre o que tem aqui sido dito. Desde que por amável deferência do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros de então eu tive a honra, que não esqueço, de ser incluído na delegação portuguesa às Nações Unidas, tenho vindo a reforçar algumas das opiniões que já tinha sobre a nossa posição nas Nações Unidas e, graças a alguns esclarecimentos de pessoas mais autorizadas do- que eu, creio que hoje poderei com consciência analisar perfeitamente aquilo que se passa dentro das Nações Unidas. Não é meu mérito, é mérito daquilo que tenho ouvido e dos conselhos que tenho seguido e da enorme influência das pessoas autorizadas.
Fui a primeira vez para as Nações Unidas ainda com uma vaga esperança de que aquilo que se dizia acerca dessa Assembleia não tinha razão de ser. Mas à medida que o tempo passou, fiquei mais consciente de que há uma atitude generalizada de um grupo de nações que tendem quanto possível a atacar Portugal, talvez como uma válvula de escape, porque a outros países não podem com tanta facilidade atacar. Eu pergunto a mim mesmo porque se salta com tanta facilidade sobre problemas gravíssimos do mundo actual, problemas que mereceriam mais atenção, que mereceriam um estudo profundo, e não cito nenhum porque estão na mente de todos nós.
E quando se trata de um problema em que Portugal pode ser atingido, procuram, de qualquer maneira, diminuir o nosso esforço, demonstrando ao mundo através dessa tribuna, que é uma tribuna extraordinariamente importante -e que em meu entender não devemos abandonar-, procuram fazer saber ao mundo que os Portugueses são a erva daninha que se encontra a modificar por completo as boas relações entre as nações.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Salazar Leite: Peço a sua atenção para as suas prolongadas considerações porque está esgotando o tempo regimental à Sr.ª Deputada.

O Sr. Salazar Leite: - Muito obrigado, Sr. Presidente, eu acabo já, porque tudo o que tenho a dizer é chamar mais uma vez a atenção para a situação em que nós nos encontramos nas Nações Unidas. Para o ambiente que se respira contra nós nas Nações Unidas e que tão bem foi apontado pela Sr.ª Deputada Custódia Lopes, a quem quero felicitar.
Espero bem que o futuro poderá modificar este estado de coisas e espero que alguma vez, através do mundo, seja reconhecida a obra que os Portugueses têm feito e estão fazendo para bem dos povos que a civilização nos entregou e que temos obrigação de conduzir para ela.

A Oradora: - Muito obrigada, Sr. Deputado, e vou já terminar com mais estas duas palavras.
Estou certa de que as populações ultramarinas, solidárias com o Governo, não desmerecerão da confiança que nelas foi depositada.

O Sr. Neto Miranda: - Sr. Presidente: Ao acabar de ver renovado, na recente comunicação ao País, tão acentuadamente, o pensamento do Governo quanto à defesa intransigente do ultramar, em sequência lógica de um passado que preservamos e de um futuro que estamos construindo, a minha consciência de português, que tem nesta Casa o honroso encargo de representar Angola, não pode deixar de salientar a dimensão da mensagem do Chefe do Governo.
São já longos os anos que tenho dedicado ao ultramar. Pois, perante a notabilíssima comunicação do Sr. Presidente do Conselho, eu jamais me senti tão compensado do modesto esforço que tenho dês-