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26 DE JANEIRO DE 1973 4335

E como estas outras surgiriam no País.
O rendimento resultante desse afluxo de turistas daria verbas para a conservação e restauro dos valores artísticos e regionais preconizados e seria mais um elemento a velar e a defender estas riquezas.
Só esta razão, se não houvessem tantas outras, seria suficiente para que o Ministério do Interior dedicasse maior ajuda na criação das regiões turísticas naturais.
No entanto, devemos reconhecer que só a entidade oficial especializada, como é o caso da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, será capaz de ajudar a levar a bom termo a difícil tarefa das comissões regionais de turismo.
Somos portadores de um infindável manancial de cultura e há o dever de dar lições proveitosas a todos e em especial à nossa gente, proporcionando-lhes, na medida do exacto, a apreciação do que somos e do que valemos, infelizmente por tantos ignorado.

O Sr. Oliveira Ramos: - V. Ex. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Oliveira Ramos: - Na generalidade estou de acordo, e creio que a Câmara também estará, com as considerações produzidas por V. Ex.ª Mas há um ponto em que tenho uma opinião diferente. Eu creio que a defesa do nosso património monumental e artístico caberá, por direito próprio, ao Ministério da Educação Nacional. E não devemos contar para o efeito com o apoio dos serviços de turismo. Eles têm nesses monumentos um valor turístico, mas principalmente eles constituem património cultural da Nação. Daí eu senti-los mais afectos ao Ministério da Educação Nacional. Portanto, creio que é para o Ministério da Educação Nacional que nós devemos apelar e é dele que nós devemos esperar as medidas capazes de protegerem esses monumentos e essas obras de arte, que serão também factor de atracção para os turistas.
Outro problema que V. Ex.ª pôs é realmente importante. Afigura-se-me importante conceder meios às comissões locais para elas actuarem. Não basta existirem essas comissões. É preciso que possam realmente desempenhar o seu papel, com o apoio, em minha opinião, do Ministério da Educação.

O Orador: - Eu parece-me que chamei a atenção da Secretaria de Estado da Informação e Turismo só para ajudar. Não é para financiar. Não é ela a entidade principal. Uma ajuda de subsídios que daí advinham.

O Sr. Oliveira Ramos: - Em todo o caso, eu creio que essa ajuda devia vir do Ministério da Educação, com os bons olhos da Secretaria de Estado da Informação e Turismo.
É caso para reconhecer que «há sempre um Portugal desconhecido», e dar a conhecê-lo aos nossos é, também, necessário para serem mais portugueses.
Estou-me a lembrar de vultosos subsídios concedidos à juventude para ir em passeios ao estrangeiro, c a desconhecerem as incomparáveis belezas e riquezas do Portugal continental, insular e ultramarino..
Conservar e melhorar todos os motivos nacionais que reflectem o espírito criador da sua gente é, como se disse, necessário à sua maior valorização.
E dele poderíamos tirar o partido de o mostrar e explicar aos turistas que nos visitam, imprimindo roteiros em que as obras e os ambientes fossem seriamente explicados, organizando passeios de estudo, fomentando, assim, a complementar indústria necessária ao bem-estar e para boa recordação dos visitantes.
Na base desta indústria está a hoteleira, que devia receber subsídios para a construção e apetrechamento, sob determinadas garantias, do Fundo de Fomento do Turismo, à parte os empréstimos concedidos quando reconhecidos de utilidade turística.
Aqueles investimentos têm de ser considerados de utilidade pública por representarem meios de fomento nacional e em muitas terras do País só com essa ajuda se poderá entusiasmar a construção de unidades funcionais que proporcionem bem-estar ao turista.
Só com esse benfazejo subsídio foi possível erguer uma unidade hoteleira no meu distrito, que tem prestado valiosos serviços, devendo o seu exemplo ser generalizado.
E a região duriense é exemplo destas carências donde aquela ajuda podia ser factor decisivo para o seu desenvolvimento. O preconizado museu do Douro, recentemente relembrado por um seu filho e notável contista, devia ser objecto de estudo da própria Casa do Douro e a Secretaria de Estado da Informação e Turismo conceder-lhe toda a ajuda.
Terá imensos motivos inéditos, e conservá-los no futuro é não só louvável, como absolutamente necessário.
No Norte e no interior das Beiras e de Trás-os-Montes pouco ou nada a Secretaria de Estado da Informação e Turismo tem feito se o compararmos com os dispêndios em outras zonas do País.
Na verdade, não temos areias do mar, nem clima ameno na estação do Inverno, nem boítes, mas também temos uma invejada riqueza artística e paisagística, uma culinária sã e regional, frutas e vinhos ímpares no mercado e no Mundo, a tranquilidade e beleza da natureza, a docilidade dos espíritos, a afabilidade dos naturais, todas as virtualidades que fizeram grande esta nossa Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E há muitos milhares de turistas que estão cansados daquela vida mundana e preferem esta e não a gozam por um total desconhecimento.
Todavia, poderão alguns responder às justas lamentações do ignorado representante de uma das terras do Norte e do interior: continuareis a pronunciá-las como fatalidade do destino.
Mesmo que assim fosse, o que não cremos, sentiríamos mais coragem para continuar a defender o que é genuinamente nacional e a contribuir para a sua valorização, na esperança de que se faça, como português de notáveis méritos e sentiu, «finalmente sair da sombra, na sua tumultuosa majestade, o magnífico panorama da nossa civilização».

Vozes: - Muito bem!